sexta-feira, 21 de agosto de 2009

REVIRAR


A Poesia criativa de Barbara Leite


Os olhinhos vibram
diante da postura negra
de saia verde e corpete

As mãos aplaudem
os pés seguem

E se deparam com o DJ
tocando afoxé
no alto de um prédio

Os moradores
(e portanto donos da rua)
dançam seus corpos magros
e ritmados

Os intrusos seremos sempre gratos
por dividirem seu asfalto e
riso desdentado

E rumo a índios e rituais
ouvir arco-íris nordestino
cair no Samba no Arouche
Permiti o brega

Approach!


E depois cantar a chuva santa
com voz mansa de camelo

Muita gente
Muita gente diferente
Muita gente diferente de mim

Sou apenas gratidão
entre anúncios de trombadinhas
e trombadas
em desconhecidos

Um passeio no Anhangabaú
no Municipal
nas flores de Maracatu

Um perfume de acarajé
entre tanta urina e lixo

Pausa pro café

Encontro poetas
sob o guarda-chuva
Encontro amigos
em qualquer olhar atento
Encontro cansaço
nas pernas desacostumadas

Um descanso
Um almoço
Um lavar de louça alegre


Um retorno
Um mexer tão bonito de corpos
Um for all ali tão repleto de sentido

E Cuba era ali na esquina
e abrigava famosos anônimos entre a multidão

Baianos
velhos e novos
disputam minha atenção
com o senhor que lê a programação que não iria ver

A acrobacia, não era só no palco

O transeunte diz:

-Todo mundo vale a pena
enquanto souber plantar um pé
de algodão doce!

Resquícios e lembranças
Do rochedo andando sozinho
Quixadá

O por quê não pedia resposta
das pedras que cruzavam o caminho
Oxalá

A santa chuva volta ao longe
e assusta uma Maria
que encontra três salvadores

Os reis já tinham espalhado magia
e presentes
pelas ruas e corredores

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Salve