domingo, 28 de fevereiro de 2010
PASSO-POEMA
inspirado em uma frase de Beatriz Bajo
""Que passo-poema é esse onde um pé se levanta e o outro ainda não tocou o chão?""
PASSO-POEMA
LEVANTA O PÓ DAS PALAVRAS
ESPANA TODAS AS LETRAS
AS QUE FICARAM
NO CAMINHO DAS FRASES
E AS OUTRAS
QUE ATRAVESSARAM
AS BORDAS DAS PÁGINAS
PASSO-POEMA
VALE SEMPRE A PENA
O MERGULHO NO TINTEIRO
PARA SE DILUIR
E VOLTAR INTEIRO
NO PISO DO PAPEL
PASSO-POEMA
MESMO SEM UM TEMA DEFINIDO
VERSEJAR É ESCALAR
O DESCONHECIDO
É SUBIR ÁS CEGAS
A ESCADA QUE ESCONDE QUEDAS
POR ONDE ESCORREGAM OS SENTIDOS
E AINDA NÃO SENTIDOS
OS CONSENTIDOS
PASSO-POEMA EM CADA DEGRAU
VERDADEIRO OU FALSO
PLATAFORMA RÍGIDA OU CADAFALSO
ENFORCA-SE NAS CORDAS
DOS VERSOS SUÍCIDAS.
Carlos Gutierrez
""Que passo-poema é esse onde um pé se levanta e o outro ainda não tocou o chão?""
PASSO-POEMA
LEVANTA O PÓ DAS PALAVRAS
ESPANA TODAS AS LETRAS
AS QUE FICARAM
NO CAMINHO DAS FRASES
E AS OUTRAS
QUE ATRAVESSARAM
AS BORDAS DAS PÁGINAS
PASSO-POEMA
VALE SEMPRE A PENA
O MERGULHO NO TINTEIRO
PARA SE DILUIR
E VOLTAR INTEIRO
NO PISO DO PAPEL
PASSO-POEMA
MESMO SEM UM TEMA DEFINIDO
VERSEJAR É ESCALAR
O DESCONHECIDO
É SUBIR ÁS CEGAS
A ESCADA QUE ESCONDE QUEDAS
POR ONDE ESCORREGAM OS SENTIDOS
E AINDA NÃO SENTIDOS
OS CONSENTIDOS
PASSO-POEMA EM CADA DEGRAU
VERDADEIRO OU FALSO
PLATAFORMA RÍGIDA OU CADAFALSO
ENFORCA-SE NAS CORDAS
DOS VERSOS SUÍCIDAS.
Carlos Gutierrez
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Desperado ( Tradução)
Desperado
Fora da lei, por que você não cai em si?
Você vem construindo barreiras por tanto tempo
Ah você é difícil de lhe dar
Mas eu sei que você tem seus motivos
Essas coisas que lhe agradam podem de algum jeito te ferir
Não tire a Dama de Ouros, cara
Ela vai te derrotar se ela puder
Você sabe que a Dama de Copas é sempre sua melhor aposta
Agora me parece que algumas coisas boas estão dispostas em sua mesa
Mas você só quer aquela que não pode ter
Fora da lei, você não está ficando mais jovem
Sua dor e sua ambição estão te levando pra casa
Liberdade, ah a liberdade, são apenas as pessoas falando
Você é um prisioneiro andando por esse mundo sozinho
Você não sente esfriar no inverno?
O céu não vai nevar e o sol não vai brilhar
É difícil distinguir a noite do dia
Você está perdendo todos os seus altos e baixos
Não é engraçado como o sentimento vai embora?
Fora da lei, por que você não cai em si?
Desfaz as barreiras e abre a porta
Pode estar chovendo, mas há um arco-íris acima de você
Melhor você deixar alguém te amar...
Melhor você deixar alguém te amar antes que seja tarde demais
Rebeca Simas Figueirêdo
Fora da lei, por que você não cai em si?
