A gangue sobrevive
mesmo em ruas mais estreitas
e becos vigiados
por câmeras camufladas
instaladas no alto dos postes
e marquises maquiavélicas
A gangue se fortalece e rejuvenesce
quando encontra mais perigos
e se enlouquece se apetece
quanto mais altos forem os muros
As gangues gostam de concretos apuros
pactos de sangue e groselha
em cenários cinzas
que unem o preto ao branco
e criam atmosferas impregnadas
de mistérios e neblinas
Alguns chegam a pé
com os seus sapatos abotinados
ou tênis desamarrados
que mostram as suas línguas sedentas
por novos caminhos
outros chegam com seus cavalos de aço
e motores eufóricos
As gangues brigam por espaço
saem no braço em correntes
socos ingleses armas brancas
ou qualquer outro artefato
que possam ferir e humilhar
As gangues sobrevivem mesmo por lutar
por todos os motivos
fúteis passionais emotivos
ou sem motivos só para mostrarem
como tijolos aparentes
que os seus integrantes ainda estão vivos
ainda procuram sentidos em viver
Carlos Gutierrez
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
NATIMORTO
ANDO...
ANDO...ANDO...CAMBALEANDO...ANDO...
ANDO MEIO TORTO
SEM RUMO
NATIMORTO
À PROCURA DE UM PORTO
DO FAROL DO SEU OLHAR
E DE UM CAIS ONDE EU POSSO ATRACAR
O MEU BARCO E POSSA ABARCAR
TUDO O QUE AINDA OS MEUS SENTIDOS
POSSAM PROVISIONAR
PULO UMA POÇA D!AGUA P O
PENSANDO QUE ELA SEJA UM MAR
ANDO E DESANDO L
ANDO CURVO
TURVO OLHAR
NATIVO DO AMOR
CATIVO DAS SUAS LEMBRANÇAS
CULTIVO EMOTIVO
O QUE AINDA SE PODE OCULTAR
ANDO MEIO CURVO
MEIO CORVO MEIO ESTORVO
E AINDA SOBREVIVO
MESMO NATIMORTO
DESEJO VIVER ESSE AMOR
Carlos Gutierrez
ANDO...ANDO...CAMBALEANDO...ANDO...
ANDO MEIO TORTO
SEM RUMO
NATIMORTO
À PROCURA DE UM PORTO
DO FAROL DO SEU OLHAR
E DE UM CAIS ONDE EU POSSO ATRACAR
O MEU BARCO E POSSA ABARCAR
TUDO O QUE AINDA OS MEUS SENTIDOS
POSSAM PROVISIONAR
PULO UMA POÇA D!AGUA P O
PENSANDO QUE ELA SEJA UM MAR
ANDO E DESANDO L
ANDO CURVO
TURVO OLHAR
NATIVO DO AMOR
CATIVO DAS SUAS LEMBRANÇAS
CULTIVO EMOTIVO
O QUE AINDA SE PODE OCULTAR
ANDO MEIO CURVO
MEIO CORVO MEIO ESTORVO
E AINDA SOBREVIVO
MESMO NATIMORTO
DESEJO VIVER ESSE AMOR
Carlos Gutierrez
Fogueiras
Fogueiras
como fazê-las
torná-las toleráveis
e até mesmo aconchegantes
fagueiras
como se fôssem lareiras
Fazê-las
com folhas novas recentes verdes
junto com folhas velhas ressecadas
e misturadas em madeiras várias
novas e antigas
polidas e estragadas
que foram adoradas
por mãos e espanadores
lustras-móveis
poliflores
ou sofreram machadadas
ou invasões de insetos
formigas cupins e outros afins
madeiras
de afetos e fétidas
maciças compensadas ou em lascas
ripas
raízes troncos galhos
tripas das árvores
lisas rugosas
gravetos forquilhas
pedaços que já foram mobílias
encaixes depósitos
baús rústicos cofres
cavalinhos de pau
ou rodos vassouras cabos de enxada
e rastelos
feixes mastros paus de sebo
varetas de pipas
Fogueiras
como fazê-las aromáticas
com papéis de todas as espécies
caros ou baratos
de pão de jornal de embrulho
de sulfite de linho de seda
papéis em branco virgens
papéis riscados rasgados
amassados
manchados de tintas
suores noturnos
lágrimas de sonhos
borrões respingos
gotas de perfumes
pistas de orvalhos
lascas de esmaltes vencidos
Fogueiras
como uma intrépida
Maria Fumaça
o fazê-las fagueiras
como fagulhas
que lembrem espetáculos
passagens de anos novos
e circos místicos
que lembrem
lampejos pirotécnicos
fumaça branca de papa
fumaça densa e alegre de uma intrépida
Maria Fumaça
Combustão aromática
defumagens de paisagens
lascas de árvores perfumadas
sândalos vândalos na floresta
pedaços de metais
de vidros
de porcelanas chinesas
ind evidos
mas que estavam por algum motivo
retidos no chão da terra
assim como pregos e parafusos solitários
