Acordei
de um sonho extraordinário
você estava
ao meu lado
em trajes sumários
provocando o meu imaginário!
Meu sangue alternado
quente e gelado
procurava
circular
despreocupado
nas ruas azuis do meu corpo
mas não conseguia
porque a sua presença
a sua alquimia
injetava os perfumes mais intensos
e os venenos mais letais...
lhe vi em trajes sumários
com mil olhos de biombo!
Carlos Gutierrez
sábado, 31 de outubro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Cinzas das Horas
Estou com sono...muito sono...
mas insisto em ficar acordado...
eu quero
o que eu não mais recupero...
fico com o imponderável!
o factuóide
o improvável
penso que será a ultima noite
o derradeiro sonho
por isso estou de vigília
olhando a fria e maciça mobília do meu quarto
então me reparto em fugas paredes e espelhos
eu tinha tanto ainda prá dizer...
mas esse bocejo das horas...
essas pálpebras que exploram as cinzas das horas...
Carlos Gutierrez
mas insisto em ficar acordado...
eu quero
o que eu não mais recupero...
fico com o imponderável!
o factuóide
o improvável
penso que será a ultima noite
o derradeiro sonho
por isso estou de vigília
olhando a fria e maciça mobília do meu quarto
então me reparto em fugas paredes e espelhos
eu tinha tanto ainda prá dizer...
mas esse bocejo das horas...
essas pálpebras que exploram as cinzas das horas...
Carlos Gutierrez
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Arrasto Uma Asa
Arrasto uma asa
a cauda inteira de um cometa
a ponta da mais longíqua estrela
o planeta ainda não descoberto
Arrasto o sofá e as cadeiras inquietas da sala
para podermos dançar a música que resvala
o silencio que compactuamos
Arrasto todas as nuvens
para o céu ficar totalmente claro
aí eu me declaro como o sol
que perde a lua
mas flutua em raios
num sonho qualquer
Arrasto uma asa
ou mais
quantas eu puder
por você anjo mulher
arrasto arrasto me arrasto
ao próprios pés do meu carrasco
que às vezes se chama amor, outras vezes paixão
mas sempre traidor e cadafalso
cada vez mais falso...
mas é a única corda que eu tenho de verdade!
Carlos Gutierrez
a cauda inteira de um cometa
a ponta da mais longíqua estrela
o planeta ainda não descoberto
Arrasto o sofá e as cadeiras inquietas da sala
para podermos dançar a música que resvala
o silencio que compactuamos
Arrasto todas as nuvens
para o céu ficar totalmente claro
aí eu me declaro como o sol
que perde a lua
mas flutua em raios
num sonho qualquer
Arrasto uma asa
ou mais
quantas eu puder
por você anjo mulher
arrasto arrasto me arrasto
ao próprios pés do meu carrasco
que às vezes se chama amor, outras vezes paixão
mas sempre traidor e cadafalso
cada vez mais falso...
mas é a única corda que eu tenho de verdade!
Carlos Gutierrez
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
ILUMINADA
Bastaria você e mais nada
para iluminar o ambiente
mas ainda há no fundo
pedras irregulares
e no ar envolvente
lembranças de orquídeas recentes
violetamente belas
lilazes capazes
de desvendar mistérios!
Carlos Gutierrez
para iluminar o ambiente
mas ainda há no fundo
pedras irregulares
e no ar envolvente
lembranças de orquídeas recentes
violetamente belas
lilazes capazes
de desvendar mistérios!
Carlos Gutierrez
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Olhar de Peixe Morto
Lendo displicente um gibi
comendo com toda gula
ula! ula!
uma barra crocante de chocolate
ouvindo uma balada romântica
onde as baquetas acariciam tambores e pratos
que ecoam sinos de estações ferroviárias
igrejas e saudades
enquanto fora de casa na rua Rex late!
tamborilar os dedos na garrafa de whisky
quase pela metade
pula essa parte
tentando trancar a porta do ateliê
da minha verdade
Não dás tempo e você me invade
me visita e nada há o que evita
o seu alarde
a sua presença que eu desejo e me irrita
porque eu preciso lhe esquecer
tirar da fita
expulsar você da minha tira
embrulhar o seu corpo no papel alumínio
rxcluí-la da minha lista de reprodução
esmagar com as mãos cerradas
e os cacos recentes
da garrafa atirada com raiva contra a parede
preciso lhe esquecer
mas como se só você acaba com a minha sede
se o meu olhar de peixe morto
apenas vê a sua rede
como o Sol da Meia Noite
Carlos Gutierrez
comendo com toda gula
ula! ula!
