domingo, 28 de agosto de 2011
Desabilitado
Desabilitado
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
do impacto
do poste solitário
ou do muro pichado
de recentes
inocentes
indecentes
declarações
gravadas
apressadas
em tintas ofuscantes
ou fosforescentes
ainda misturadas com o sangue quente
do pulso aberto
e da mão esfolada
ou antigas confissões
carcomidas
em musgos
muitas
com prazos de validade
já vencidas
óleos queimados
Não sei dirigir um automóvel
mão trêmulas
pés de chumbo
cabeça nas nuvens
olhos nas estrelas
lubrificadas
pavor
dessa estrutura mecânica
mexendo
com a minha vida orgânica
sangue e gasolina
aditivos extras
um óculos Ray Ban
a mulher gato
o chapéu Bardhal
Tudo vai bem
tudo vai mal
baterias descarregadas
black out
em comandos elétricos
lataria
remaquiada
em batidas
feridas metálicas
pneumáticos traumáticos
ruas estreitas
garganta seca
rodovias amplas
pedágios
presságios
Ausência de reflexos
Semáforos
olhos vermelhos de sono
olhos amarelos de medo
olhos verdes de espanto
Pintor dautônico
em estradas encobertas
por melancólicas neblinas
Radares
excessos
bafômetros
provas contra mim mesmo
contra-mão
confusão de marchas
Mãos cheias de graxa
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
dos buracos
das crateras
do asfalto que ferve
e se dissolve
como um chiclete negro
tão inconveniente
grudento
nojento
na língua de borracha
dentro das solas
dos sapatos sedentos
de novos rumos
pneus carecas
cavalos de pau
transtornados
tropel de animais
que perderam
os seus naturais espaços
trânsito selvagem
e o fantasma ágil
de um vigilante rodoviário
Não sei dirigir
freio
quando deveria acelerar
esqueço de trocar o óleo
de olhar a reserva
de combustível
Nem sei ao menos onde estou
culpo o guia de ruas desatualizado
e o GPS alucinado
só me indica desvios
impossível continuar
tanque vazio
o posto de combustível
está tão longe
mais do que os meus pensamentos
Não sei dirigir
me enrolo todo
até para colocar
o cinto de segurança
me confundo
piso fundo
tento ligar o para-brisas...
vidros sujos de lágrimas
e cinzas
perdi o para-choque
no meio do caminho...
e a antena
sumiu dentro de uma nuvem
de gafanhotos
esqueci o estepe
e o macaco fugiu
nas cercanias da rodovia
paro no acostamento
e lamento
o isolamento
que uma simples viagem
possa causar
não sei dirigir
sei apenas fugir...
e admirar
quem pode controlar
essas máquinas voadoras
blindadas com os seus olhos
escuros fumê
ou abertos conversíveis
sem receios de ataques
de ventos e devaneios possíveis
sem temores de sequestros
calculados ou relâmpagos
sem medo de colidir
com uma diligência
vinda do velho Oeste
Não buzine
os seus gritos
estridentes
agora
estou ouvindo uma canção de amor
a la Angela Ro Ro
Não sei dirigir
eu só sei fugir
barulho de motor
Posso infringir
todas as leis de trânsito
todas as leis da física
todos os mistérios
do tempo e do espaço
Eta Einstein Relatividade
Não quero ver o seu rosto de rancor
no espelho do meu retrovisor
Pode me ultrapassar
com toda a sua pressa de viver
a minha há muito tempo
está na oficina
esperando repor
peças originais
Carlos Gutierrez
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
do impacto
do poste solitário
ou do muro pichado
de recentes
inocentes
indecentes
declarações
gravadas
apressadas
em tintas ofuscantes
ou fosforescentes
ainda misturadas com o sangue quente
do pulso aberto
e da mão esfolada
ou antigas confissões
carcomidas
em musgos
muitas
com prazos de validade
já vencidas
óleos queimados
Não sei dirigir um automóvel
mão trêmulas
pés de chumbo
cabeça nas nuvens
olhos nas estrelas
lubrificadas
pavor
dessa estrutura mecânica
mexendo
com a minha vida orgânica
sangue e gasolina
aditivos extras
um óculos Ray Ban
a mulher gato
o chapéu Bardhal
Tudo vai bem
tudo vai mal
baterias descarregadas
black out
em comandos elétricos
lataria
remaquiada
em batidas
feridas metálicas
pneumáticos traumáticos
ruas estreitas
garganta seca
rodovias amplas
pedágios
presságios
Ausência de reflexos
Semáforos
olhos vermelhos de sono
olhos amarelos de medo
olhos verdes de espanto
Pintor dautônico
em estradas encobertas
por melancólicas neblinas
Radares
excessos
bafômetros
provas contra mim mesmo
contra-mão
confusão de marchas
Mãos cheias de graxa
Não sei dirigir
sei apenas fugir...