Você vem construindo barreiras por tanto tempo
Ah você é difícil de lhe dar
Mas eu sei que você tem seus motivos
Essas coisas que lhe agradam podem de algum jeito te ferir
Não tire a Dama de Ouros, cara
Ela vai te derrotar se ela puder
Você sabe que a Dama de Copas é sempre sua melhor aposta
Agora me parece que algumas coisas boas estão dispostas em sua mesa
Mas você só quer aquela que não pode ter
Fora da lei, você não está ficando mais jovem
Sua dor e sua ambição estão te levando pra casa
Liberdade, ah a liberdade, são apenas as pessoas falando
Você é um prisioneiro andando por esse mundo sozinho
Você não sente esfriar no inverno?
O céu não vai nevar e o sol não vai brilhar
É difícil distinguir a noite do dia
Você está perdendo todos os seus altos e baixos
Não é engraçado como o sentimento vai embora?
Fora da lei, por que você não cai em si?
Desfaz as barreiras e abre a porta
Pode estar chovendo, mas há um arco-íris acima de você
Melhor você deixar alguém te amar...
Melhor você deixar alguém te amar antes que seja tarde demais
Rebeca Simas Figueirêdo
Desperado
Desperado
Desperado why don't you come to your senses
You been out ridin' fences for so long now
Oh, you're a hard one
But I know that you've got your reasons
These things that are pleasin' you can hurt you somehow
Don't you draw the queen of diamonds, boy
She'll beat you if she's able
You know the queen of hearts is always your best bet
Now it seems to me some fine things have been laid upon your table
But you only want the ones that you can't get
Desperado, oh you ain't gettin' no younger
Your pain and your hunger they're drivin' you home
Freedom, Ah freedom that's just some people talkin'
You're prisoners walkin' through this world all alone
Don't your feet get cold in the wintertime
The sky won't snow and the sun won't shine
It's hard to tell the night time from the day
You're losin' all your highs and lows
Ain't it funny how the feelin' goes away
Desperado why don't you come to your senses
Come down from your fences and open the gate
It may be rainin' but there's a rainbow above you
You better let somebody love you
You better let somebody love you before it's too late
Desperado why don't you come to your senses
You been out ridin' fences for so long now
Oh, you're a hard one
But I know that you've got your reasons
These things that are pleasin' you can hurt you somehow
Don't you draw the queen of diamonds, boy
She'll beat you if she's able
You know the queen of hearts is always your best bet
Now it seems to me some fine things have been laid upon your table
But you only want the ones that you can't get
Desperado, oh you ain't gettin' no younger
Your pain and your hunger they're drivin' you home
Freedom, Ah freedom that's just some people talkin'
You're prisoners walkin' through this world all alone
Don't your feet get cold in the wintertime
The sky won't snow and the sun won't shine
It's hard to tell the night time from the day
You're losin' all your highs and lows
Ain't it funny how the feelin' goes away
Desperado why don't you come to your senses
Come down from your fences and open the gate
It may be rainin' but there's a rainbow above you
You better let somebody love you
You better let somebody love you before it's too late
Verão
VOU ME ADAPTAR À TÓRRIDA ESTAÇÃO
USAR UM LINDO CHAPÉU PANAMÁ
FINÍSSIMA PALHA PRÁ PROTEGER
A MINHA CABEÇA E OS MEUS INQUIETOS PENSAMENTOS
NÃO POSSO ESQUECER DE APLICAR
O PROTETOR SOLAR EM TODA A MINHA PELE
PRÁ REBATER OS RAIOS ULTRA-VIOLETAS
O SOL NÃO É BRINCADEIRA
NÃO É SÓ LUMINOSIDADE
ATRÁS DOS MEUS ÓCULOS ESCUROS
LEGÍTIMOS RAYBAN
EU POSSO OLHAR COM TODO APURO
E SEM RECEIOS O QUE TANTO PROCURO...
O SOL SEMPRE SERÁ MAIOR DO QUE EU
E VAI CRESCER MAIS DO QUE PROMETEU
ATÉ QUE OS MEUS OLHOS FIQUEM CEGOS
ENTÃO ESCORREGO O MEU CORPO EM SEU CASTELO DE AREIA
E VOCÊ IRPA PERDOAR A MINHA FALTA DE VISÃO
E ACHAR NORMAL O TOPLESS DA IMAGINAÇÃO...