uma barra crocante de chocolate
ouvindo uma balada romântica
onde as baquetas acariciam tambores e pratos
que ecoam sinos de estações ferroviárias
igrejas e saudades
enquanto fora de casa na rua Rex late!
tamborilar os dedos na garrafa de whisky
quase pela metade
pula essa parte
tentando trancar a porta do ateliê
da minha verdade
Não dás tempo e você me invade
me visita e nada há o que evita
o seu alarde
a sua presença que eu desejo e me irrita
porque eu preciso lhe esquecer
tirar da fita
expulsar você da minha tira
embrulhar o seu corpo no papel alumínio
rxcluí-la da minha lista de reprodução
esmagar com as mãos cerradas
e os cacos recentes
da garrafa atirada com raiva contra a parede
preciso lhe esquecer
mas como se só você acaba com a minha sede
se o meu olhar de peixe morto
apenas vê a sua rede
como o Sol da Meia Noite
Carlos Gutierrez
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O Amor é Par
Rapidamente desenho a giz
a superfície da vida em quadrinhos
A renúncia intuída de um beijo estréia a rebeldia
e num tropeço o chapéu ao chão indaga as respostas
Surdamente decola a usada Bossa Nova, chave a delicadeza
molhando os ouvidos de ausência frequentada
e versos demitidos
Rapidamente faço ecoar a vitrola
um mundo real, empoeirado pelos furacões têmperos
Abro a caixa de memórias, nem grande nem pequena
as arestas das lembranças suavizadas por aromas comtemplados
espio como se o passado fosse só nosso.
Rapidamente falo
e o sabor da conversa se localiza na grafia
freneticamente barganho o silêncio alto
Piano sórdido, vozes e janelas
as emoções correm não sei para onde
sob o viaduto sintetizado constroi a ameaça, um pouco sentimental
Devagar fito e meço
ângulos oblíquos extremos dessa longitude
sem mistério e fatídico
o amor é par!
Desirée Gomes
a superfície da vida em quadrinhos
A renúncia intuída de um beijo estréia a rebeldia
e num tropeço o chapéu ao chão indaga as respostas
Surdamente decola a usada Bossa Nova, chave a delicadeza
molhando os ouvidos de ausência frequentada
e versos demitidos
Rapidamente faço ecoar a vitrola
um mundo real, empoeirado pelos furacões têmperos
Abro a caixa de memórias, nem grande nem pequena
as arestas das lembranças suavizadas por aromas comtemplados
espio como se o passado fosse só nosso.
Rapidamente falo
e o sabor da conversa se localiza na grafia
freneticamente barganho o silêncio alto
Piano sórdido, vozes e janelas
as emoções correm não sei para onde
sob o viaduto sintetizado constroi a ameaça, um pouco sentimental
Devagar fito e meço
ângulos oblíquos extremos dessa longitude
sem mistério e fatídico
o amor é par!
Desirée Gomes
sábado, 17 de outubro de 2009
Carrapicho
Eu desejei cruzar o seu caminho
não como um pedra
tão pouco como espinho
talvez como um esguicho
para abastecer de agua-fonte
a fronte do seu jardim
Eu quis cruzar o seu caminho
com rastros de luzes
e alergias de sombras
emprestar o amarelo das margaridas
e afastar o verde incõmodo das urtigas
Eu me espicho todo
feito bicho tolo sem preguiça
que cobiça os mistérios da floresta
mas percebi que eu não posso ser pétala
e desprovidos das asas de colibri
eu assustado joão-de-barro voltei para o meu domicílio
e na argila em meu bico dissolvi o capricho
de voos mais altos e vi você lá embaixo
retirando indiferente o simples e intruso carrapicho
que eu fui para o seu jeans!
Carlos Gutierrez
não como um pedra
tão pouco como espinho
talvez como um esguicho
para abastecer de agua-fonte
a fronte do seu jardim
Eu quis cruzar o seu caminho
com rastros de luzes
e alergias de sombras
emprestar o amarelo das margaridas
e afastar o verde incõmodo das urtigas
Eu me espicho todo
feito bicho tolo sem preguiça
que cobiça os mistérios da floresta
mas percebi que eu não posso ser pétala
e desprovidos das asas de colibri
eu assustado joão-de-barro voltei para o meu domicílio
e na argila em meu bico dissolvi o capricho
de voos mais altos e vi você lá embaixo
retirando indiferente o simples e intruso carrapicho
que eu fui para o seu jeans!
