quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Jack

um Jack amigo
líquido abrigo
um solo antigo
alguns acordes
e tudo que faça ainda lembrar
e estar presente
em recordes e recordes
duas palavras iguais
com significados diferentes
um Jack amigo
dentro de um ambiente
predominantemente negro
com alguns tons vermelhos
pistas de sangue de cravos
ou de pulsos testados
em contraste com o ouro delicado
resguardado no negro recipiente
ainda inocente e sem contatos
um Jack amigo
guardado para horas ainda mais difíceis
para versos que eu ainda não pude perceber
Carlos Roberto Gutierrez

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Fantasma Brasil: EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL - 2018

Fantasma Brasil: EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL - 2018: CRÉDITO: SABINO EDIÇÃO DE NATAL O scan desta edição foi especialmente preparada como presente de final de ano, a todos os n...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Põe um Som

SILENCIO
DURANTE MUITO TEMPO
NÃO É NADA BOM
PÕE UM SOM
NESSE AMBIENTE
DOLENTE E ANGUSTIANTE
PÕE UMA CORDA QUE NÃO ENFORCA
PÕE UMA TECLA QUENTE QUE ACARICIA
PÕE UM METAL QUE METABOLIZA
TODOS OS SENTIDOS
PÕE UM VINIL SOBRE O PICK UP
E QUE ELE APENAS ESCAPE EM SONS
SANGUE SONORO QUE CIRCULA
NO CORPO NEGRO E REDONDO
PÕE UM SOM
EM SUA SOLIDÃO
UM ROUXINOL EM SEUS OUVIDOS
LIBERE O PÁSSARO PRESO DA SUA GARGANTA
PÕE UM SOM
DANCE SOZINHO
OU COM A VASSOURA
CANTE E ENCANTE
O PRÓPRIO CHUVEIRO
PARA ELE SE SENTIR
MAIS QUE UM INTIMO CHAFARIZ
UM SAX QUE ESPIRRA LÁGRIMAS
PÕE UM SOM
NO FILME MUDO DOS SEUS PENSAMENTOS

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POIMAGEM

LÍRICA
LÚDICA
LIVRE
                           Edward Munchen 

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Diário

um diário
para valorizar
cada dia vivido
prá qualquer dia 
ordinário
ou extraordinário
um diário
prá ser itinerário
meta objetivo
ou prá ser panfletário
rebeldia
um diário
para registrar os fatos
os sonhos
prá ser um roteiro
ou mesmo um modesto cenário
um diário
prá represar o passado
e abrir as comportas do futuro

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

FRESCA

poesia : invenção

"FRESCA"

Sinto me estranho
ovelha negra no rebanho
A mobília tão pesada
cadeira quebrada
sofá mofado
estante escangalhada
uma janela semi aberta
não sei se chora
ou dá risada
quando explora
a paisagem de dentro
olhando de fora
Ar abafado e insuportável
Tudo contaminado
ácaros pulgas do passado
ainda pulando
com os carrapatos do presente
em palpos de aranhas
Preciso sair! fugir!
Preciso de uma "fresca"
que traga um novo perfume
que arrume o meu jardim interior
Um Bom Ar todo o frescor
um novo elixir
em frasco aerosol ou lingerie
que faça eu partir com tudo
com o vigor do meu coração colibri
Não tenho nada a perder!
Quero reviver a juventude
com tudo que ela ilude
o poço e a plenitude
a colônia e o Detefon
nesse frigir do frágil tempo
com sonhos que mudem
a mediocridade da realidade