O VERÃO
BRONZEIA O CORPO
SEREIA OS PENSAMENTOS
TRAZ TANTA PREGUIÇA
COBIÇA UMA ÁGUA DE CÔCO
UM SORVETE DE LIMÃO
OMA PRANCHA DE SURF
UMA PAISAGEM DE LYCRA
UMA ONDA QUE ENCOSTE NO CÉU
SOB O ALVO VÉU DA ESPUMA
ARRUMA UM GUARDA-SOL
ESCUTE O SEGREDO DE UM CARAMUJO
OLHE A MINHA BERMUDA
E SE VOCÊ... NÃO GOSTAR EU FUJO
PARA OUTRO TSUNAMI...
Carlos Gutierrez
USAR UM LINDO CHAPÉU PANAMÁ
FINÍSSIMA PALHA PRÁ PROTEGER
A MINHA CABEÇA E OS MEUS INQUIETOS PENSAMENTOS
NÃO POSSO ESQUECER DE APLICAR
O PROTETOR SOLAR EM TODA A MINHA PELE
PRÁ REBATER OS RAIOS ULTRA-VIOLETAS
O SOL NÃO É BRINCADEIRA
NÃO É SÓ LUMINOSIDADE
ATRÁS DOS MEUS ÓCULOS ESCUROS
LEGÍTIMOS RAYBAN
EU POSSO OLHAR COM TODO APURO
E SEM RECEIOS O QUE TANTO PROCURO...
O SOL SEMPRE SERÁ MAIOR DO QUE EU
E VAI CRESCER MAIS DO QUE PROMETEU
ATÉ QUE OS MEUS OLHOS FIQUEM CEGOS
ENTÃO ESCORREGO O MEU CORPO EM SEU CASTELO DE AREIA
E VOCÊ IRPA PERDOAR A MINHA FALTA DE VISÃO
E ACHAR NORMAL O TOPLESS DA IMAGINAÇÃO...
O VERÃO
BRONZEIA O CORPO
SEREIA OS PENSAMENTOS
TRAZ TANTA PREGUIÇA
COBIÇA UMA ÁGUA DE CÔCO
UM SORVETE DE LIMÃO
OMA PRANCHA DE SURF
UMA PAISAGEM DE LYCRA
UMA ONDA QUE ENCOSTE NO CÉU
SOB O ALVO VÉU DA ESPUMA
ARRUMA UM GUARDA-SOL
ESCUTE O SEGREDO DE UM CARAMUJO
OLHE A MINHA BERMUDA
E SE VOCÊ... NÃO GOSTAR EU FUJO
PARA OUTRO TSUNAMI...
Carlos Gutierrez
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
A HORA ANTES DO AMANHECER
A Hora Antes do Amanhecer
Joe Nunes
própicia para dissolver o sonho
que logo vai se esquecer
o sonho de vida breve
igual à uma borboleta
e a parafina da vela
A hora antes do amanhecer
a hora do sono mais aconchegante
do sonho mais profundo e delirante
a hora que a gente deseja mais que demore
a hora que chora mais compulsivamente
e agarra os segundos com mais força e desespero
a hora que implora mais tempo ao travesseiro
a hora antes do amanhecer
onde me vestirei de negro outra vez
a hora antes do que ainda não se fez
a hora incerta a hora que pode estar fora
do seu tempo e ser apenas um lamento
ou talvez
Carlos Gutierrez
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
TABACARIA
o MELHOR POEMA QUE EU JÁ LI
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Alvaro de Campos
o meu heterônimo preferido de Fernando Pessoa
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Alvaro de Campos
o meu heterônimo preferido de Fernando Pessoa
Insôsso
A maionese não tem gosto de nada
o ketchup não tem gosto de nada
o pão é puro bromato
o queijo não se estica pelas bordas
o suco de laranja é apenas ácido
tudo lembra papel e plástico
e todo o tempo é descartável
nem um guardanapo com um poema apressado
pode ser guardado na lembrança
tudo se resseca antes de chegar aos lábio
antes de entrar na boca
e atiçar a garganta prá declarar
algo...salgo as batatas fritas...
mesmo assim parecem enjoativos suspiros
que raspam os lábios emotivos
o refrigerante não tem gosto de nada
sem gás não borbulha
e nem se orgulha de um arroto discreto
a lanchonete está vazia...
a mesa está fria
o mármore gelado
os olhos machucados
por imagens
fugas recentes
a camisa se encontra displicente
aberta como se quizesse mostrar
tudo que ainda é latente
e se esconde dentro do coração
o copo está vazio
a garçonete já encerrou o seu expediente
e o dono da lanchonete
quase se esqueceu
que eu ainda ouvia
a música da ultima ficha...