arruelas perdidas
pedaços de arame contorcidos
que fugiram das cercas
talvez pela própria ferrugem
Ação do tempo
fuligens
Fogueiras
como fazê-las
sem as tornarem agressivas
abrasivas de intrigas
com madeiras papéis
vencidos esquecidos
nem lidos
jogados
revirados
papéis rapidamente tragados pelo fogo
pelo jogo e jugo impiedoso das labaredas
Queima de arquivos
mortos e móveis
Papéis carbonizados
agonizados em chamas
que viram cinzas
e depois se resfriam
dissolvidas
em córregos rios poças d'água
que as levam sem mágoas
sem saber jamais
o que estava e o que não estava
escrito
tão pouco as suas entrelinhas
Fogueira como fazê-las
acrescentar aos papéis e madeiras
penas dispersas de aves
lembranças de voo
penas de pássaros
pedaços de ninhos
asas de cigarrras
que já não cantam mais
varetas de bambu
metais
ferro alumínio
folhas de flandres
caixas Tetrapak
pedaços de canela
alguns cravos
de temperos e lapelas
pétalas e pólem
beijos doces de abelhas
para tornar
a fogueira mais aromática
e impregnar a roupa
e a pele do corpo
com o seu perfume mágico
Fogueiras
para fazê-las tudo é válido
papéis madeiras penas
carvões tecidos
e cascas de frutas
longas de laranjas
doces e ácidas
c urtas de bananas
cascas moles ou duras
de castanhas ou cerejas
caroços e sementes
pó de café
ervas
aditivos extras
fortes e suaves
querosene alcool
gasolina
latex de elásticos cansados
c lipes abertos enferrujados
que não precisam segurar mais nada
grampos que sonharam ser grilos
tabaco
E para atiçar mais o fogo
e manter as brasas mais vivas
vermelhas
carismáticas aos sentidos
revirar acariciar a fogueira
com uma pá ou outro objeto
que improvise
e mantenha os aromas suspensos no ar
contra o espêsso e negro gás carbônico
Fogueiras
difícil mantê-las
difìcil extirpá-las
ainda mais quando elas crepitam
as nossas vaidades
Carlos Gutierrez
como fazê-las
torná-las toleráveis
e até mesmo aconchegantes
fagueiras
como se fôssem lareiras
Fazê-las
com folhas novas recentes verdes
junto com folhas velhas ressecadas
e misturadas em madeiras várias
novas e antigas
polidas e estragadas
que foram adoradas
por mãos e espanadores
lustras-móveis
poliflores
ou sofreram machadadas
ou invasões de insetos
formigas cupins e outros afins
madeiras
de afetos e fétidas
maciças compensadas ou em lascas
ripas
raízes troncos galhos
tripas das árvores
lisas rugosas
gravetos forquilhas
pedaços que já foram mobílias
encaixes depósitos
baús rústicos cofres
cavalinhos de pau
ou rodos vassouras cabos de enxada
e rastelos
feixes mastros paus de sebo
varetas de pipas
Fogueiras
como fazê-las aromáticas
com papéis de todas as espécies
caros ou baratos
de pão de jornal de embrulho
de sulfite de linho de seda
papéis em branco virgens
papéis riscados rasgados
amassados
manchados de tintas
suores noturnos
lágrimas de sonhos
borrões respingos
gotas de perfumes
pistas de orvalhos
lascas de esmaltes vencidos
Fogueiras
como uma intrépida
Maria Fumaça
o fazê-las fagueiras
como fagulhas
que lembrem espetáculos
passagens de anos novos
e circos místicos
que lembrem
lampejos pirotécnicos
fumaça branca de papa
fumaça densa e alegre de uma intrépida
Maria Fumaça
Combustão aromática
defumagens de paisagens
lascas de árvores perfumadas
sândalos vândalos na floresta
pedaços de metais
de vidros
de porcelanas chinesas
ind evidos
mas que estavam por algum motivo
retidos no chão da terra
assim como pregos e parafusos solitários
arruelas perdidas
pedaços de arame contorcidos
que fugiram das cercas
talvez pela própria ferrugem
Ação do tempo
fuligens
Fogueiras
como fazê-las
sem as tornarem agressivas
abrasivas de intrigas
com madeiras papéis
vencidos esquecidos
nem lidos
jogados
revirados
