sexta-feira, 10 de abril de 2015

JOVEM SEMBLANTE

não tenho muitas rugas
na minha face
mesmo que o tempo passe
os meus olhos
são mais encontros do que fugas
enquanto um atura a realidade
outro tenta vislumbrar um sonho
e nessa incompatibilidade
preservo a minha vaidade
de querer ser eterno
nesse céu e inferno
enquanto a chama perdure
Jamais fiz plástica
deixo o meu rosto transparecer
quando estou feliz
a pele é elástica para abrir um sorriso
ou deixar serena a alma
quando me desespero
deixo retorcido o meu queixo
deixo franzir a minha testa
gosto enfim de sentir
o tempo passando na minha cara
o ar árido o vento cortante
os pingos refrescantes de uma chuva
não tenho muitas rugas
o meu semblante
se renova a cada instante
no encontro ou na despedida

Carlos Gutierrez
foto Bruce Davidson


I do not have many wrinkles
in my face
same time pass
my eyes
are more encounters than leaks
while a put up with reality
other tries to envision a dream
and this incompatibility
I preserve my vanity
wanting to be eternal
that heaven and hell
as the flame lasts
Never did plastic
I leave my face transpire
when I'm happy
the skin is elastic to open a smile
or leave the serene soul
When I despair
let twisted my chin
I leave my forehead frown
like finally feeling
time passing on my face
air arid the biting wind
the refreshing drops of rain
I do not have many wrinkles
my face
is renewed every moment
in the encounter or parting





YOUNG FACE





























Flores do Mal

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Bandida

Bandida
por que você não me tomou
de assalto ainda?
será que eu não valho
a sua investida
Quero lhe entregar tudo:
carteira trocados moedas
documentos crachás
chaves tolos escudos
até o bandaid da minha ferida
Bandida
de face limpa
cara de pau
encanto de menina
olhar sensual
e voz doce e enfática
face limpa
e olhos declarados
mira o meu coração culpado
mas sem remorsos
de lhe amar tanto
Quero entregar todo o meu ser
até os meus sonhos
que no mundo real ainda 
eu não pude converter
Bandida
desejo ser mais um prá sua coleção
daqueles que não esboçaram 
nenhuma reação
quando você solapa
rapa tudo!
deixa de calças na mão
sem pena alguma
Bandida
você têm projetos melhores
planos mais ousados
não vai se ocupar
de alguém sem vintém
sem rosto estampado
na coluna social
do influente jornal diário
Bandida
sei dos seus ardis e ciladas
das suas mentiras e intrigas
mas eu como um galo de briga
cego giro tonto
à sua volta
na arena serena da madrugada
Bandida
de olhos e face mascarados
você de certa forma já me furtou
todo o tempo que o meu coração
ficou disparado
atirando para todos os lados
na esperança de receber 
a sua recompensa
a prensa nos muros
o susto sobre os meus olhos 
o tremor em minhas pernas
o seu domínio que eu tanto quero
Bandida
Gatuna
que prefere as horas noturnas
para agir
só com a lua de testemunha
Larápia
de escapulidas rápidas
espero o seu assédio
o seu veneno o seu remédio
não ser o tédio de um refém!



Carlos Gutierrez
foto Bruce Davidson

Bandit
why do not you take me
assault yet?
is that I'm not worth
its investee
I want to give you everything:
portfolio exchanged coins
documents buttons
Key shells fools
to the bandaid my wound
Bandit
clean face
poker face
girl charm
look sexy
and sweet and emphatic voice
clean face
and declared eyes
mira my guilty heart
but remorseless
to love him so much
I want to give my whole being
to my dreams
in the real world yet
I could not convert
Bandit
I want to be one more will put your collection
those who do not outlined
no reaction
when you undermines
rapa all!
stops pants down
without any penalty
Bandit
you have better projects
bolder plans
will not mind
someone penniless
without printed face
social column
the influential daily newspaper
Bandit
know their traps and pitfalls
their lies and intrigues
but I like a fighting cock
blind turning dizzy
around
in the quiet of the morning arena
Bandit
eyes and face masks
you kind of have ever stolen
all the time that my heart
was shot
shooting everywhere
hoping to receive
his reward
the press on the walls
Scare on my eyes
the tremor in my legs
Your Domain I so want
Bandit
Thief
that prefer the night hours
to act
only with the witness of moon
Magpie
fast escapades
I hope your harassment
your poison your medicine
not be the boredom of a hostage!

Olhos Escuros

Eu olho para sua face
clara, límpida e sem disfarçes
subo a protuberância do seu nariz
para entrar na caverna dos teus olhos escuros
repletas de mistérios!
Dentro delas estão guardadas
todas as relíquias de todos os tempos
que você viveu!
Raios de sol congelados!
sons de tambores e guitarras rebeldes
ainda ecoando...estalos de beijos inocentes
fragmentos de cartas inocentes de amor!
agendas impregnadas de planos e pó!
sapatos, tênis, solas gastas sem dó!
todas as armas que você usou
nos caminhos tolos e gratificantes!
Eu vejo...
eu posso ver em seus olhos escuros...
o quanto uma vida pode ser obscura ou brilhante!

©Carlos Roberto Gutierrez - Poemablog

*Tradução livre de Dark Eyes, de Bob Dylan


domingo, 5 de abril de 2015

As Ruas


as ruas
não são minhas
não são tuas
são apenas
sempre duas
paralelas
que por elas
experimentamos
as aquarelas do dia
e as trevas da noite
as ruas são públicas
ladeadas
por calçadas ou não
fraturadas
ou impermeabilizadas
as ruas
de terra
de paralelepípedos
de asfalto
as ruas pacíficas
ou perigosas
propícias
aos crimes
e duelos
as ruas
nuas
desertas
ou congestionadas
saturadas
de pessoas e automotivos
as ruas limpas
sem bitucas
sem chicletes
sem folhas
sem papéis perdidos
sem bueiros entupidos
as ruas assépticas
as ruas abertas
aos manifestos
protestos
as ruas fechadas
vigiadas
as ruas nuas
ou decoradas
as ruas
e as suas travessas
e os seus becos
e o seus bêbados
e os seus cacos
os seus vidros espatifados
as ruas comportadas
sinalizadas
as ruas das gangues
as ruas vermelhas de sangue
barulhentas
ameaçadoras
as ruas de todos nós
bem sucedidos oprimidos
angustiados destemidos
cegos e outros deficientes
cachorros carentes
as ruas delinquentes
que consentem
todos os passos
e tropeços

Carlos Gutierrez
foto Bruce Davidson



the streets
are not mine
are not your

are just
always two
parallel
that by these
experience
the watercolors of the day
and the dark night
the streets are public
lined
by sidewalks or not
fractured
or waterproofing
the streets
land
cobbled
asphalt
peaceful streets
or dangerous
favorable
crimes
and duels
the streets
naked
deserted
or congested
saturated
of people and vehicles
the streets clean
no butts
without gum
leafless
no loose papers
without drains clogged
aseptic streets
open streets
to manifest
protests
closed streets
Watchlist
bare streets
or decorated
the streets
and their sleepers
and its alleys
and his drunk
and its pieces
their shattered windows
the streets behaved
Flagged
the streets of gangs
red streets of blood
noisy
threatening
the streets of us all
successful oppressed
distressed fearless
blind and other handicapped persons
needy dogs
the offenders streets
consenting
all steps
and stumbling

Salve