Carlos Gutierrez
o ketchup não tem gosto de nada
o pão é puro bromato
o queijo não se estica pelas bordas
o suco de laranja é apenas ácido
tudo lembra papel e plástico
e todo o tempo é descartável
nem um guardanapo com um poema apressado
pode ser guardado na lembrança
tudo se resseca antes de chegar aos lábio
antes de entrar na boca
e atiçar a garganta prá declarar
algo...salgo as batatas fritas...
mesmo assim parecem enjoativos suspiros
que raspam os lábios emotivos
o refrigerante não tem gosto de nada
sem gás não borbulha
e nem se orgulha de um arroto discreto
a lanchonete está vazia...
a mesa está fria
o mármore gelado
os olhos machucados
por imagens
fugas recentes
a camisa se encontra displicente
aberta como se quizesse mostrar
tudo que ainda é latente
e se esconde dentro do coração
o copo está vazio
a garçonete já encerrou o seu expediente
e o dono da lanchonete
quase se esqueceu
que eu ainda ouvia
a música da ultima ficha...
Carlos Gutierrez
HIGÍENE
Tomar um longo banho
pensando que estoU com você
debaixo de uma cachoeira
ou dentro da mais moderna banheira
Um banho quente
ofurô
sais de banho
pode deixar que eu apanho
o sabonete que escorregou
Passe um pouco da sua oleosidade
na secura da minha pele
que expele e expõe as minhas vontades
que se perdem pelos ralos
Esfregue em minhas costas
a bucha natural e reciclável
Esfregue a sua mão confortável
prolongue a ducha
que a vida é bucha é bucha...
sucção de sentimentos
jorros de lamentos
em torneiras intermitentes
A água da caixa acabou
espumas ainda flutuam
Pegue a toalha e se enxugue primeiro
prá deixar o seu doce cheiro
em meu corpo tão insôsso
Hidrate os meus pensamentos
Faz um cafuné em meus cabelos molhado
e me beije ardentemente
mais do que o vapor de um desodorante
quando espalha pelas axilas
o seu cítrico perfume...
fala que você me ama!
e complete a minha higíene!
Carlos Gutierrez
pensando que estoU com você
debaixo de uma cachoeira
ou dentro da mais moderna banheira
Um banho quente
ofurô
sais de banho
pode deixar que eu apanho
o sabonete que escorregou
Passe um pouco da sua oleosidade
na secura da minha pele
que expele e expõe as minhas vontades
que se perdem pelos ralos
Esfregue em minhas costas
a bucha natural e reciclável
Esfregue a sua mão confortável
prolongue a ducha
que a vida é bucha é bucha...
sucção de sentimentos
jorros de lamentos
em torneiras intermitentes
A água da caixa acabou
espumas ainda flutuam
Pegue a toalha e se enxugue primeiro
prá deixar o seu doce cheiro
em meu corpo tão insôsso
Hidrate os meus pensamentos
Faz um cafuné em meus cabelos molhado
e me beije ardentemente
mais do que o vapor de um desodorante
quando espalha pelas axilas
o seu cítrico perfume...
fala que você me ama!
e complete a minha higíene!
Carlos Gutierrez
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
voltas?
me deixaste, curumim.
foste embora, com suas pernas e outras.
foste embora, curupira, com seus pés virados pra mim.
o chão não toca seus pés... são eles que o tocam.
"onde é que você some? que horas você volta?"
sua voz carregou-me pra dentro da mata...
me roubaste o coração, anjo.
ladrilhou a rua?
me enganas com as canções?
sei que não...
dormes em mim, grandes olhos.
mas ficas por lá, por fora da cama, na varanda, olhando as vestes, as grandes vagas.
ficas na rua, nas camas, nas casas.
mas voltas, com seu cheiro.
deitas na cama, em silêncio.
e choro a falta, o frio.
e então acordas feliz,
musicando palavras que fiz,
e tudo vira um só.
viramos nós e eu.