papéis rapidamente tragados pelo fogo
pelo jogo e jugo impiedoso das labaredas
Queima de arquivos
mortos e móveis
Papéis carbonizados
agonizados em chamas
que viram cinzas
e depois se resfriam
dissolvidas
em córregos rios poças d'água
que as levam sem mágoas
sem saber jamais
o que estava e o que não estava
escrito
tão pouco as suas entrelinhas
Fogueira como fazê-las
acrescentar aos papéis e madeiras
penas dispersas de aves
lembranças de voo
penas de pássaros
pedaços de ninhos
asas de cigarrras
que já não cantam mais
varetas de bambu
metais
ferro alumínio
folhas de flandres
caixas Tetrapak
pedaços de canela
alguns cravos
de temperos e lapelas
pétalas e pólem
beijos doces de abelhas
para tornar
a fogueira mais aromática
e impregnar a roupa
e a pele do corpo
com o seu perfume mágico
Fogueiras
para fazê-las tudo é válido
papéis madeiras penas
carvões tecidos
e cascas de frutas
longas de laranjas
doces e ácidas
c urtas de bananas
cascas moles ou duras
de castanhas ou cerejas
caroços e sementes
pó de café
ervas
aditivos extras
fortes e suaves
querosene alcool
gasolina
latex de elásticos cansados
c lipes abertos enferrujados
que não precisam segurar mais nada
grampos que sonharam ser grilos
tabaco
E para atiçar mais o fogo
e manter as brasas mais vivas
vermelhas
carismáticas aos sentidos
revirar acariciar a fogueira
com uma pá ou outro objeto
que improvise
e mantenha os aromas suspensos no ar
contra o espêsso e negro gás carbônico
Fogueiras
difícil mantê-las
difìcil extirpá-las
ainda mais quando elas crepitam
as nossas vaidades
Carlos Gutierrez
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
A Curva da Cintura
A curva
da cintura insinua música dança harmoniza o corpo
destila e estiliza os movimentos
A curva da cintura curvatura atura o frenesi de um corpo
e compete com as outras curvas
das estradas esburacadas ou recapeadas
e vira confete e serpentina
com muitas curvas
A curva da cintura enlouquece o cinto
que não a segura
a curva flutua e entra em espirais
A curva da cintura percorre retas e outras curvas
como as concretas de Niemayer
ou abstratas de um quadro de Kandinsky
A curva da cintura depura
distraí e faz até delirar
o olhar de um quadrado
da cintura insinua música dança harmoniza o corpo
destila e estiliza os movimentos
A curva da cintura curvatura atura o frenesi de um corpo
e compete com as outras curvas
das estradas esburacadas ou recapeadas
e vira confete e serpentina
com muitas curvas
A curva da cintura enlouquece o cinto
que não a segura
a curva flutua e entra em espirais
A curva da cintura percorre retas e outras curvas
como as concretas de Niemayer
ou abstratas de um quadro de Kandinsky
A curva da cintura depura
distraí e faz até delirar
o olhar de um quadrado
sábado, 3 de dezembro de 2011
POEMA CONTÍNUO
SIRVO
NÃO SIRVO
NOCIVO
POSSÍVEL
POCILGA
IMPOSSÍVEL
IMPULSIVO
SER SERVO
SOU VERO
VERIDITO
VEROSSÍMEL
SEVERO COMIGO
SOU MAIS
QUE UM VERME
LOMBRIGA
SOU VERVE
SOU VERSO
SOUVENIR
DIVERSO
POEMA CONTÍNUO
NÃO SIRVO
NOCIVO
POSSÍVEL
POCILGA
IMPOSSÍVEL
IMPULSIVO
SER SERVO
SOU VERO
VERIDITO
VEROSSÍMEL
SEVERO COMIGO
SOU MAIS
QUE UM VERME
LOMBRIGA
SOU VERVE
SOU VERSO
SOUVENIR
DIVERSO
POEMA CONTÍNUO
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
ENCONTRO
APROXIMA
NÃO RECUA
ACELERA
TODO ENCONTRO
TEM A SUA ESPERA
O SEU ESPANTO
MAS SERÁ SEMPRE ENCANTO
SE FOR ELA
SE FOR FLOR
SE FOREVER
NÃO RECUA
ACELERA
TODO ENCONTRO
TEM A SUA ESPERA
O SEU ESPANTO
MAS SERÁ SEMPRE ENCANTO
SE FOR ELA
SE FOR FLOR
SE FOREVER
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
domingo, 9 de outubro de 2011
David Murray
http://www.npr.org/2011/10/02/140927696/first-listen-david-murray-cuban-ensemble-plays-nat-king-cole-en-espa-ol
