sábado, 30 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
68 - Bob Dylan - Happyday
68 me lembra 68!
o mundo afoito
por transformações
Eu fiquei outro
Eu descobri a minha verdade
quando eu lhe ouvi a primeira vez
Like a Rolling Stones
juntei as pedras do meu ser
e Blond in The Wind
quando deixei a minha vida
seguir o meu destino!
Rasguei as leis
chutei os baldes da hipocrisia
e aprendi que a juventude
os doces anos não são feitos
somente de alegrias
é mais do que aventura
e a própria captura dos mais nobres sentimentos
quando nós temos a máxima energia
a sintonia fina de todos os sentidos
tão aguçados como os sulcos
de um vinil ainda não rodado
na vitrola que acolhe e liberta todos os sons!
sábado, 23 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Étoile
Hoje eu pensei sobre as nossas afinidades Étoile
sem distorcermos nossas extremidades
Amamos as canções de Dylan
sua voz anasalada
sua gaita encantada
que traz ao presente
todos os sons do passado
da velha infância
da atropelada puberdade
Amamos as letras de Dylan
extensas e intensas
seus caminhos e ofensas
contra a Humanidade!
Não sei se as interpretamos da mesma forma
O que vale é que elas no s invadem
e nos faz deixarmos de ser covardes
para enfrentar os dissabores
e as pedras da adversidade
Hoje eu pensei sobre as nossas afinidades Étoile
Gostamos dos filmes franceses
que evocam o amor
e os seus desdobramentos
suas marcas e voragens
Podemos ser suaves e selvagens
na alegria ou na dor
desde que haja em nossas peles
a marca do amor!
Hoje eu pensei em nossas afinidades Étoile
Gostamos da chuva
de nos molharmos até os ossos
e encontrar amigos...
mais um dos nossos...
Gostamos da chuva
do cheiro da terra que se evidencia
da chuva fina que bate nas vidraças
de nossas janelas
Namoro as Palavras II
Eu namoro as palavras !
elas vem em minha mente
e voltam aos dicionários
em minha mente
elas se embaralham
no dicionário se ordenam
em minha mente
elas são despertadas
e depois cansadas
vão dormir no dicionário
uma sobre as outras
acomodadas em antônimos
ou em conflitantes significados
Eu namoro as palavras
suas vogais e consoantes
os seus sons e hiatos de silêncio
os seus acentos e sílabas
o seu poder de convencer
ou ocultar
de gerar um diálogo
ou morrer só num monólogo
sua conversão digital
sua possível criptografia
ou analógica teimosia
Eu namoro as palavras!
há sempre uma que interpreta
disceta ou indiscreta
o meu momento...
elas não me deixam falar
com as surdas paredes!
elas vem em minha mente
e voltam aos dicionários
em minha mente
elas se embaralham
no dicionário se ordenam
em minha mente
elas são despertadas
e depois cansadas
vão dormir no dicionário
uma sobre as outras
acomodadas em antônimos
ou em conflitantes significados
Eu namoro as palavras
suas vogais e consoantes
os seus sons e hiatos de silêncio
os seus acentos e sílabas
o seu poder de convencer
ou ocultar
de gerar um diálogo
ou morrer só num monólogo
sua conversão digital
sua possível criptografia
ou analógica teimosia
Eu namoro as palavras!
há sempre uma que interpreta
disceta ou indiscreta
o meu momento...
elas não me deixam falar
com as surdas paredes!