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Imaginário

Imaginário
O que pode o imaginário
tocar uma imagem projetada
ouvir segredos de alguém que não fala
mas só escreve e prepara
situações e cenários?
O que pode o imaginário
formar um mosaico
com pedras gasosas
cacos incendiários
sem pesos aparentes
arremessados por uma tela plana
sem elásticos
em um céu de mentiras nublado
em um pisca-pisca de estrelas?
O que pode o imaginário
revirar os pensamentos
e fazer manifestarmos os nossos inconscientes
e de repente forçar o espatifar
de um copo de cólera
ou revirar um lençol impregnado
de prazeres adormecidos
o que pode o imaginário
transformar um dia ordinário
em algo extraordinário
capaz de competir com um sonho?
O que pode o imaginário
sentir a seda da pele
com a lembrança de um sabor
escondido no baú da infância?
O que pode...pode...pode...
o que sacode a caixa de surpresas
dos nossos pensamentos
o achado por um feliz acaso
ou pela florada de antigas sementes
entrar no fole de um acordeão
e fugir para uma gare de trens
eternos de Londres?
O que pode o imaginário
concentrar a fumaça que devassa
os nossos recônditos desejos
pode trazer os paradoxos
como o longe para perto
o absurdo para o compreenssível
ou fazer do próximo
o deserto de ontem
o teto reversível de um sonho
que foge pelas janelas?
O que pode o imaginário
se não apenas ser mais um passageiro
clandestino do tempo
que não recusa
fuligens e ventos
folhas secas
e pétalas desmanchadas?
O que pode o imaginário
ser enfim um imenso jardim
de probabilidades!

Sartre por ele mesmo

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A Cerejeira

"A Cerejeira"
Tem esse poder
a cerejeira
de convergir
sobre ela
todas as belezas da natureza
e todos os frutos prestimosos
dos sentimentos
- a cereja é um coração redondo -
que se espalha e se multiplica
em galhos e lábios
o seu irresistível sabor fica
a cerejeira modifica a paisagem
e se identifica em cada promessa de amor
A cerejeira
traz desde a sua raiz
a paciência oriental
que a norteia
até o seu rosa florir
A cerejeira
tem essa delicadeza
essa brejeirice
esse ir e vir
até a rosa
consentir
violeta


Fidel

via GIPHY

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

All Star

UM ALL STAR
PRÁ ESTIMULAR
UM NOVO RUMO
ASSIM EU NÃO SUMO
E ASSUMO AVENTURAS
UM ALL STAR
PARA RITMAR
OS PASSOS
E AFASTAR PERCALÇOS
UMA ALL STAR PARA SER ROCK
E ATENUAR OS CHOQUES
E ASSIMILAR AS PEDRAS DE TOQUES
UM ALL ALL STAR PARA SER JAZZ
E IMPROVISAR NOVOS CAMINHOS
UM ALL STAR
NÃO DEIXA À MINGUA
E QUANDO MOSTRA A SUA LÍNGUA
NÃO É POR CANSAÇO OU DESCONFORTO
É SÓ PRÁ SE REBELAR
E PROCURA NOVAS ROTAS
E SER PIRATA EM SEU NAVIO OU BARCO
SER SEU MAR OU RIO OU PORTO

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Afinidades

TEMOS ALGO EM COMUM:
O AMOR ÀS ARTES
EM TODO O TEMPO E TODA PARTE
QUANDO VOCÊ VEM EM VERSOS
E EU VOLTO POESIA
QUANDO EU ESCULPO A SUA FACE
NA COREOGRAFIA DE UM SONHO
QUANDO EU OUÇO UMA MÚSICA
E ME ABANDONO EM TODA A SUA SAUDADE
QUANDO EU ME REBELO EM UM ROCK
E ENCONTRO A PAZ DO SEU JAZZ
OU VICE VERSA
TEMOS ALGO EM COMUM
QUANDO VOCÊ CONVERSA EU SILENCIO
TEMOS ALCÓOL EM COMUM
QUANDO VOCÊ É LICOR EU SOU CONHAQUE
PARA SENTIR ME FORTE DENTRO DESSA PAIXÃO
QUANDO VOCÊ É A ESPUMA DA CERVEJA
QUE TRANSBORDA POR TODA A BORDA
EU SOU UM ESPUMANTE DE AINDA UM TÍMIDO DESEJO
TEMOS ALGO EM COMUM
O VELADO TEMOR
AQUELE RUMOR
QUE BEBE TODA A DOR
NA RESSACA DAS HORAS
NAS PEDRAS DE GELO
QUE OLHAM COM MEDO
O ESPELHO DE UMA LAREIRA
TEMOS ALGO EM COMUM
TALVEZ MAIS QUE UM
TEMOS AFINIDADES
SÓ NOSSAS SAUDADES SABEM
poema em forma de afinidades

pintura LIma Jr

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Chet Baker

https://jornalggn.com.br/noticia/os-85-anos-de-chet-baker-uma-lenda-do-jazz?fbclid=IwAR0FmBH-B1Gm16Sq2uBtJ0O5tR1HiCTUmx58wN9WWgv_dP7hQaHjiPvL4DE

