Então sentamos na poltrona,
olhamos a janela e avistamos as ruas...
as ruas sem fim
que poderiam ser tantas coisas, todas, talvez:
concretas e abstratas
asfalto e fumaça
concreto de predios
barulhos de buzinas e resmungos
A medida que olhamos, e desejamos as alusões do 'ser',
elas vão avassaladoras
crescendo, têm vida própria,
vão se tornando pervertidas,
congestionadas, divertidas, e vão, indo...
deslizando sobre o limbo do tempo
E a cidade já é pequena demais pra elas, elas vão
dilacerando, engolindo, parecem não caber,
o olhar até se perde - as alusões do 'ser'!
Levantamos e caminhamos,
vamos logo gastar os passos nestas
atrevidas ruas!
porque amanhã vou podar as roseiras do meu jardim,
estofar
a poltrona e escancarar ainda mais minha janela,
teremos mais ruas à caminhar.
Ruas sem fim!
Desiree Gomes
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