Palavras Calmas
Eu gosto das palavras calmas
que confortam as almas
sôssego compreensão afagos
há tantas para escolhermos
lagos saramagos
translúcidos espectros clarisseanos
preguiça rede moringa água fresca
eu gosto das palavras calmas
aromas flores
nuvens que formam desenhos
algodões doces de infância
banana mergulhada no sorvete
creme de leite deleite e o enfeite
em teu cabelo cacheado
eu gosto de palavras calmas
chuva fina na vidraça
gotículas formando uma imagem
escorrendo uma lembrança...
que confortam as almas
sôssego compreensão afagos
há tantas para escolhermos
lagos saramagos
translúcidos espectros clarisseanos
preguiça rede moringa água fresca
eu gosto das palavras calmas
aromas flores
nuvens que formam desenhos
algodões doces de infância
banana mergulhada no sorvete
creme de leite deleite e o enfeite
em teu cabelo cacheado
eu gosto de palavras calmas
chuva fina na vidraça
gotículas formando uma imagem
escorrendo uma lembrança...
domingo, 17 de maio de 2009
Devaneio
Brunna Duarte
Mora em mim um infinito
De melancolia, de saudade
De tudo que há guardado
De tudo que já foi bonito
Habita-me um pesar
Raiva, estupidez...
Que me corroem as entranhas
E destroem os vestígios de lucidez
Tua voz ecoa ao vento
E me traz ao pensamento
O flagelo de minha calma
Renuncio todos os haveres desse mundo
Se deixares ter paz
Esta pedinte alma
Grite aos meus ouvidos
Que não me quer
Apague esta centelha
Dantes que se torne flama
Ignore esse querer sincero
Não atenda essa voz que te chama
Entorpeça-se do efêmero
Sacrifica agora...
A mulher que te ama.
Brunna Duartw
www.tempoatemporal.blogspot.com
domingo, 10 de maio de 2009
Meio Eu
não me sinto mais eu
Eu sinto-me seu
Eu já não sou mais meu
lhe dei a minha metade
por minha vontade
e a outra se perdeu
em seus encantos!
Eu já não sou mais eu
eu sou outro sempre pronto
para ocupar o lugar de um possível adeus
Já sinto me seu
síntoma da sintonia
que nem a desarmonia da geografia
consegue afastar
Eu já não sou mais meu
um lado de mim virou uma antena
outro apenas um muro silencioso
esperando o spray da sua voz
gravar e gritar o meu nome!
Eu sinto-me seu
Eu já não sou mais meu
lhe dei a minha metade
por minha vontade
e a outra se perdeu
em seus encantos!
Eu já não sou mais eu
eu sou outro sempre pronto
para ocupar o lugar de um possível adeus
Já sinto me seu
síntoma da sintonia
que nem a desarmonia da geografia
consegue afastar
Eu já não sou mais meu
um lado de mim virou uma antena
outro apenas um muro silencioso
esperando o spray da sua voz
gravar e gritar o meu nome!
Além do Nosso Amor Nada Importa
Oh! bem, eu te amo linda garota
Tu és um amor unico e inédito
pois quando ficas comigo
todo o universo se converge
para celebrar o nosso amor
que jamais diverge de nossos desejos,
Bem eu estou movendo-me como um morcego após a meia noite!
nem todos morcegos procuram sangue!
e eu sou um deles
qoe apenas consome frutos e abastece de sementes o solo
que cospe flores!
O nosso amor é assim:
o semear de estrelas no céu
o trânsito livre de automóveis silenciosos
que rompem todos os obstáculos
até mesmo as ruas quebradas por buracos
cicatrizes cinzas e profundas
do brilhante asfalto!
Cada rua de baixo que passamos
para atingirmos o viaduto de nossos sonhos
é como uma janela de vidro estilhaçada
devassada na velocidade de nossos desejos
O amor é o piloto sem erros de nossas almas
que enfrenta todas as ruas
e move até montanhas para lograr o prêmio da calma
após todas as inquietudes
Bem o meu barco de sonhos está fora do porto
e as suas velas disseminadas ao vento
Ouço a tua voz linda garota ao longe
Posso sentir sobre a minha cabeça fresca pelo despertar de hoje
a tua mão ,os teus dedos estendidos como faróis
que tombam os seus fachos de luzes sobre o nosso amor !