Bruna Moraes
http://bruxovis.blogspot.com/
foste embora, com suas pernas e outras.
foste embora, curupira, com seus pés virados pra mim.
o chão não toca seus pés... são eles que o tocam.
"onde é que você some? que horas você volta?"
sua voz carregou-me pra dentro da mata...
me roubaste o coração, anjo.
ladrilhou a rua?
me enganas com as canções?
sei que não...
dormes em mim, grandes olhos.
mas ficas por lá, por fora da cama, na varanda, olhando as vestes, as grandes vagas.
ficas na rua, nas camas, nas casas.
mas voltas, com seu cheiro.
deitas na cama, em silêncio.
e choro a falta, o frio.
e então acordas feliz,
musicando palavras que fiz,
e tudo vira um só.
viramos nós e eu.
Bruna Moraes
http://bruxovis.blogspot.com/
Mais um Dia
ACORDEI CEDO
AZEDO
COM UM DEMORADO
BOCEJO DE PREGUIÇA
ALONGUEI OS DEDOS
OS OSSOS
REFIZ O MEU ESQUELETO
RELAXEI OS OMBROS
BRIGUEI COM O TRAVESSEIRO
TORÇI O LENÇOL
E ERREI OS CHINELOS
ACORDEI CEDO
VOU FAZER O CAFÉ
DESPERTAR SEM MEDO
TENTAR SER MAIS CALMO
TENTAR SER MAIS DOCE
NÃO PROCURAR NADA
NA RUA NA CALÇADA
FICAR APENAS COM O QUE A VIDA ME TROUXE
E OS VENTOS FUTUROS
HOJE VOU DORMIR TARDE
PORQUE SONHO COVARDE
E TEMO A SUA PROCURA
Carlos Gutierrez
AZEDO
COM UM DEMORADO
BOCEJO DE PREGUIÇA
ALONGUEI OS DEDOS
OS OSSOS
REFIZ O MEU ESQUELETO
RELAXEI OS OMBROS
BRIGUEI COM O TRAVESSEIRO
TORÇI O LENÇOL
E ERREI OS CHINELOS
ACORDEI CEDO
VOU FAZER O CAFÉ
DESPERTAR SEM MEDO
TENTAR SER MAIS CALMO
TENTAR SER MAIS DOCE
NÃO PROCURAR NADA
NA RUA NA CALÇADA
FICAR APENAS COM O QUE A VIDA ME TROUXE
E OS VENTOS FUTUROS
HOJE VOU DORMIR TARDE
PORQUE SONHO COVARDE
E TEMO A SUA PROCURA
Carlos Gutierrez
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Ainda Reluz
Ainda reluz
os anos dourados
nos anos rebeldes
No mesmo baile do porão
na profusão
de luzes negras e estroboscópicas
convivem em harmonia
na sintonia da juventude
baladas românticas
com rocks eufóricos
Cubas libres
Ginger Alle
Whisky on the rocks
cow-boy ou Jonhy Rivers a go-go
Ainda reluz!!!
Sinto a pele do seu rosto colada ao meu em alvoroço
com o gosto de milk shak e frapê
e ainda ouço doce as vozes de Connie Francis
Brenda Lee...Celly Campello...
o gel no cabelo tentando grudar a sua lembrança...
ainda reluz os anos dourados...
o ânimo apressadoa vontade indômita de descobrir
Vestir o ainda engomado jeans
a jaqueta de coura em cima da blusa de cachemir
em noites frias ouvir cantadas de pneus
em ruas livres das madrugadas
e viver como se a infãncia fôsse recente
polaroides que não amareleceram...
A solidão era algo tão improvável
tantos amigos e demasiados sábados...
anos dourados filtrados pelos rádios
The Beatles The Rolling Stones
válvulas vulneráveis
desenhos fantásticos
arremessos de bolinhas de papel e elásticos
suas experiências visuais
seu cabelo ora chanel ora espevitado
vamos acompanhar o seriado
se os nossos lábios deixarem..,
se os drops edulcorados
sobreviverem ao The End
da matiné agitada!