dos buracos
das crateras
do asfalto que ferve
e se dissolve
como um chiclete negro
tão inconveniente
grudento
nojento
na língua de borracha
dentro das solas
dos sapatos sedentos
de novos rumos
pneus carecas
cavalos de pau
transtornados
tropel de animais
que perderam
os seus naturais espaços
trânsito selvagem
e o fantasma ágil
de um vigilante rodoviário
Não sei dirigir
freio
quando deveria acelerar
esqueço de trocar o óleo
de olhar a reserva
de combustível
Nem sei ao menos onde estou
culpo o guia de ruas desatualizado
e o GPS alucinado
só me indica desvios
impossível continuar
tanque vazio
o posto de combustível
está tão longe
mais do que os meus pensamentos
Não sei dirigir
me enrolo todo
até para colocar
o cinto de segurança
me confundo
piso fundo
tento ligar o para-brisas...
vidros sujos de lágrimas
e cinzas
perdi o para-choque
no meio do caminho...
e a antena
sumiu dentro de uma nuvem
de gafanhotos
esqueci o estepe
e o macaco fugiu
nas cercanias da rodovia
paro no acostamento
e lamento
o isolamento
que uma simples viagem
possa causar
não sei dirigir
sei apenas fugir...
e admirar
quem pode controlar
essas máquinas voadoras
blindadas com os seus olhos
escuros fumê
ou abertos conversíveis
sem receios de ataques
de ventos e devaneios possíveis
sem temores de sequestros
calculados ou relâmpagos
sem medo de colidir
com uma diligência
vinda do velho Oeste
Não buzine
os seus gritos
estridentes
agora
estou ouvindo uma canção de amor
a la Angela Ro Ro
Não sei dirigir
eu só sei fugir
barulho de motor
Posso infringir
todas as leis de trânsito
todas as leis da física
todos os mistérios
do tempo e do espaço
Eta Einstein Relatividade
Não quero ver o seu rosto de rancor
no espelho do meu retrovisor
Pode me ultrapassar
com toda a sua pressa de viver
a minha há muito tempo
está na oficina
esperando repor
peças originais
Carlos Gutierrez
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Encontro para Cinéfilos
Desconcertantes atrações confirmadas para este retorno 2011
Lille, capital da China no primeiro fim de semana de setembro... Um encontro glamouroso para os cinéfilos - Festival do Cinema Americano de Deauville. Da Asia à América a menos de duas horas da Capital.