TRadução livre da cancão de Bob Dylan
Beyond Here lies nothin
Tu és um amor unico e inédito
pois quando ficas comigo
todo o universo se converge
para celebrar o nosso amor
que jamais diverge de nossos desejos,
Bem eu estou movendo-me como um morcego após a meia noite!
nem todos morcegos procuram sangue!
e eu sou um deles
qoe apenas consome frutos e abastece de sementes o solo
que cospe flores!
O nosso amor é assim:
o semear de estrelas no céu
o trânsito livre de automóveis silenciosos
que rompem todos os obstáculos
até mesmo as ruas quebradas por buracos
cicatrizes cinzas e profundas
do brilhante asfalto!
Cada rua de baixo que passamos
para atingirmos o viaduto de nossos sonhos
é como uma janela de vidro estilhaçada
devassada na velocidade de nossos desejos
O amor é o piloto sem erros de nossas almas
que enfrenta todas as ruas
e move até montanhas para lograr o prêmio da calma
após todas as inquietudes
Bem o meu barco de sonhos está fora do porto
e as suas velas disseminadas ao vento
Ouço a tua voz linda garota ao longe
Posso sentir sobre a minha cabeça fresca pelo despertar de hoje
a tua mão ,os teus dedos estendidos como faróis
que tombam os seus fachos de luzes sobre o nosso amor !
TRadução livre da cancão de Bob Dylan
Beyond Here lies nothin
sábado, 9 de maio de 2009
Life is Hard - Bob Dylan
Life is Hard - Tradução Livre
A vida real é dura e ríspida para quem sonha!
Os ventos da noite se entrelaçaram
e congelaram a madrugada.
A estrada que conduz aos sonhos é ingrata:
é envolta de névoas que embaçam todas as paisagens
até mesmo as lembranças mais secretas!
Perdi o meu rumo devo admitir,
porisso eu sumo no nevoeiro do passado
sempre próximo e valorizado,
mas que não esclarece o presente
nem almeja o futuro.
É duro admitir mas estou cansado,
rastejando preso no para-choque de um automóvel travado.
A vida mesmo com todas as suas possibilidades
de ser rica e encantadora
sempre foi dura!
Quanto tempo alguém atura vivendo apenas de adiadas
e odiadas esperas e rupturas?
A verdade é que você sempre esteve ao meu redor,
atraindo os meus versos.
mas jamais chegou realmente perto.
todavia devo admitir ela seria mais intolerável ainda se você não estivesse.
A vida real é dura e ríspida para quem sonha!
porém seia inspída e nada nítida sem que houvesse
um travesseiro
que nos levasse ao nevoeiro dos devaneios!
A vida real é dura e ríspida para quem sonha!
Os ventos da noite se entrelaçaram
e congelaram a madrugada.
A estrada que conduz aos sonhos é ingrata:
é envolta de névoas que embaçam todas as paisagens
até mesmo as lembranças mais secretas!
Perdi o meu rumo devo admitir,
porisso eu sumo no nevoeiro do passado
sempre próximo e valorizado,
mas que não esclarece o presente
nem almeja o futuro.
É duro admitir mas estou cansado,
rastejando preso no para-choque de um automóvel travado.
A vida mesmo com todas as suas possibilidades
de ser rica e encantadora
sempre foi dura!
Quanto tempo alguém atura vivendo apenas de adiadas
e odiadas esperas e rupturas?
A verdade é que você sempre esteve ao meu redor,
atraindo os meus versos.
mas jamais chegou realmente perto.
todavia devo admitir ela seria mais intolerável ainda se você não estivesse.
A vida real é dura e ríspida para quem sonha!
porém seia inspída e nada nítida sem que houvesse
um travesseiro
que nos levasse ao nevoeiro dos devaneios!
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Corações Desatentos
Tradução livre da canção de Bob Dylan
Forgetful Hearth
Tente! eu tento também
recordar todos os detalhes:
fugazes olhares que trocamos no começo
petecas coloridas recheadas de penas e sonhos
que queimavam os nossos dedos
e coçavam nossas mãos de medo e desejo...
lembre bem dos estreitos becos
por onde pássavamos hesitantes
quase encostados...
será possível que após tantos e tolos anos
ainda podemos resgatar os encantos do passado!
