domingo, 28 de março de 2010

Errâncias

Lendo o livro do magistral poeta concreto Decio Pignatari



Aquele amor-nem-me-fale
infalível mesmo que falhe
aquele surto de amor e tesódio
o primórdio da paixão
que morde e dilacera cada momento
aqueles filmes e romances reveladores
essencialmente franceses
em que trocamos atores e papéis
conforme nossos humores
as amizades
os carinhos covardes e atrevidos
os segredos querendo fugir de nossos ouvidos
e rolar com gritos
no tobogã de nossas gargantas...
a vida descalça nas ruas
o contato com as pedras polidas e pontiagudas
frias e ferventes
repelentes ou absorventes
de nossos passos inconsequentes
Errãncias Errâncias
distancias e botes de serpentes...
Luzes palavras enfeixadas
a memória se cristaliza
enquanto o presente coagula
Fome e gula
tem a mesma ansiedade
esvazia e empaturra...


Carlos Gutierrez

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Salve