Ainda reluz...
ultrapassou os anos de chumbo...
os anos alienados...
na lãmapada amarela e fraca do meu quarto
imagens de ruas não violentas
de muros confessionais...
eu quero mais é lembrar
do gosto que os lanches não tem mais
das frutas não encharcadas de inseticida
das bebidas não adulteradas
das colõnias adolescentes
do barulho dos trens
e encantos das paisagens
dos pick- ups e negros vinis
a vida por um triz
numa Corvette vermelha intrépida na Route 66
eu me lembro...
da voz fanhosa de Dylan
das suas cortantes melodias
e as suas letras profundas e compridas
que eu ainda não entendis
das baforadas dos cigarros
que eu não me arrependo...
ainda reluz...eu me surpreendo
mas porisso mesmo
é que eu continuo vivendo!
Ainda reluz!!!
em minha mente
fragmentos brilhantes do passado
alguns lampejos do presente
momentos poéticos
divagações prementes
e o meu futuro,,,ah o meu futuro..se ainda o terei
só a você pertence!!!
Carlos Gutierrez
os anos dourados
nos anos rebeldes
No mesmo baile do porão
na profusão
de luzes negras e estroboscópicas
convivem em harmonia
na sintonia da juventude
baladas românticas
com rocks eufóricos
Cubas libres
Ginger Alle
Whisky on the rocks
cow-boy ou Jonhy Rivers a go-go
Ainda reluz!!!
Sinto a pele do seu rosto colada ao meu em alvoroço
com o gosto de milk shak e frapê
e ainda ouço doce as vozes de Connie Francis
Brenda Lee...Celly Campello...
o gel no cabelo tentando grudar a sua lembrança...
ainda reluz os anos dourados...
o ânimo apressadoa vontade indômita de descobrir
Vestir o ainda engomado jeans
a jaqueta de coura em cima da blusa de cachemir
em noites frias ouvir cantadas de pneus
em ruas livres das madrugadas
e viver como se a infãncia fôsse recente
polaroides que não amareleceram...
A solidão era algo tão improvável
tantos amigos e demasiados sábados...
anos dourados filtrados pelos rádios
The Beatles The Rolling Stones
válvulas vulneráveis
desenhos fantásticos
arremessos de bolinhas de papel e elásticos
suas experiências visuais
seu cabelo ora chanel ora espevitado
vamos acompanhar o seriado
se os nossos lábios deixarem..,
se os drops edulcorados
sobreviverem ao The End
da matiné agitada!
Ainda reluz...
ultrapassou os anos de chumbo...
os anos alienados...
na lãmapada amarela e fraca do meu quarto
imagens de ruas não violentas
de muros confessionais...
eu quero mais é lembrar
do gosto que os lanches não tem mais
das frutas não encharcadas de inseticida
das bebidas não adulteradas
das colõnias adolescentes
do barulho dos trens
e encantos das paisagens
dos pick- ups e negros vinis
a vida por um triz
numa Corvette vermelha intrépida na Route 66
eu me lembro...
da voz fanhosa de Dylan
das suas cortantes melodias
e as suas letras profundas e compridas
que eu ainda não entendis
das baforadas dos cigarros
que eu não me arrependo...
ainda reluz...eu me surpreendo
mas porisso mesmo
é que eu continuo vivendo!
Ainda reluz!!!
em minha mente
fragmentos brilhantes do passado
alguns lampejos do presente
momentos poéticos
divagações prementes
e o meu futuro,,,ah o meu futuro..se ainda o terei
só a você pertence!!!
Carlos Gutierrez
domingo, 14 de fevereiro de 2010
sábado, 13 de fevereiro de 2010
GRENÁ
Grená!
uma granada!
um sorriso intacto!
um artefsto do arsenal dos seus encantos
que são tantos!
Grená
uma cor maravilhosa
que combina em polvorosa
com a sua beleza vaporosa!
Mesmo quando eu não lhe vejo
sinto o seu perfume
nos ares das saudades!
Maravilhosa invisível blindagem
Simulacros de sonhos e viagens
Sensação de estar dentro de uma acochegante taberna
com as suas paredes róseas
e taças brilhantes!
Grená qual o uniforme do Juventus e do Torino
que deixa o verde gramado desesperado de inveja!