Tente pensar que tudo é possível
quando se quer de verdade
tudo é visível e pode ser ainda tocado
basta que os nossos corações não fiquem desatentos
a esta realidade!
passou muito tempo eu sei
à revelia de todos os ponteiros de todos os relógios
digitais ou analógicos
pontuais ou sem baterias...
mas procure pensar que ainda há tempo...
para aproveitar...
um tempo precioso e atento às nossas necessidades prementes
um tempo que não seja um simples passatempo
e que prenda a atenção
de nossos corações desatentos
Forgetful Hearth
Tente! eu tento também
recordar todos os detalhes:
fugazes olhares que trocamos no começo
petecas coloridas recheadas de penas e sonhos
que queimavam os nossos dedos
e coçavam nossas mãos de medo e desejo...
lembre bem dos estreitos becos
por onde pássavamos hesitantes
quase encostados...
será possível que após tantos e tolos anos
ainda podemos resgatar os encantos do passado!
Tente pensar que tudo é possível
quando se quer de verdade
tudo é visível e pode ser ainda tocado
basta que os nossos corações não fiquem desatentos
a esta realidade!
passou muito tempo eu sei
à revelia de todos os ponteiros de todos os relógios
digitais ou analógicos
pontuais ou sem baterias...
mas procure pensar que ainda há tempo...
para aproveitar...
um tempo precioso e atento às nossas necessidades prementes
um tempo que não seja um simples passatempo
e que prenda a atenção
de nossos corações desatentos
sábado, 2 de maio de 2009
Palavras Fáceis
Eu gosto das palavras fáceis
de sílabas claras
e tônicas imediatas
simples e naturais
rios riachos e cascatas
eu gosto das palavras exatas
arquitetura estrutura
geometria cálculo harmonia
o olhar ateu de Oscar Niemeyer
o processo a meticulosidade
o projeto o verso o reverso seco de João Cabral de Melo Neto
as pedras de Olinda e
Andaluzia
a composição sensual de Henry Matisse
eu gosto do pássaro que suja a marquise
da loja de superfluos
de sílabas claras
e tônicas imediatas
simples e naturais
rios riachos e cascatas
eu gosto das palavras exatas
arquitetura estrutura
geometria cálculo harmonia
o olhar ateu de Oscar Niemeyer
o processo a meticulosidade
o projeto o verso o reverso seco de João Cabral de Melo Neto
as pedras de Olinda e
Andaluzia
a composição sensual de Henry Matisse
eu gosto do pássaro que suja a marquise
da loja de superfluos
Novíssimo Testamento de Fabrício Carpinejar
Legendar a conversa dos pássaros ao amanhecer,
esticar o arame do violino,
restaurar o som dos peixes com o veludo dos pés
acolher o elogio dos defeitos,
prender em gaiolas os livros de leitura avoada,
trocar mensalmente a terra do rosto,
agradecer a quem te cumprimenta por engano,
empregar as ervas como escolta das flores,
desaparecer na visibilidade,
interromper a sesta do vento,
repor as telhas do fogo,
esperar o porão subir com os frutos,
conhecer-te na medida em que me ignoro,
repetir os erros para decorar os caminhos,
ressuscitar a brasa das cinzas,
saber uma chama de ouvido,
afiar a faca na compra para que seja leal na despedida,
levantar atrasado, com a solidão ao lado,
distanciar o desespero e alegrá-lo com a saudade,
reverenciar o muro que nos permite imaginar uma vida diferente da nossa,
escolher as melhores maçãs pelo assédio dos insetos,
assobiar estrelas entre os telhados,
partir os cabides ao arrumar as malas,
pensar baixo para não ser escutado,
avisar das falhas na calçada,
seguir quem está perdido,
gritar nos ouvidos da claridade até surgir relâmpagos,
estreitar as vigas da face com a rede do riso,
tragar o vapor do inverno na véspera de ser vidro,