Carlos Gutierrez
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Preliminares
Como eu posso despertar o seu interesse
talvez um "punch line" eu recorresse
bem do jeito Woody Allen
ou algo mais ameno
o divã de Lacan
o olhar paciente de Freud
uma reminiscência
sem consequência
um sonho mal acordado
ou elogiar simplesmente a sua rosa lingerie
que caí do seu corpo sutilmente
e faz o meu derreter
como maria mole mergulhada
n'um caldo de cerejas
ou colocar na vitrola
um vinil que ficou refém do silencio
por longo tempo
e quer novamente cantar
mesmo com a voz embargada?
Como eu posso despertar o seu interesse
forjar a queda do copo de conhaque
em seu corpo
e enfim usar o inédito lenço de seda
com um timoneiro ainda sem rumo
nele gravado
para enxugar o encosto protuberante
dos meus sonhos delirantes
Medo crônico!
Irônico nem conhecer mais
os meus próprios dedos
Sentir que eles têm tanto medo de tocá-la
como se fôsse um vaso de porcelana chinesa?
Bem mas vamos às preliminares
e que não sejam as previsíveis
e sim as mais impossíveis e insólitas
algo que jamais possa se esquecer
Trocar os meus lábios pelos meus olhos
mesclar os sentidos
Amar o próprio vestido
estatelado no chão
Recuperar o batom da sua boca
Reacender a lanterna perdida da infância
Tirar o seu espartilho
mais rápido que o gatilho de Django
tal qual uma criança que abre um presente
e se esfarela feito biju de tão contente
Seguir a trilha das suas pintas e sardas
- cartografia intíma da sua pele -
e o rumor do tambor do seu coração
- renovada canção que jamais esquece e trapaceia a sua letra -
Microscopiar todas as suas sutilezas
para enfim escorpionizar as suas profundezas!
Carlos Gutierrez
talvez um "punch line" eu recorresse
bem do jeito Woody Allen
ou algo mais ameno
o divã de Lacan
o olhar paciente de Freud
uma reminiscência
sem consequência
um sonho mal acordado
ou elogiar simplesmente a sua rosa lingerie
que caí do seu corpo sutilmente
e faz o meu derreter
como maria mole mergulhada
n'um caldo de cerejas
ou colocar na vitrola
um vinil que ficou refém do silencio
por longo tempo
e quer novamente cantar
mesmo com a voz embargada?
Como eu posso despertar o seu interesse
forjar a queda do copo de conhaque
em seu corpo
e enfim usar o inédito lenço de seda
com um timoneiro ainda sem rumo
nele gravado
para enxugar o encosto protuberante
dos meus sonhos delirantes
Medo crônico!
Irônico nem conhecer mais
os meus próprios dedos
Sentir que eles têm tanto medo de tocá-la
como se fôsse um vaso de porcelana chinesa?
Bem mas vamos às preliminares
e que não sejam as previsíveis
e sim as mais impossíveis e insólitas
algo que jamais possa se esquecer
Trocar os meus lábios pelos meus olhos
mesclar os sentidos
Amar o próprio vestido
estatelado no chão
Recuperar o batom da sua boca
Reacender a lanterna perdida da infância
Tirar o seu espartilho
mais rápido que o gatilho de Django
tal qual uma criança que abre um presente
e se esfarela feito biju de tão contente
Seguir a trilha das suas pintas e sardas
- cartografia intíma da sua pele -
e o rumor do tambor do seu coração
- renovada canção que jamais esquece e trapaceia a sua letra -
Microscopiar todas as suas sutilezas
para enfim escorpionizar as suas profundezas!