sábado, 8 de outubro de 2011
Cildo
Cildo
instala
instaura
contemporaneidade
percebe lugares
atravessa paisagens
contrói catedrais
com hóstias ossos e moedas
Espalha o seu sangue poeta
em seu desvio vermelho
tinge de rubro
os móveis
os aparelhos domésticos
a linha branca
os bens duráveis e descartáveis
os aparelho que brincamos
e os que nos provocam medos
Tinge de vermelho
Infringe escarlate
pálidos conceitos
Tinge de vermelho
todos os ambientes
nem os espelhos escapam
e das torneiras emotivas
jorra o líquido vermelho
tão vermelho como um Campari
ou a capa de um toureiro
em seu particular e cruel safari
Cildo despeja sal
sem carne
despeja o cal
que calcifica a alma
Cildo instala redes
protege as suas novas amigas:
bolas de borracha mudas
mas saltitantes e elásticas
que se espalham aleatórias
sobre os mais diferentes pisos
ora no mármore de Carrara
destinado aos pés da rainha
ora no frio cimento da garagem
ou da calçada
que sepultou algumas moedas
e declarações quase sempre inúteis
ora no piso de madeira
ensebado de cera
que um dia já foi uma pista de boliche
e hoje se entrega ao fetiche
de ver as dançarinas
com as suas suaves sapatilhas
escorregarem
ora na grama
ou no capim rebelde
que um dia sonhou ser
um campo de golfe
ora na cabeça de uma formiga
que não teve a menor chance
Cildo
capta o momento
o barbante instante
para ser um malabarista do tempo
esquecer que está esfomeado
atolado de tolos compromissos
submissos aos trabalhos
que não lhe proporcionam nenhum prazer
para nutrir os seus pensamentos
com as suas doces lembranças
e não perceber
quando lhe ver e ser hipnotizado
o futuro o presente e o passado
ser o esmalte nas unhas dos seus dedos
ser o batom na superfície húmida dos seus lábios
ser uma gota de sangue
que rolou sobre a sua face
após um descuidado fecho
em seu brinco delicado
Carlos Gutierrez
instala
instaura
contemporaneidade
percebe lugares
atravessa paisagens
contrói catedrais
com hóstias ossos e moedas
Espalha o seu sangue poeta
em seu desvio vermelho
tinge de rubro
os móveis
os aparelhos domésticos
a linha branca
os bens duráveis e descartáveis
os aparelho que brincamos
e os que nos provocam medos
Tinge de vermelho
Infringe escarlate
pálidos conceitos
Tinge de vermelho
todos os ambientes
nem os espelhos escapam
e das torneiras emotivas
jorra o líquido vermelho
tão vermelho como um Campari
ou a capa de um toureiro
em seu particular e cruel safari
Cildo despeja sal
sem carne
despeja o cal
que calcifica a alma
Cildo instala redes
protege as suas novas amigas:
bolas de borracha mudas
mas saltitantes e elásticas
que se espalham aleatórias
sobre os mais diferentes pisos
ora no mármore de Carrara
destinado aos pés da rainha
ora no frio cimento da garagem
ou da calçada
que sepultou algumas moedas
e declarações quase sempre inúteis
ora no piso de madeira
ensebado de cera
que um dia já foi uma pista de boliche
e hoje se entrega ao fetiche
de ver as dançarinas
com as suas suaves sapatilhas
escorregarem
ora na grama
ou no capim rebelde
que um dia sonhou ser
um campo de golfe
ora na cabeça de uma formiga
que não teve a menor chance
Cildo
capta o momento
o barbante instante
para ser um malabarista do tempo
esquecer que está esfomeado
atolado de tolos compromissos
submissos aos trabalhos
que não lhe proporcionam nenhum prazer
para nutrir os seus pensamentos
com as suas doces lembranças
e não perceber
quando lhe ver e ser hipnotizado
o futuro o presente e o passado
ser o esmalte nas unhas dos seus dedos
ser o batom na superfície húmida dos seus lábios
ser uma gota de sangue
que rolou sobre a sua face
após um descuidado fecho
em seu brinco delicado
Carlos Gutierrez
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Habana Blues