ter a infância assistida pelas parreiras,
ser a primeira roupa do teu dia,
nascer póstumo,
identificar o corredor do hospital nos arbustos podados,
correr na contramão do rio,
desafiar as cigarras, desafinando mais alto,
transpor a aparência do inferno,
converter o ódio em curiosidade do amor,
acelerar o passo para a névoa não encurtar o dia,
arrancar do fruto o que voava do coração parado da ave,
revezar com o pessegueiro a guarda da porta,
jejuar para doar o sangue,
enredar teus joelhos como forquilhas da fogueira,
enervar a vela com um lance de olhos,
cobrir com jornais a pedra fria,
buscar um confidente fora da consciência,
barbear a insônia com a lâmina dos seios,
descobrir o irmão mais velho no silêncio do caçula,
obedecer a intuição das dúvidas,
abandonar teu corpo antes da luz depor o peso,
morar no clarão exilado,
respeitar o mar quando está rezando,
curvar-se no violão como uma violeta cansada,
compensar a forte dose da fala com os gestos,
imitar a elegância de objetos esquecidos,
espantar o pó com a lâmpada dos dedos,
desfrutar do feriado das tranças,
deixar a música se inventar sozinha,
desperdiçar o fôlego fingindo trabalhar,
ouvir o sol de noite,
segurar no braço da cerração para atravessar a rua,
procurar minha voz em outros autores,
retribuir o aceno das sobrancelhas,
presenciar da janela a palestra da chuva,
espreguiçar a camisa dormida de espuma,
eleger tristezas para concorrer com as tuas,
puxar a cadeira na saída
(e observar tuas pernas roçando a toalha da mesa),
engolir de volta as palavras que te agrediram,
cortar a artéria de um beco e sangrar a saída,
medir a altura do poço com uma moeda,
entender que meus livros são parecidos comigo
(demoram a fazer amigos),
verificar o pulso da madeira,
esticar o arame do violino,
restaurar o som dos peixes com o veludo dos pés
acolher o elogio dos defeitos,
prender em gaiolas os livros de leitura avoada,
trocar mensalmente a terra do rosto,
agradecer a quem te cumprimenta por engano,
empregar as ervas como escolta das flores,
desaparecer na visibilidade,
interromper a sesta do vento,
repor as telhas do fogo,
esperar o porão subir com os frutos,
conhecer-te na medida em que me ignoro,
repetir os erros para decorar os caminhos,
ressuscitar a brasa das cinzas,
saber uma chama de ouvido,
afiar a faca na compra para que seja leal na despedida,
levantar atrasado, com a solidão ao lado,
distanciar o desespero e alegrá-lo com a saudade,
reverenciar o muro que nos permite imaginar uma vida diferente da nossa,
escolher as melhores maçãs pelo assédio dos insetos,
assobiar estrelas entre os telhados,
partir os cabides ao arrumar as malas,
pensar baixo para não ser escutado,
avisar das falhas na calçada,
seguir quem está perdido,
gritar nos ouvidos da claridade até surgir relâmpagos,
estreitar as vigas da face com a rede do riso,
tragar o vapor do inverno na véspera de ser vidro,
ter a infância assistida pelas parreiras,
ser a primeira roupa do teu dia,
nascer póstumo,
identificar o corredor do hospital nos arbustos podados,
correr na contramão do rio,
desafiar as cigarras, desafinando mais alto,
transpor a aparência do inferno,
converter o ódio em curiosidade do amor,
acelerar o passo para a névoa não encurtar o dia,
arrancar do fruto o que voava do coração parado da ave,
revezar com o pessegueiro a guarda da porta,
jejuar para doar o sangue,
enredar teus joelhos como forquilhas da fogueira,
enervar a vela com um lance de olhos,
cobrir com jornais a pedra fria,
buscar um confidente fora da consciência,
