segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
LUMINÁRIA
"Luminária"
Foto de
Bel Gasparotto
Estava eu
andando a esmo
em uma rua escura.
Alta madrugada!
Conversando alto
comigo mesmo
eis que vejo:
uma luz solitária
projetada por uma luminária
Ela ainda tem a luz!
eu apenas o pisca-pisca de lembranças
nebulosas
gulosas
para provarem outra vez
os restos de um banquete!
Eu vejo a luminária
e a sua luz extraordinária
em confronto com um pretenso farolete
Vou de encontro então
à luminária
me abrigar em seus fachos
até que outro dia esteja pronto
talvez...
Foto de
Bel Gasparotto
Estava eu
andando a esmo
em uma rua escura.
Alta madrugada!
Conversando alto
comigo mesmo
eis que vejo:
uma luz solitária
projetada por uma luminária
Ela ainda tem a luz!
eu apenas o pisca-pisca de lembranças
nebulosas
gulosas
para provarem outra vez
os restos de um banquete!
Eu vejo a luminária
e a sua luz extraordinária
em confronto com um pretenso farolete
Vou de encontro então
à luminária
me abrigar em seus fachos
até que outro dia esteja pronto
talvez...
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Namoro as Palavras
Jamais me sinto só
levanto e limpo o pó
da capa de um dicionário
e, procuro, aleatório, uma palavra
com a sua correta grafia
e o seu real significado.
Eu namoro as palavras
até convertê-las em versos
e, quanto mais as venero,
capricho na caligrafia
e, estica-se, então, o rabicho
de cada uma delas na memória.
Eu namoro as palavras
até convertê-las em versos,
mesmo que algumas delas
não combinam com a estética poética,
mesmo que elas evoquem
sensações abjetas.
Às vezes, dou folga ao dicionário,
e as procuros em letreiros
ou muros pichados da metrópole!
Em jornais, em panfletos efêmeros
espalhados sobre a cidade,
sobre o chão!
Cada palavra tem a sua pretensão:
cada palavra é uma gráfica migalha
que um poeta sorve com gratidão!
Eu namoro as palavras
e também, às vezes,
eu procuro em você!
Já encontrei o fascínio,
o delírio, a vontade indômita,
a tola posse, a obssessão,
o sarcasmo
todo o orgasmo verbal!
Delas surgiram outras:
bem amadas,
traídas,
mau-amadas
rejeitadas:
encontro, dor, prisão...
partilhas, segredos,
ilusões...
sonhos...insônias e pesadelos
Eu namoro as palavras!
levanto e limpo o pó
da capa de um dicionário
e, procuro, aleatório, uma palavra
com a sua correta grafia
e o seu real significado.
Eu namoro as palavras
até convertê-las em versos
e, quanto mais as venero,
capricho na caligrafia
e, estica-se, então, o rabicho
de cada uma delas na memória.
Eu namoro as palavras
até convertê-las em versos,
mesmo que algumas delas
não combinam com a estética poética,
mesmo que elas evoquem
sensações abjetas.
Às vezes, dou folga ao dicionário,
e as procuros em letreiros
ou muros pichados da metrópole!
Em jornais, em panfletos efêmeros
espalhados sobre a cidade,
sobre o chão!
Cada palavra tem a sua pretensão:
cada palavra é uma gráfica migalha
que um poeta sorve com gratidão!
Eu namoro as palavras
e também, às vezes,
eu procuro em você!
Já encontrei o fascínio,
o delírio, a vontade indômita,
a tola posse, a obssessão,
o sarcasmo
todo o orgasmo verbal!
Delas surgiram outras:
bem amadas,
traídas,
mau-amadas
rejeitadas:
encontro, dor, prisão...
partilhas, segredos,
ilusões...
sonhos...insônias e pesadelos
Eu namoro as palavras!
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Des-esperar
domingo, 14 de dezembro de 2008
Nô
Nô
Minha Linda Amiga de Amparo, sem reparos!
Do príncipio ao fim
De Viniciua a Jobim
você conquista a simpatia
basta você sorrir
Ser simples pode ser tão complexo!
Nô...ssa você é tão Bossa Nova
poema e prosa
Um sorriso que parece e interpreta
a borda da praia
o barquinho sempre deslizante
por um mar sempre mais azul
Nô...ssa nó em pingo d'água
um banquinho e um violão
toda Bossa Nova desliza
em seu sorriso
que se faz canção!
Minha Linda Amiga de Amparo, sem reparos!
Do príncipio ao fim
De Viniciua a Jobim
você conquista a simpatia
basta você sorrir
Ser simples pode ser tão complexo!