Eu tenho poucos recursos:
dois olhos meio cansados
mas felizes quando eu puxo
as suas lindas imagens
eu tenho um nariz basco
que armazenou pelo tempo
as mais deliciosas fragrâncias:
o perfume marcante de um charuto
puro cubano
dos toques de madeira e mel
de um rum revitalizante
e dos aromas de suas lembranças
eu tenho dois ouvidos
que fogem dos barulhos e atritos
das conversas perversas
e procuram os sons da perfeita orquestra
que sem saber você rege
sendo uma instrumentista
seu saxofone impera
e a primavera em flores
e sons de pássaros se apodera
da minha alma sincera
eu tenho um cor ação
que sempre lhe espera
e quando a vê se exalta
salta acelera
e supera o som frenético das maracas
eu tenho os lábios salientes
que desejam ardentes feito rum
pelo menos um beijo seu Baby Blue
Carlos Gutierrez
dois olhos meio cansados
mas felizes quando eu puxo
as suas lindas imagens
eu tenho um nariz basco
que armazenou pelo tempo
as mais deliciosas fragrâncias:
o perfume marcante de um charuto
puro cubano
dos toques de madeira e mel
de um rum revitalizante
e dos aromas de suas lembranças
eu tenho dois ouvidos
que fogem dos barulhos e atritos
das conversas perversas
e procuram os sons da perfeita orquestra
que sem saber você rege
sendo uma instrumentista
seu saxofone impera
e a primavera em flores
e sons de pássaros se apodera
da minha alma sincera
eu tenho um cor ação
que sempre lhe espera
e quando a vê se exalta
salta acelera
e supera o som frenético das maracas
eu tenho os lábios salientes
que desejam ardentes feito rum
pelo menos um beijo seu Baby Blue
Carlos Gutierrez
domingo, 28 de agosto de 2011
Desabilitado
Desabilitado
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
do impacto
do poste solitário
ou do muro pichado
de recentes
inocentes
indecentes
declarações
gravadas
apressadas
em tintas ofuscantes
ou fosforescentes
ainda misturadas com o sangue quente
do pulso aberto
e da mão esfolada
ou antigas confissões
carcomidas
em musgos
muitas
com prazos de validade
já vencidas
óleos queimados
Não sei dirigir um automóvel
mão trêmulas
pés de chumbo
cabeça nas nuvens
olhos nas estrelas
lubrificadas
pavor
dessa estrutura mecânica
mexendo
com a minha vida orgânica
sangue e gasolina
aditivos extras
um óculos Ray Ban
a mulher gato
o chapéu Bardhal
Tudo vai bem
tudo vai mal
baterias descarregadas
black out
em comandos elétricos
lataria
remaquiada
em batidas
feridas metálicas
pneumáticos traumáticos
ruas estreitas
garganta seca
rodovias amplas
pedágios
presságios
Ausência de reflexos
Semáforos
olhos vermelhos de sono
olhos amarelos de medo
olhos verdes de espanto
Pintor dautônico
em estradas encobertas
por melancólicas neblinas
Radares
excessos
bafômetros
provas contra mim mesmo
contra-mão
confusão de marchas
Mãos cheias de graxa
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
dos buracos
das crateras
do asfalto que ferve
e se dissolve
como um chiclete negro
tão inconveniente
grudento
nojento
na língua de borracha
dentro das solas
dos sapatos sedentos
de novos rumos
pneus carecas
cavalos de pau
transtornados
tropel de animais
que perderam
os seus naturais espaços
trânsito selvagem
e o fantasma ágil
de um vigilante rodoviário
Não sei dirigir
freio
quando deveria acelerar
esqueço de trocar o óleo
de olhar a reserva
de combustível
Nem sei ao menos onde estou
culpo o guia de ruas desatualizado
e o GPS alucinado
só me indica desvios
impossível continuar
tanque vazio
o posto de combustível
está tão longe
mais do que os meus pensamentos
Não sei dirigir
me enrolo todo
até para colocar
o cinto de segurança
me confundo
piso fundo
tento ligar o para-brisas...
vidros sujos de lágrimas
e cinzas
perdi o para-choque
no meio do caminho...
