Na metrópole,
contar passos e compassos
salto alto em equilibrio no beco escuro
esperar o enlace na cintura,
pisar no impisável.
A ausência tem efeito contrário
não dorme, olha da janela os ventos altos mastigando silêncios
costura rajadas de lembranças ao delírio de quem conta carneiros
Trânsito com contagem regressiva lastimando um alfabeto esquecido
contudo, organizado ao som de tamancos e badalos vorazes
estopim marcando a letra da construção
luzes de automóveis riscam a paisagem e buzinas em repouso
Na varanda um tilintar total que seduz,
um jazz que não é mudez
apresentada com açúcar e morangos a face descoberta
ao anoitecer
recua da trama passional tomando a cidade as duas mãos
contrafluxo.
Cortinas fechadas, o assobio cantarola:
amo a ti em tantas outras faces!
mais do que Will Eisner imaginasse
Desirée Gomes
http://figurasemlinguagem.blogspot.com/
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