Carlos Gutierrez
terça-feira, 13 de outubro de 2009
DEMASIA
A noite está fria!
enxerte carvões na lareira
relembre fogueiras de infância
balões banidos
estalidos de biribas
cortando o silencio
Encha até transbordar
a taça de vinho
até sangrar a toalha de linho
encoste o seu rosto no meu
e os seus cabelos
soltos em desalinho
acenda a fogueira do seu olhar
desenrole o pergaminho
sorria em demasia
até que as paredes lisas
adquiram estrias
acenda um cigarro e divida comigo
vamos cruzar as lufadas de fumaças
ver despencar do teto todas as traças
e esperarmos o pouso de uma estrela
que nos resgate!
em demasia
num só engate
você me parte me faz mosaico
Carlos Gutierrez
enxerte carvões na lareira
relembre fogueiras de infância
balões banidos
estalidos de biribas
cortando o silencio
Encha até transbordar
a taça de vinho
até sangrar a toalha de linho
encoste o seu rosto no meu
e os seus cabelos
soltos em desalinho
acenda a fogueira do seu olhar
desenrole o pergaminho
sorria em demasia
até que as paredes lisas
adquiram estrias
acenda um cigarro e divida comigo
vamos cruzar as lufadas de fumaças
ver despencar do teto todas as traças
e esperarmos o pouso de uma estrela
que nos resgate!
em demasia
num só engate
você me parte me faz mosaico
Carlos Gutierrez
MICO
Não sou pro seu bico
mas não abdico
do sonho de ter você
Pago qualquer mico
dedico mais travessuras
que um macaco agitado possa fazer
prá você perceber
o quanto eu lhe quero
o quanTo eu lhe espero
em cima dos galhos
das árvores
enroscado em cipós
ou preso em nós cegos
Eu grito o seu nome
mais forte do que a voz de Tarzan
faço ecoar a floresta inteira
Pago todos os micos
depois eu me explico
só sei que o desejo de lhe encontrar
cOça mais que pó de mico
depois eu me modifico
enquanto isso...
eu pago o mico!
Carlos Gutierrez
mas não abdico
do sonho de ter você
Pago qualquer mico
dedico mais travessuras
que um macaco agitado possa fazer
prá você perceber
o quanto eu lhe quero
o quanTo eu lhe espero
em cima dos galhos
das árvores
enroscado em cipós
ou preso em nós cegos
Eu grito o seu nome
mais forte do que a voz de Tarzan
faço ecoar a floresta inteira
Pago todos os micos
depois eu me explico
só sei que o desejo de lhe encontrar
cOça mais que pó de mico
depois eu me modifico
enquanto isso...
eu pago o mico!
Carlos Gutierrez
domingo, 11 de outubro de 2009
Cola
Algo descola
dos meus pensamentos
Solta-se da sacola
dos meus mantimentos
como um alto salto
de um sapato cansado
já vencido pelo tempo!
Cola em minhas retinas
retorcidas e distorcidas
pelas cortinas das sombras
mal divididas apenas fragmentos
de imagens opacas
embaçadas pelo pó acumulado
no tempo
Cola
gruda na semente
e não deixa germinar
frustra a muda
e desnuda
sem resinas ou pudores
a inútil paisagem
que desejou entrar
na viagem dos meus sonhos!
Cola e cala
Lacra e chora
respingos de goma arábica
do lado de fora!
lágrimas esquecidas
sólidas
só...lidas
Carlos Gutierrez
dos meus pensamentos
Solta-se da sacola
dos meus mantimentos
como um alto salto
de um sapato cansado
já vencido pelo tempo!
Cola em minhas retinas
retorcidas e distorcidas
pelas cortinas das sombras
mal divididas apenas fragmentos
de imagens opacas
embaçadas pelo pó acumulado
no tempo
Cola
gruda na semente
e não deixa germinar
frustra a muda
e desnuda
sem resinas ou pudores
a inútil paisagem
que desejou entrar
na viagem dos meus sonhos!
Cola e cala
Lacra e chora
respingos de goma arábica
do lado de fora!
lágrimas esquecidas
sólidas
só...lidas
Carlos Gutierrez
MATISSE
Exposição - Matisse O Quarto Vermelho
De 05/09 à 1!11 - Pinacoteca de SP - Não percam essas luzes...essas cores...
Aos que estão cercados de cinza por todos os lados.
Aos que estão rodeados de computadores, esverdeando dentro de escritórios.
Aos que estão parados, ladeados por carros num trânsito dos infernos.
Aos que estão encaixotados dentro de elevadores.
Aos que estão isolados por paredes, curando-se de gripe suína.
Aos que estão esprimidos dentro de conduções.
Aos que estão cercados de carteiras, focados numa grande lousa.
Aos que estão desaparecendo dentro de uma fina garoa.