Nô...ssa você é tão Bossa Nova
poema e prosa
Um sorriso que parece e interpreta
a borda da praia
o barquinho sempre deslizante
por um mar sempre mais azul
Nô...ssa nó em pingo d'água
um banquinho e um violão
toda Bossa Nova desliza
em seu sorriso
que se faz canção!
sábado, 13 de dezembro de 2008
CHUMBO
Pedrarum Preciosalis
Fernanda Rodante
Que tudo que eu possa encontrar ao meu redor
seja sempre o melhor ,
mesmo que não pareça,
que não obedeça aos meus desejos
Que seja a paisagem sonhada
o trem azul deslizando
sobre trilhos polidos e brilhantes!
que possa espairecer
mesmo sob um céu pesado
quanto o chumbo
atravessado por cortantes ventos
que possa fazer com que eu me deslumbro
mesmo num tétrico anoitecer!
que os trilhos sejam elásticos
para seduzir vagões estáticos!
Fernanda Rodante
Que tudo que eu possa encontrar ao meu redor
seja sempre o melhor ,
mesmo que não pareça,
que não obedeça aos meus desejos
Que seja a paisagem sonhada
o trem azul deslizando
sobre trilhos polidos e brilhantes!
que possa espairecer
mesmo sob um céu pesado
quanto o chumbo
atravessado por cortantes ventos
que possa fazer com que eu me deslumbro
mesmo num tétrico anoitecer!
que os trilhos sejam elásticos
para seduzir vagões estáticos!
Bebâdo Desejo
Quero entrar no bar
e mostrar a minha cara
e oferecê-la
sem disfarces ou máscaras
aos seus carinhos
ou tapas
à sua seducão
ou seu desinteresse
refletí-la
em seu copo cheio
ou sumí-la
em seu copo vazio
na pupíla
de olhos sómbrios!
quero lhe conhecer no bar
na atmosfera esfumaçada
nos balcões riscados de promessas
molhados de alcool, perfumes e suores
de mãos que acenam confissões
e outras trêmulas que seguram desejos!
e mostrar a minha cara
e oferecê-la
sem disfarces ou máscaras
aos seus carinhos
ou tapas
à sua seducão
ou seu desinteresse
refletí-la
em seu copo cheio
ou sumí-la
em seu copo vazio
na pupíla
de olhos sómbrios!
quero lhe conhecer no bar
na atmosfera esfumaçada
nos balcões riscados de promessas
molhados de alcool, perfumes e suores
de mãos que acenam confissões
e outras trêmulas que seguram desejos!
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Diversões Eletrônicas
Leandro Lamas
Diversões Eletrônicas
Fileiras de botões
Já que não posso sentir
choques na pele
a verdade suada
que causa arrepios
calafrios
risos e lágrimas
me desvio no plástico perfil
de uma boneca inflável
e a ofereço com o refil apreço
um pacote de salgadinhos de isopor
- insôssa amada-
Tão sem graça
a vida passa
nas traças e trapaças
do tempo
sem graxa em suas desgastadas
engrenagens
Seu sangue de vento
seu beijo gelado
- lábios trincados -
sua mudez irritante
Seus olhos parados...
Você não fala
não reclama nada...
Você não pode entender
os meus pecados...nada
Você está cansada
vazia e dobrada
em minhas mãos desconsoladas
pronta para ser guardada
em sua devida gaveta.
Fileiras de botões
Já que não posso sentir
choques na pele
a verdade suada
que causa arrepios
calafrios
risos e lágrimas
me desvio no plástico perfil
de uma boneca inflável
e a ofereço com o refil apreço
um pacote de salgadinhos de isopor
- insôssa amada-
Tão sem graça
a vida passa
nas traças e trapaças
do tempo
sem graxa em suas desgastadas
engrenagens
Seu sangue de vento
seu beijo gelado
- lábios trincados -
sua mudez irritante
Seus olhos parados...
Você não fala
não reclama nada...
Você não pode entender
os meus pecados...nada
Você está cansada
vazia e dobrada
em minhas mãos desconsoladas
pronta para ser guardada
em sua devida gaveta.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Farpas do Destino
C.R.Gutierrez
Os arames farpados
enferrujados
das cercas do meu destino
que fugiu do meu controle
como um badalo foge
do abrigo de um sino
Destino
Desatino
eu não pude segurar
os meus animais intempestivos.
O vime destrançado
e ressequido
do baú da minha vida
expôs a negra ferida
vazia de luz
ofuscando papéis e bujigangas
todas e tolas miçangas
adormecidas.
Por que guardar
colecionar
se no fim
nada levaremos
nem a sombra de nós mesmos?
enferrujados
das cercas do meu destino
que fugiu do meu controle
como um badalo foge
do abrigo de um sino
Destino
Desatino
eu não pude segurar
os meus animais intempestivos.