Grená uma cor à altura e ao esplendor
da sua beleza que faz até tremer a mesa
e ranger as portas da taberna!
Carlos Gutierrez
uma granada!
um sorriso intacto!
um artefsto do arsenal dos seus encantos
que são tantos!
Grená
uma cor maravilhosa
que combina em polvorosa
com a sua beleza vaporosa!
Mesmo quando eu não lhe vejo
sinto o seu perfume
nos ares das saudades!
Maravilhosa invisível blindagem
Simulacros de sonhos e viagens
Sensação de estar dentro de uma acochegante taberna
com as suas paredes róseas
e taças brilhantes!
Grená qual o uniforme do Juventus e do Torino
que deixa o verde gramado desesperado de inveja!
Grená uma cor à altura e ao esplendor
da sua beleza que faz até tremer a mesa
e ranger as portas da taberna!
Carlos Gutierrez
ÓCIO DÓCIL
Pensamentos! sonhos! convergem...
sinais de afeto também...
Partilhas de silêncio...
e nos assustamos com as nossas próprias reações: ímpetos e medos..
A espuma testemunha...
contemplações recíprocas...
o levitar que os tornam plumas...
o sangue que dissolve desejos...
quando estamos sós é que percebemos toda a dor da ausência...
e desnudamos todos os sentimentos tangíveis ou intangíveis...
e injetamos oceanos em nossos sonhos...
respeito às divergências...
e se redime em puras confissões...
e se estabiliza em carícias
e debruçamos sobre todas as lembranças possíveis...
e gravamos os mais imprevisíveis adornos...
a ternura desliza em muitos momentos da vida...
ainda bem que se tem esse tempo de ócio tão dócil...
e podemos flutuar livremente.
depois do alvoroço de um encontro...a pausa que causa a depuração...
na formação e fixação de imagens simultâneas...
morte e vida! declínio e poder...
Carlos Gutierrez
Ilustração- Lorenzo Mattotti
sinais de afeto também...
Partilhas de silêncio...
e nos assustamos com as nossas próprias reações: ímpetos e medos..
A espuma testemunha...
contemplações recíprocas...
o levitar que os tornam plumas...
o sangue que dissolve desejos...
quando estamos sós é que percebemos toda a dor da ausência...
e desnudamos todos os sentimentos tangíveis ou intangíveis...
e injetamos oceanos em nossos sonhos...
respeito às divergências...
e se redime em puras confissões...
e se estabiliza em carícias
e debruçamos sobre todas as lembranças possíveis...
e gravamos os mais imprevisíveis adornos...
a ternura desliza em muitos momentos da vida...
ainda bem que se tem esse tempo de ócio tão dócil...
e podemos flutuar livremente.
depois do alvoroço de um encontro...a pausa que causa a depuração...
na formação e fixação de imagens simultâneas...
morte e vida! declínio e poder...
Carlos Gutierrez
Ilustração- Lorenzo Mattotti
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Girl of My Dreams
Penso em você
24 noras por dia
O que você fes em meu ser
por que ele tanto assim se fideliza?
não é dificil saber
basta lhe ver e absorver
a sua beleza externa
e a sua alma serena
Agora eu já durmo em paz
e acordo bocejando um sonho
que me traz
ânimo prá enfrentar o dia que nasce
com todas as suas possibilidades
Oh! garota dos meus sonhos
meu ser se fideliza
e não se escraviza
e se liberta em versos
nos mais puros manifestosde sentimentos
Oh! garota dos meus sonhos
que vem oblíqua em minhas noites
e apruma as minhas madrugadas
com o frescor de orvalhos
e carícias de plumas!
Carlos Gutierrez
24 noras por dia
O que você fes em meu ser
por que ele tanto assim se fideliza?
não é dificil saber
basta lhe ver e absorver
a sua beleza externa
e a sua alma serena
Agora eu já durmo em paz
e acordo bocejando um sonho
que me traz
ânimo prá enfrentar o dia que nasce
com todas as suas possibilidades
Oh! garota dos meus sonhos
meu ser se fideliza
e não se escraviza
e se liberta em versos
nos mais puros manifestosde sentimentos
Oh! garota dos meus sonhos
que vem oblíqua em minhas noites
e apruma as minhas madrugadas
com o frescor de orvalhos
e carícias de plumas!