Aos que estão sendo consumidos por sofás,
Aos que estão completamente cercados pela pressa.
Aos que estão totalmente possuídos por multiplicar dinheiro .
Aos que estão rodeados por santos e rezas .
Aos que estão absorvidos pelo desejo de vingança .
Aos que estão cercados por recém- nascidos berrando em suas pequenas camas de acrílico .
Aos que estão no meio de uma confusão que não lhes diz respeito.
Aos que estão cercados por comprimidos .
Aos que estão rodeados por assombros .
Aos que estão dominados pela fúria .
Aos que estão rodeados de enormes vitrais com um rodinho e sabão;
Aos que estão comprando a ideia de uma sociedade de consumo .
Aos que estão observando os fumantes consumindo suas ampolas fora de estabelecimentos .
Aos que estão tensos numa pequena sala que antecede a entrevista de emprego .
Aos que estão cercados de tristezas e de entes queridos num cemitério .
Aos que estão rodeados de madames mal-educadas numa lavanderia ,
Aos que estão em seus casulos, porotegidos por enormes grades e cercas elétricas .
Aos que estão com a cabeça em parafuso .
Aos que estão prestes a fazer um pedido de casamento .
Aos que estão rodeados por advogados numa audiência de separação .
Aos que estão cobertos por jornais, dormindo em bancos .
Aos que estão no centro de uma roda de contas a pagar .
Aos que estão tendo seus pulmões consumidos por gases de alcool e gasolina nos postos das esquinas .
Aos que estão desistindo de convívio humano e se cercando de animais de estimação .
Aos que vivem rodeados do prazer de dizer que estão faltando alguns documentos.
Aos que estão cobertos de medo e pânico.
Aos que estão querendo trocar de sexo
Aos que estãotomados por tristes lembranças da infância,
Aos que estão sobrecarregados pelo esforço de puxar carroças pelas ruas.
Aos que estão rodeados de enormes labaredas, tentando contê-las com mangueiras.
Aos que estão cercados e sendo consumidos por um cotidiano tolo,
Aos que estão cercados de segredos.
Aos que estão cercados pelo sentimento de culpa,
Aos que estão no centro de uma importante questão.Aos que estão cobertos de graxa embaixo dos eixos de veículos.
Aos que estão cercados de tapinhas nas costas.
Aos que estão acabrunhados porque levaram um pé na bunda.
Aos que estão acobertados por um disfarce.
Aos que estão cercados de teorias.
Aos que estão envoltos em mentiras,
Aos que estão cercados de bisturis, sendo abertos em mesas cirúrgicas.
Aos que estão atarefados com afazeres domésticos.
Aos que estão cercados por gerúndios em telefones.
Aos que estão rodeados por máquinas barulhentas, perdendo a audição.
Aos que estão sedentos por sentir algo.
Aos que estão cercados por familiares, lutando contra um vício.
Aos que estão certos de não crer em nada.
Aos que estão construindo um corpo escultural e esquecendo da mente.
Aos que estão cheios de não me toques,
Aos que estão perdendo a razão.
Aos que estão cercados por um império, perdendo a noção de valores.
Aos que estão aqui somente pra criticar.
Aos que estão consumidos pelo desejo de voar.
Aos que estão sucumbindo à corrupção.
Aos que estão corroídos pela depressão.
Anuncio publicado na Folha de São Paulo
autor: não sei
.
De 05/09 à 1!11 - Pinacoteca de SP - Não percam essas luzes...essas cores...
Aos que estão cercados de cinza por todos os lados.
Aos que estão rodeados de computadores, esverdeando dentro de escritórios.
Aos que estão parados, ladeados por carros num trânsito dos infernos.
Aos que estão encaixotados dentro de elevadores.
Aos que estão isolados por paredes, curando-se de gripe suína.
Aos que estão esprimidos dentro de conduções.
Aos que estão cercados de carteiras, focados numa grande lousa.
Aos que estão desaparecendo dentro de uma fina garoa.
Aos que estão sendo consumidos por sofás,
Aos que estão completamente cercados pela pressa.
Aos que estão totalmente possuídos por multiplicar dinheiro .
Aos que estão rodeados por santos e rezas .
Aos que estão absorvidos pelo desejo de vingança .
Aos que estão cercados por recém- nascidos berrando em suas pequenas camas de acrílico .