e a antena
sumiu dentro de uma nuvem
de gafanhotos
esqueci o estepe
e o macaco fugiu
nas cercanias da rodovia
paro no acostamento
e lamento
o isolamento
que uma simples viagem
possa causar
não sei dirigir
sei apenas fugir...
e admirar
quem pode controlar
essas máquinas voadoras
blindadas com os seus olhos
escuros fumê
ou abertos conversíveis
sem receios de ataques
de ventos e devaneios possíveis
sem temores de sequestros
calculados ou relâmpagos
sem medo de colidir
com uma diligência
vinda do velho Oeste
Não buzine
os seus gritos
estridentes
agora
estou ouvindo uma canção de amor
a la Angela Ro Ro
Não sei dirigir
eu só sei fugir
barulho de motor
Posso infringir
todas as leis de trânsito
todas as leis da física
todos os mistérios
do tempo e do espaço
Eta Einstein Relatividade
Não quero ver o seu rosto de rancor
no espelho do meu retrovisor
Pode me ultrapassar
com toda a sua pressa de viver
a minha há muito tempo
está na oficina
esperando repor
peças originais
Carlos Gutierrez
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
do impacto
do poste solitário
ou do muro pichado
de recentes
inocentes
indecentes
declarações
gravadas
apressadas
em tintas ofuscantes
ou fosforescentes
ainda misturadas com o sangue quente
do pulso aberto
e da mão esfolada
ou antigas confissões
carcomidas
em musgos
muitas
com prazos de validade
já vencidas
óleos queimados
Não sei dirigir um automóvel
mão trêmulas
pés de chumbo
cabeça nas nuvens
olhos nas estrelas
lubrificadas
pavor
dessa estrutura mecânica
mexendo
com a minha vida orgânica
sangue e gasolina
aditivos extras
um óculos Ray Ban
a mulher gato
o chapéu Bardhal
Tudo vai bem
tudo vai mal
baterias descarregadas
black out
em comandos elétricos
lataria
remaquiada
em batidas
feridas metálicas
pneumáticos traumáticos
ruas estreitas
garganta seca
rodovias amplas
pedágios
presságios
Ausência de reflexos
Semáforos
olhos vermelhos de sono
olhos amarelos de medo
olhos verdes de espanto
Pintor dautônico
em estradas encobertas
por melancólicas neblinas
Radares
excessos
bafômetros
provas contra mim mesmo
contra-mão
confusão de marchas
Mãos cheias de graxa
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
dos buracos
das crateras
do asfalto que ferve
e se dissolve
como um chiclete negro
tão inconveniente
grudento
nojento
na língua de borracha
dentro das solas
dos sapatos sedentos
de novos rumos
pneus carecas
cavalos de pau
transtornados
tropel de animais
que perderam
os seus naturais espaços
trânsito selvagem
e o fantasma ágil
de um vigilante rodoviário
Não sei dirigir
freio
quando deveria acelerar
esqueço de trocar o óleo
de olhar a reserva
de combustível
Nem sei ao menos onde estou
culpo o guia de ruas desatualizado
e o GPS alucinado
só me indica desvios
impossível continuar
tanque vazio
o posto de combustível
está tão longe
mais do que os meus pensamentos
Não sei dirigir
me enrolo todo
até para colocar
o cinto de segurança
me confundo
piso fundo
tento ligar o para-brisas...
vidros sujos de lágrimas
e cinzas
perdi o para-choque
no meio do caminho...
e a antena
sumiu dentro de uma nuvem
de gafanhotos
esqueci o estepe
e o macaco fugiu
nas cercanias da rodovia
paro no acostamento
e lamento
o isolamento
que uma simples viagem
possa causar
não sei dirigir
sei apenas fugir...
e admirar
quem pode controlar
essas máquinas voadoras
blindadas com os seus olhos
escuros fumê
ou abertos conversíveis
sem receios de ataques
de ventos e devaneios possíveis
sem temores de sequestros
calculados ou relâmpagos
sem medo de colidir
com uma diligência
vinda do velho Oeste
Não buzine
os seus gritos
estridentes
agora
estou ouvindo uma canção de amor
a la Angela Ro Ro
Não sei dirigir
eu só sei fugir
barulho de motor
Posso infringir
todas as leis de trânsito
todas as leis da física
todos os mistérios
do tempo e do espaço
Eta Einstein Relatividade
Não quero ver o seu rosto de rancor
no espelho do meu retrovisor
Pode me ultrapassar
com toda a sua pressa de viver
a minha há muito tempo
está na oficina
esperando repor
peças originais
Carlos Gutierrez
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