Lille, capital da China no primeiro fim de semana de setembro... Um encontro glamouroso para os cinéfilos - Festival do Cinema Americano de Deauville. Da Asia à América a menos de duas horas da Capital.
sábado, 13 de agosto de 2011
A Fábrica do Poema - Wally Salomão
A Fábrica do Poema
Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhotto / Waly SalomãoSonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
domingo, 7 de agosto de 2011
Perdidos na Noite
Perdidos na noite estamos
perdidos em seu fascínio
Perdidos na noite vamos
movidos em delírios
entre colírios e martírios
perdidos na noite somos
seres corujas
entre fugas e encontros
somos estrelas sujas
tentando brilhar
Perdidos na noite estamos
em ruas becos e avenidas
que parecem abismos
John cavalga sem cavalo
Rico arrasta os seus pés
e eu levito em um sonho de amor
Perdidos na noite vamos
em busca de sonhos concretos
desejos indiscretos
no fundo todos somos poetas
com muitas palavras e silêncios
há um certo encanto nisso
revirar as latas de lixo
unir o sublime ao promíscuo
adaptar-se ao que a vida nos oferece
John personifica o eterno cowboy
um eterno garanhão
Ratzo veste todas as dores do mundo
e mesmo trôpego caminha
enquanto eu movido
aos ventos de um devaneio
fico no meio entre os dois
nem antes nem depois
durante enquanto a noite
se faz o gás de um tambor
prestes a explodir
Carlos Gutierrez
perdidos em seu fascínio
Perdidos na noite vamos
movidos em delírios
entre colírios e martírios
perdidos na noite somos
seres corujas
entre fugas e encontros
somos estrelas sujas
tentando brilhar
Perdidos na noite estamos
em ruas becos e avenidas
que parecem abismos
John cavalga sem cavalo
Rico arrasta os seus pés
e eu levito em um sonho de amor
Perdidos na noite vamos
em busca de sonhos concretos
desejos indiscretos
no fundo todos somos poetas
com muitas palavras e silêncios
há um certo encanto nisso
revirar as latas de lixo
unir o sublime ao promíscuo
adaptar-se ao que a vida nos oferece
John personifica o eterno cowboy
um eterno garanhão
Ratzo veste todas as dores do mundo
e mesmo trôpego caminha
enquanto eu movido
aos ventos de um devaneio
fico no meio entre os dois
nem antes nem depois
durante enquanto a noite
se faz o gás de um tambor
prestes a explodir
Carlos Gutierrez
sábado, 6 de agosto de 2011
Manhattan
Basta um banco de jardim
como testemunha
de um amor sem fim
aquele amor sincero
que transparece mesmo em um nevoeiro
Basta um banco de jardim
algumas folhas cálidas
caídas no chão que ainda conserva
pétalas do que foram flores
e ainda são em lembranças de aromas
A noite já avança em Manhattan
estamos a muito tempo conversando
nem percebemos as horas passarem...
nosso amor jamais será entendiante!
Carlos Gutierrez
como testemunha
de um amor sem fim
aquele amor sincero
que transparece mesmo em um nevoeiro
Basta um banco de jardim
algumas folhas cálidas
caídas no chão que ainda conserva
pétalas do que foram flores
e ainda são em lembranças de aromas
A noite já avança em Manhattan
estamos a muito tempo conversando
nem percebemos as horas passarem...
nosso amor jamais será entendiante!
Carlos Gutierrez
Woody
Woody
não pude deixar de assistir
todos os seus filmes
de refletir
e reassistir
sem resistir
e ouvir o seu clarinete
sem falsetes
puro límpido envolvente
no dueto com o banjo...
esbanjo poesia
derramo melodias
um banjo e me arranjo
ou me desarrumo
perco o prumo
perco o rumo
mas não sumo
e assumo o que ainda pude viver
viver o que posso o que pude
suave ou rude
na verdade da realidade
no sonho que ilude
encontro o bonde
onde se esconde Woody
Carlos Gutierrez
não pude deixar de assistir
todos os seus filmes
de refletir
e reassistir
sem resistir
e ouvir o seu clarinete
sem falsetes
puro límpido envolvente
no dueto com o banjo...
esbanjo poesia
derramo melodias
um banjo e me arranjo
ou me desarrumo
perco o prumo
perco o rumo
mas não sumo
e assumo o que ainda pude viver
viver o que posso o que pude
suave ou rude
na verdade da realidade
no sonho que ilude
encontro o bonde
onde se esconde Woody
Carlos Gutierrez
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