Aos que estão no meio de uma confusão que não lhes diz respeito.
Aos que estão cercados por comprimidos .
Aos que estão rodeados por assombros .
Aos que estão dominados pela fúria .
Aos que estão rodeados de enormes vitrais com um rodinho e sabão;
Aos que estão comprando a ideia de uma sociedade de consumo .
Aos que estão observando os fumantes consumindo suas ampolas fora de estabelecimentos .
Aos que estão tensos numa pequena sala que antecede a entrevista de emprego .
Aos que estão cercados de tristezas e de entes queridos num cemitério .
Aos que estão rodeados de madames mal-educadas numa lavanderia ,
Aos que estão em seus casulos, porotegidos por enormes grades e cercas elétricas .
Aos que estão com a cabeça em parafuso .
Aos que estão prestes a fazer um pedido de casamento .
Aos que estão rodeados por advogados numa audiência de separação .
Aos que estão cobertos por jornais, dormindo em bancos .
Aos que estão no centro de uma roda de contas a pagar .
Aos que estão tendo seus pulmões consumidos por gases de alcool e gasolina nos postos das esquinas .
Aos que estão desistindo de convívio humano e se cercando de animais de estimação .
Aos que vivem rodeados do prazer de dizer que estão faltando alguns documentos.
Aos que estão cobertos de medo e pânico.
Aos que estão querendo trocar de sexo
Aos que estãotomados por tristes lembranças da infância,
Aos que estão sobrecarregados pelo esforço de puxar carroças pelas ruas.
Aos que estão rodeados de enormes labaredas, tentando contê-las com mangueiras.
Aos que estão cercados e sendo consumidos por um cotidiano tolo,
Aos que estão cercados de segredos.
Aos que estão cercados pelo sentimento de culpa,
Aos que estão no centro de uma importante questão.Aos que estão cobertos de graxa embaixo dos eixos de veículos.
Aos que estão cercados de tapinhas nas costas.
Aos que estão acabrunhados porque levaram um pé na bunda.
Aos que estão acobertados por um disfarce.
Aos que estão cercados de teorias.
Aos que estão envoltos em mentiras,
Aos que estão cercados de bisturis, sendo abertos em mesas cirúrgicas.
Aos que estão atarefados com afazeres domésticos.
Aos que estão cercados por gerúndios em telefones.
Aos que estão rodeados por máquinas barulhentas, perdendo a audição.
Aos que estão sedentos por sentir algo.
Aos que estão cercados por familiares, lutando contra um vício.
Aos que estão certos de não crer em nada.
Aos que estão construindo um corpo escultural e esquecendo da mente.
Aos que estão cheios de não me toques,
Aos que estão perdendo a razão.
Aos que estão cercados por um império, perdendo a noção de valores.
Aos que estão aqui somente pra criticar.
Aos que estão consumidos pelo desejo de voar.
Aos que estão sucumbindo à corrupção.
Aos que estão corroídos pela depressão.
Anuncio publicado na Folha de São Paulo
autor: não sei
.
Paixão
Como se pode fazer arte sem paixão? Odalisque
O artista pode dominar a arte
mais ou menos, mas é a paixão
que motiva sua obra.
Dizem que toda a minha arte
provém da inteligência.
Não é verdade:
tudo que fiz foi por paixão."
Henri Matisse
O artista pode dominar a arte
mais ou menos, mas é a paixão
que motiva sua obra.
Dizem que toda a minha arte
provém da inteligência.
Não é verdade:
tudo que fiz foi por paixão."
