Uma canção puxa Dylan
como uma xícara de café puxa um cigarro...
na baforada de um Camel
formo a imagem nebulosa de uma mulher
e no esfarelar das cinzas que caem tão distraídas
revejo todos os caminhos percorridos
em minha vida cafeína
precocemente intelectual
em minha vida nicotina
que entorpeceu os meus sentidos
furtando um pouco do meu ar
minando o meu fôlego
mas como escapar do nevoeiro da sedução...
de uma canção longíqua Dylan
que em cada som vira um encaixe
e em cada palavra um verso novo em nossas vidas...
sorvo o café para manter
a sensação de estar desperto
fujo da morte como um garoto esperto
acostumado a pular os muros
e atravessar o deserto da solidão...
Mais uma xícara de café eu peço
para manter a inspiração..
.acendo um novo cigarro
na esperança que ele ilumine
e torne claro esse resto de rumo
que ainda tenho
esse murmurar de sons longíquos
essa sombra Dylan em que me abrigo...
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