barbear a insônia com a lâmina dos seios,
descobrir o irmão mais velho no silêncio do caçula,
obedecer a intuição das dúvidas,
abandonar teu corpo antes da luz depor o peso,
morar no clarão exilado,
respeitar o mar quando está rezando,
curvar-se no violão como uma violeta cansada,
compensar a forte dose da fala com os gestos,
imitar a elegância de objetos esquecidos,
espantar o pó com a lâmpada dos dedos,
desfrutar do feriado das tranças,
deixar a música se inventar sozinha,
desperdiçar o fôlego fingindo trabalhar,
ouvir o sol de noite,
segurar no braço da cerração para atravessar a rua,
procurar minha voz em outros autores,
retribuir o aceno das sobrancelhas,
presenciar da janela a palestra da chuva,
espreguiçar a camisa dormida de espuma,
eleger tristezas para concorrer com as tuas,
puxar a cadeira na saída
(e observar tuas pernas roçando a toalha da mesa),
engolir de volta as palavras que te agrediram,
cortar a artéria de um beco e sangrar a saída,
medir a altura do poço com uma moeda,
entender que meus livros são parecidos comigo
(demoram a fazer amigos),
verificar o pulso da madeira,
A Bailarina e o Poeta
" A Bailarina e o Poeta "
tela de Fernanda Rodante
A bailarina com os seus gestos estudados
frutos de exaustivos ensaios
dança e encanta a plateia
e faz movimentar o cenário.
Na plateia em uma poltrona discreta
repousa um poeta
à procura de um novo poema
vê a bailarina que lhe alucina
e elucida a perfeita inspiração.
Ela corre de um lado a outro do tablado
brincando e ludibriando os olhos do poeta.
Ele empresta os olhos de Degas e Fernanda Rodante
para não perder nenhum movimento
nenhum mágico instante.
A bailarina gira...gira..gira...
na cabeça inquieta do poeta.
Ele suga todo o caldo do respaldo da sua imaginação.
A bailarina se expõe a tudo
luzes plateia desejos confusos e temidas quedas.
Enquanto que o poeta mais se fecha
dentro de si para ouvir a música.
A bailarina mesmo em seu arduo ofício
o percebe e os seus olhos de pupílas lúdicas se paralisam
em um poema que fugiu do silencio.
O poeta então faz dançar os seus versos!.
tela de Fernanda Rodante
A bailarina com os seus gestos estudados
frutos de exaustivos ensaios
dança e encanta a plateia
e faz movimentar o cenário.
Na plateia em uma poltrona discreta
repousa um poeta
à procura de um novo poema
vê a bailarina que lhe alucina
e elucida a perfeita inspiração.
Ela corre de um lado a outro do tablado
brincando e ludibriando os olhos do poeta.
Ele empresta os olhos de Degas e Fernanda Rodante
para não perder nenhum movimento
nenhum mágico instante.
A bailarina gira...gira..gira...
na cabeça inquieta do poeta.
Ele suga todo o caldo do respaldo da sua imaginação.
A bailarina se expõe a tudo
luzes plateia desejos confusos e temidas quedas.
Enquanto que o poeta mais se fecha
dentro de si para ouvir a música.
A bailarina mesmo em seu arduo ofício
o percebe e os seus olhos de pupílas lúdicas se paralisam
em um poema que fugiu do silencio.
O poeta então faz dançar os seus versos!.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
CANIVETE SUIÇO
Talvez eu não sirva prá isso
que você necessite agora
para a sua urgência
para o seu desejo fora de hora
para a emergência dos seus olhos
que não sei se brilham ou choram
agora
talvez eu não sirva prá isso
quem sabe eu não sirva mesmo prá nada
nem para abrir uma lata de alguma conserva
não sou como um canivete suiço
multifuncional e preciso
eu sou apenas um quebra galho
ou nem mesmo isso
nem sei se espalho a minha sombra
em seu caminho.
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