O vime destrançado
e ressequido
do baú da minha vida
expôs a negra ferida
vazia de luz
ofuscando papéis e bujigangas
todas e tolas miçangas
adormecidas.
Por que guardar
colecionar
se no fim
nada levaremos
nem a sombra de nós mesmos?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Despejo
AD Gloriam
Pela Gloria
Fernanda Rodante
( mesmo no despejo das horas...)
Não tenho mais quarto!
janela!
sôssego!
contemplar de estrelas!
revoadas de pássaros!
espaço
para dormir
e sonhar
e também vígilia
- noites sem dormir -
furtos noturnos na geladeira.
Não tenho mais guarda-roupas!
Um jeans Wrangler
dorme agora azul desbotado
sobre o chão estatelado.
Uma camiseta pólo vermelha
com o seu falso jacaré de emblema
abraça um desgastado par de tênis
e um sómbrio guarda-chuva negro
se esconde,
retorce as suas varetas
num canto qualquer da parede
com sêde de chuva.
Não tenho mais gavetas!
tudo agora se acomoda em improvisos
em sarcásticos risos
flagrados nos cantos dos lábios.
O vidro vazio de perfume
que há muito tempo
já se dissipou
rola sobre o piso
sem direção.
Os cartões postais espalhados
- dispersas viagens quase sem lembranças -
As cartas de amor vencidas!
O Bandaid que já não cola, não adere
e nem sara mais as feridas do tempo.
Não tenho mais escrivaninha!
Uma linha sequer de consolo.
Acabou-se a tinta!
o mata-borrão,
os papéis de rascunhos
e os manuscritos esquecidos
em uma pasta qualquer.
A desordem me atordoa,
enquanto a minha imaginação voa...
e te procura doce amor!
Onde tu se encontras
dentro do invólucro de alumínio
do chocolate que comprei
no mais recente domingo,
de malas prontas para partir ou voltar,
em qual cidade, em que rua,
em qual recinto, em qual móvel?
Eu te sinto apenas no ar...
Pela Gloria
Fernanda Rodante
( mesmo no despejo das horas...)
Não tenho mais quarto!
janela!
sôssego!
contemplar de estrelas!
revoadas de pássaros!
espaço
para dormir
e sonhar
e também vígilia
- noites sem dormir -
furtos noturnos na geladeira.
Não tenho mais guarda-roupas!
Um jeans Wrangler
dorme agora azul desbotado
sobre o chão estatelado.
Uma camiseta pólo vermelha
com o seu falso jacaré de emblema
abraça um desgastado par de tênis
e um sómbrio guarda-chuva negro
se esconde,
retorce as suas varetas
num canto qualquer da parede
com sêde de chuva.
Não tenho mais gavetas!
tudo agora se acomoda em improvisos
em sarcásticos risos
flagrados nos cantos dos lábios.
O vidro vazio de perfume
que há muito tempo
já se dissipou
rola sobre o piso
sem direção.
Os cartões postais espalhados
- dispersas viagens quase sem lembranças -
As cartas de amor vencidas!
O Bandaid que já não cola, não adere
e nem sara mais as feridas do tempo.
Não tenho mais escrivaninha!
Uma linha sequer de consolo.
Acabou-se a tinta!
o mata-borrão,
os papéis de rascunhos
e os manuscritos esquecidos
em uma pasta qualquer.
A desordem me atordoa,
enquanto a minha imaginação voa...
e te procura doce amor!
Onde tu se encontras
dentro do invólucro de alumínio
do chocolate que comprei
no mais recente domingo,
de malas prontas para partir ou voltar,
em qual cidade, em que rua,
em qual recinto, em qual móvel?
Eu te sinto apenas no ar...
Olhando o teto do quarto,
concentrado no giro frenético
de um inseto compulsivo
em volta da lâmpada.
Ouço um barulho!
é uma paisagem que caiu da parede.
A moldura que se fracionou e
juntou-se aos outros detritos!
Ah! doce amor
eu te sinto apenas no ar...que eu respiro
Te engulo agora
ventríloquo
junto com o café
todo este aroma
que desperta os sentidos...
te engulo agora
com a providencial aspirina...
para suportar a naftalina
que um velho guarda-roupa deixou para trás.
Preciso de roupas novas!
de tuas mãos delicadas
retirando as etiquetas ainda coladas,
tecendo carinhos sobre elas
até descobrir a minha carente pele.
Estou ao relento!
sofrendo as rajadas de vento
- toda a sua fúria -
Preciso tanto do teu calor!
Onde tu te encontras doce amor?
No despejo das horas...
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