Chet Baker - My Funny Valentine

Fresca lembrança

LOGO DE MANHÃ
NO BOCEJO DA AURORA
NA RESSACA DAS HORAS
VEM A RECENTE E FRESCA LEMBRANÇA
DE UMA PELÍCULA NOIR E ROMÂNTICA
QUANTAS PROMESSAS ESCORRERAM
NOS BRAÇOS DAS POLTRONAS
DEPOIS DE UM HAPPY END
NADA SE ARREPENDE
E NEM OFENDE O AMBIENTE
SENTE QUE A LINGERIE É INOCENTE
E AS PIPOCAS DESPREZADAS
NÃO ESTALAM
MAS DORMEM CONTENTES


E SABER
QUE AINDA SE POSSA ESPAIRECER
ESPALHAR O SER
SORVER O PERFUME DE UM JARDIM
ABSORVER A LUZ NATURAL
TER UM BANCO DISPONÍVEL
AO NÍVEL DE NOSSO CANSAÇO
E DIMENSÃO DA SOLIDÃO
SENTAR NO BANCO E PODER
REUNIR LEMBRANÇAS ANTIGAS E RECENTES
VER O SEU ROSTO
ONDE CONCENTRA TODA A BELEZA E ENCANTO
IMAGEM FRESCA
ESPAIRECER ENFIM
ESQUECER
DO TRANSITO CAÓTICO
DAS FILAS EM PROFUSÃO
DOS CAIXAS ELETRÔNICOS
DOS JOGOS DAS LOTÉRICAS
VER QUE AS PEDRAS AINDA ESTÃO POLIDAS NO CHÃO
E CONVENCER OS MEUS OLHOS
DE UMA VEZ POR TODAS POR TUDO
QUE QUEM EU AMO
É AQUELA QUE SAIU DA TELA
DO FILME MUDO
E PROVOCOU UMA CHUVA REFRESCANTE
EM MINHA PAISAGEM INTERIOR


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terça-feira, 20 de março de 2018

Mais Um Dia

mais um dia
daqueles dias
medíocres
em que a gente se desperta
sem o mínimo ânimo
o café ajuda um pouco
mas as xícaras não falam
e só olhar om açúcar já enjoa
ligar o rádio
é gastar os dedos à toa
farto de notícias ruins
tragédias
estupros crimes passionais
acidentes no trânsito
receitas de bolos
estúpidos horóscopos
as pessoas se apegam
às mais tolas esperanças
bem sair de casa
muitas vezes é um consolo
apesar dos perigos das ruas
e dos olhos grandes dos muros
o tempo passa
de qualquer maneira
a pressa excita
mas estressa
o vagar hesita
mas recupera
câmeras por todos os lados
devassam os nossos passos
segurança ou insegurança
perda de identidade
em casa me sinto estranho
na rua me sinto perdido
entre as duas
sou o terceiro olho escondido
entre as paredes
ou entre as sarjetas
o rolar desenrolar
de um sonho interrompido
Carlos Roberto Gutierrez


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Bird parte - Guarda il film d'animazione italiano

Sou Livro

sou livre
sou livro
página aberta
capa
e contracapa
com ou sem orelhas
nada me escapa
nenhuma letra
nenhuma cena
do meu enredo
mesmo quando viro a página
ou pulo alguma
por ansiedade ou medo
sempre foi assim
leituras e
releituras
sem fim
me concebo num sebo
vasculho temas e tempos
entre textos "achados"
e "perdidos"
todo esse pó de conhecimentos
sou livre
sou livro
mesmo preso na leitura
das tramas
de um intricado romance
ou poema que jamais
se desmanche
afinal "namoro as palavras"
tanto as próximas
quanto as distantes
sempre foi assim
e assim será
solitário
ou num sarau
as palavras
me acompanham
ou vice versa
entre o silêncio e a conversa
sou o olhar
que atravessa
e arremessa
o novo vocábulo


Salve