Henri Matisse
O PROCESSO
TODO PROCESSO
REQUER TEMPO E ESPERA
TODO PROCESSO
TEM OS SEUS PROGRESSOS
E RETROCESSOS
PREJUÍZOS E SUCESSOS
NEM TODOS PROCESSOS
SÃO POSSESSOS
NEM TODOS TEM ACESSOS
PROCESSOS SÃO PROCESSOS
MENTAIS OU PRÁTICOS
VISÍVEIS OU CAMUFLADOS
PROCESSOS SÃO PROCESSOS
DECLARADOS OU INCONFESSOS
MAS TODOS MEXEM
NO LABORATÓRIO DA MENTE
NA SEMENTE DOS PENSAMENTOS
Carlos Gutierrez
REQUER TEMPO E ESPERA
TODO PROCESSO
TEM OS SEUS PROGRESSOS
E RETROCESSOS
PREJUÍZOS E SUCESSOS
NEM TODOS PROCESSOS
SÃO POSSESSOS
NEM TODOS TEM ACESSOS
PROCESSOS SÃO PROCESSOS
MENTAIS OU PRÁTICOS
VISÍVEIS OU CAMUFLADOS
PROCESSOS SÃO PROCESSOS
DECLARADOS OU INCONFESSOS
MAS TODOS MEXEM
NO LABORATÓRIO DA MENTE
NA SEMENTE DOS PENSAMENTOS
Carlos Gutierrez
EXPERIMENTO
Experimento
o momento
livre
do tormento
do tempo
o momento presente
ausente
dos ponteiros enferrujados
do passado
e que não pressente futuros
Experimento o momento
por mais vazio e absurdo
que ele possa ser
por mais duro de roer
esse ôsso no fôsso
que o meu cão vadio e arredio
farejou e encontrou
essa lasca esse lapso de tempo
Carlos Gutierrez
o momento
livre
do tormento
do tempo
o momento presente
ausente
dos ponteiros enferrujados
do passado
e que não pressente futuros
Experimento o momento
por mais vazio e absurdo
que ele possa ser
por mais duro de roer
esse ôsso no fôsso
que o meu cão vadio e arredio
farejou e encontrou
essa lasca esse lapso de tempo
Carlos Gutierrez
sábado, 10 de outubro de 2009
Mãos de Abrir Nuvens
MÃOS DE ABRIR NUVENS
Ter mãos de abrir nuvens
Romper o velcro de baunilha
E espiar
Dentro a catedral
Dos sonhos
Um rito de encanto
Crianças e lagos
E mapas emaranhados
A Sexta Avenida
Deságua no Eufrates
E as barcas cruzam
De Bagdad ao Mojave
As mãos se enlaçam
Negras brancas
Amarelas azuis.
Ter mãos de abrir nuvens
Descobrir a alma de neve
E perfume
Que se fazem
Pássaros
Camelos
Bailarinas.
Quem possui mãos de abrir nuvens?
Quem rega pedras
E pesca pássaros
Em tempestades
E ancora no alto
Da montanha mais alta
Suas caravelas.
Quiçá Penélope,
Sem manto, grilhões e espera.
A abrir nuvens
Além da torre de concreto
Em pleno azul
Entre a brancura espumada.
Mãos de mulher livre
A abrir o velcro
Da humanidade encantada.
BÁRBARA LIA
(O sorriso de Leonardo - Kafka ed. 2.004)
Ter mãos de abrir nuvens
Romper o velcro de baunilha
E espiar
Dentro a catedral
Dos sonhos
Um rito de encanto
Crianças e lagos
E mapas emaranhados
A Sexta Avenida
Deságua no Eufrates
E as barcas cruzam
De Bagdad ao Mojave
As mãos se enlaçam
Negras brancas
Amarelas azuis.
Ter mãos de abrir nuvens
Descobrir a alma de neve
E perfume
Que se fazem
Pássaros
Camelos
Bailarinas.
Quem possui mãos de abrir nuvens?
Quem rega pedras
E pesca pássaros
Em tempestades
E ancora no alto
Da montanha mais alta
Suas caravelas.
Quiçá Penélope,
Sem manto, grilhões e espera.
A abrir nuvens
Além da torre de concreto
Em pleno azul
Entre a brancura espumada.
Mãos de mulher livre
A abrir o velcro
Da humanidade encantada.
BÁRBARA LIA
(O sorriso de Leonardo - Kafka ed. 2.004)
TOLA
TOLA
Tola
pensar que eu te acho tola
se em você escoa
o verso mais lindo
a palavra mais verdadeira
se prá você
reuno todos os meus tempos:
as horas enferrujadas do passado
os instantes presentes de êxtase
os momentos futuros
que nem precisam vir mais!
mas se os ainda merecer
vou arrumar mil braços
como um polvo para os acolher!
Tola
eu sou apenas uma bolha de sabão
uma folha sem escolha
o plástico que reveste o pêssego
mas não espanta o ímpeto do pássaro
Carlos Gutierrez
Tola
pensar que eu te acho tola
se em você escoa
o verso mais lindo
a palavra mais verdadeira
se prá você
reuno todos os meus tempos:
as horas enferrujadas do passado
os instantes presentes de êxtase
os momentos futuros
que nem precisam vir mais!
mas se os ainda merecer
vou arrumar mil braços
como um polvo para os acolher!