Carlos Gutierrez
LACRE
LACRE
SIMULACRE
COM A LACA
A RESINA NEGRA
E BRILHANTE
A SUA VIDA
POR UM INTANTE
E DESACATE
TRINQUE A CASCA
QUE A ENVOLVE
A CASCA...A CASCA...
TASCA
COM SUAS MÃOS
CARRASCAS
LACRE
A SUA VERDADE
MESMO SE FOR ACRE
O GOSTO
SE CAUSAR UM BAQUE
NOS OSSOS
LACRE
SIMULACRE
OS SEUS SONHOS
LÍRICOS TRAQUES
INOCENTES TRUQUES
FIQUE NOS TRINQUES
BRINQUE
PARA SER FELIZ UM POUCO
E SE AINDA SOBRAR
ME DEIXE UMAS MIGALHAS
CASCAS SUSPENSAS
NO AR
Carlos Gutierrez
SIMULACRE
COM A LACA
A RESINA NEGRA
E BRILHANTE
A SUA VIDA
POR UM INTANTE
E DESACATE
TRINQUE A CASCA
QUE A ENVOLVE
A CASCA...A CASCA...
TASCA
COM SUAS MÃOS
CARRASCAS
LACRE
A SUA VERDADE
MESMO SE FOR ACRE
O GOSTO
SE CAUSAR UM BAQUE
NOS OSSOS
LACRE
SIMULACRE
OS SEUS SONHOS
LÍRICOS TRAQUES
INOCENTES TRUQUES
FIQUE NOS TRINQUES
BRINQUE
PARA SER FELIZ UM POUCO
E SE AINDA SOBRAR
ME DEIXE UMAS MIGALHAS
CASCAS SUSPENSAS
NO AR
Carlos Gutierrez
Passos e Percalços
talvez eu seja a flor dos seus sonhos
despetalada em desejos proibidos
inibidos de espressar o que sinto!!!
jamais iriam me entender
tenho que me precaver...
me esconder e usar esse disfarçe...
essa capa escura
para ir à sua procura
des´rovida de qualquer armadura
tento alimentar-me apenas de ilusões,
reflexos de desejos ousados
jamais concretizados!
tenho que suportar esses meus vícios
que cada vez mais me comprometem
e premetem acabar comigo!!!
me entender? ás vezes nem eu consigo!
a unica coisa que tenho certeza na vida
é que existo e não resisto em ficar sem você!
seu corpo é meu labirinto de prazeres!!!
Apenas conceda me um unico desejo...
que tanto almejo!
afogar-me em seu beijo...
quero embriagar-me em teus braços e,
em um sono profundo, entrar em seu mundo
tomar e emxertar de sua alma
sem medo de uma profunda ressaca de tristeza
quando tiver a certeza que não o terei novamente!
aí calçarei os sapatos apertados da realidade
com todos os seus percalços
depois de sentir-me livre
segura de todos os passos
com os meus pés deliciosamente descalços
Keila Lorrainy
Ilustração - Lorenzo Mattotti
despetalada em desejos proibidos
inibidos de espressar o que sinto!!!
jamais iriam me entender
tenho que me precaver...
me esconder e usar esse disfarçe...
essa capa escura
para ir à sua procura
des´rovida de qualquer armadura
tento alimentar-me apenas de ilusões,
reflexos de desejos ousados
jamais concretizados!
tenho que suportar esses meus vícios
que cada vez mais me comprometem
e premetem acabar comigo!!!
me entender? ás vezes nem eu consigo!
a unica coisa que tenho certeza na vida
é que existo e não resisto em ficar sem você!
seu corpo é meu labirinto de prazeres!!!
Apenas conceda me um unico desejo...
que tanto almejo!
afogar-me em seu beijo...
quero embriagar-me em teus braços e,
em um sono profundo, entrar em seu mundo
tomar e emxertar de sua alma
sem medo de uma profunda ressaca de tristeza
quando tiver a certeza que não o terei novamente!
aí calçarei os sapatos apertados da realidade
com todos os seus percalços
depois de sentir-me livre
segura de todos os passos
com os meus pés deliciosamente descalços
Keila Lorrainy
Ilustração - Lorenzo Mattotti
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