Tola
eu sou apenas uma bolha de sabão
uma folha sem escolha
o plástico que reveste o pêssego
mas não espanta o ímpeto do pássaro
Carlos Gutierrez
ESPERA
A Noite é longa
excessinamente escura
conturba os olhos de quem procura
refletir a sua alma
e competir o brilho com alguma estrela
que flutua no céu
A noite é puro breu
Negro véu da sua vigília
que partilha tantos sonhos
Espera!
como os pés esperam ficar livres
dos sapatos apertados
de saltos altos
e verniz
que escondem os passos
nos labirintos das trevas
Espera!
a lua pode ser um atalho
A própria chama do isqueiro
ou mesmo um frágil palito de fósforo
para ver uma luz no fim do túnel
Carlos Gutierrez
excessinamente escura
conturba os olhos de quem procura
refletir a sua alma
e competir o brilho com alguma estrela
que flutua no céu
A noite é puro breu
Negro véu da sua vigília
que partilha tantos sonhos
Espera!
como os pés esperam ficar livres
dos sapatos apertados
de saltos altos
e verniz
que escondem os passos
nos labirintos das trevas
Espera!
a lua pode ser um atalho
A própria chama do isqueiro
ou mesmo um frágil palito de fósforo
para ver uma luz no fim do túnel
Carlos Gutierrez
Lugares Secretos
Leve-me para os seus lugares secretos
Beije-me como se eu fôsse o seu doce predileto
Abraça-me como se eu fôsse o mais resistente segredo
Grite o meu nome , quando sentir qualquer medo
Leve me para os seus lugares secretos
e mesmo que eu escorregue em desertos
farei dos seus lábios o meu cantil
e dos seus olhos o oásis
toda a intrincada pirâmide
as junções de cimento
ou mesmo os arames farpados
serão superados e desvendados enfim
Casrlos Gutierrez
Beije-me como se eu fôsse o seu doce predileto
Abraça-me como se eu fôsse o mais resistente segredo
Grite o meu nome , quando sentir qualquer medo
Leve me para os seus lugares secretos
e mesmo que eu escorregue em desertos
farei dos seus lábios o meu cantil
e dos seus olhos o oásis
toda a intrincada pirâmide
as junções de cimento
ou mesmo os arames farpados
serão superados e desvendados enfim
Casrlos Gutierrez
GRITO
GRITO
IRRITO AS CORDAS VOCAIS
MISTURO CONSOANTES
E VOGAIS
PALAVRAS
GRUNHIDOS
GEMIDOS
RUÍDOS
GRITO
O PRAZER
E O AFLITO
O CAOS DA METRÓPOLE
E OS BICHOS RURAIS
GRITO
ATÉ ENCONTRAR
O PERFEITO
SILENCIO
AQUELE QUE PERMITE
QUE A ALMA MEDITE
E DEIXE O CORAÇÃO
BATER EM PAZ!
Carlos Gutierrez
IRRITO AS CORDAS VOCAIS
MISTURO CONSOANTES
E VOGAIS
PALAVRAS
GRUNHIDOS
GEMIDOS
RUÍDOS
GRITO
O PRAZER
E O AFLITO
O CAOS DA METRÓPOLE
E OS BICHOS RURAIS
GRITO
ATÉ ENCONTRAR
O PERFEITO
SILENCIO
AQUELE QUE PERMITE
QUE A ALMA MEDITE
E DEIXE O CORAÇÃO
BATER EM PAZ!
Carlos Gutierrez
Fragmentos
Muros castos e tristes
Cativos de si mesmos
Como criaturas que envelhecem
Sem conhecer a boca
De homens e mulheres.
Muros Escuros tímidos
Escorpiões de seda
No acanhado da pedra.
Há alturas soberbas
Danosas se tocadas.
Como a tua própria boca, amor.
Quando me toca...
Hilda Hilst
Cativos de si mesmos
Como criaturas que envelhecem
Sem conhecer a boca
De homens e mulheres.
Muros Escuros tímidos
Escorpiões de seda
No acanhado da pedra.
Há alturas soberbas
Danosas se tocadas.
Como a tua própria boca, amor.
Quando me toca...
Hilda Hilst
Assinar:
Postagens (Atom)