sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Hilda Hilst - FLIP 2018

entopernambuco.com.br/edições-anteriores/77-capa/1387-estimada-senhora-h.html

Fita K7

poema em forma de fita cassete
qual a música que me define?
Time After Time
com toda a sensibilidade de Chet Baker
e porque o tempo
é o que mais me encanta e desafia
o tempo que eu ainda não era nascido
o tempo em que eu nasci
o tempo em que vivo
o tempo do incerto amanhã
o tempo de estudos e gazetas
o tempo do conhecimento
o tempo jogado fora
o tempo real
o tempo ilusório
o tempo que dura uma fita cassete
o tempo que cada canção nela compactada
ainda melhora o nosso tempo de agora
as notas de outrora
a escala que prepara a realização e a frustração
os acordes que nos despertam ou nos adormecem
a melodia do dia em harmonia com o ritmo da noite
os arranjos que encontramos ou dispensamos
para tocar a vida
sempre que possível em alta fidelidade
a fita que preparamos com esmero
seleção e paciência
a fita magnética que toca as músicas prediletas
e tentam tocar o coração da amada
a fita o laço sonoro
que transplanta os meus olhos
e se faz atalho do labirinto dos meus ouvidos
a fita compacta que gira
gira,,,gira...enquanto inspira
ou suspira por alguém
a fita que se por ventura "engripa"
pede o socorro de uma ponta de lápis
ou o chapéu de uma caneta "Bic"
para não perder a sintonia
e sempre sentir sinfonia
a fita cassete
que cabe num envelope
e pode ser uma declaração de amor
Carlos Roberto Gutierrez

Caminho

caminho
sobre pedras
espinhos
linhas e linhos
limbos
folhas
gravetos
asfalto
betume
caminho
não importa
o piso
o assoalho
o cascalho
a areia
caminho
decidido
hesitante
cambaleante
distraído
atento
contra
ou a favor
do vento
caminho
e se não vejo
nenhuma rua
trilha
alameda
beco
invento
traço no papel
uma ou mais
linhas
contínuas
ou quebradas
caminho
nas estradas
amplas
ou estreitas
caminho
pelo alfabeto
assim nada
será deserto
pois tudo pode ser palavra
e toda palavra pode ser verso
pé meia descalço percalço
recorte decote bermuda
pula brejo areia movediça
preguiça cobiça
caminho
cansaço

acossado
Carlos Roberto Gutierrez

Desafinados

Não podemos ficar juntos
tão pouco ficarmos separados
então seguimos desafinados
para provar e prover o nosso amor
para impulsionar e improvisar
uma paixão sem temor
de desafiar o tempo
promissor ou opressor
em seus ritmos:
lento
ou ligeiro
apressado
e todos os seus compassos
e descompassos
os seus ponteiros
em horas agudas graves e agradáveis
com os seus verdadeiros e 
falsos alarmes
com as suas lembranças
badalos de sinos de cobre ou de ouro
e suas cobranças de horas inadiáveis


Não podemos ficar juntos
num idílico duradouro
mesmo com tantos assuntos
sustos surtos de surpresas
tão pouco ficarmos separados
mesmo com tantos muros
concretos apuros
cercas implacáveis
el´tricas emotivas
ou de arames farpados
medos retorcidos
Não podemos ser suaves
tão pouco sermos selvagens:
um carinho uma resposta
uma dúvida nos impele
ao que não se pode sentir na pele
mas expele saudade
sem derramar uma gota sequer de remorso
sem deixar qualquer rastro de vaidade


Podemos somar as nossas virtudes:
um violão pode se tornar um alaúde
Podemos subtrair os nossos defeitos
desafinar em algumas notas
a longa melodia
Podemos multiplicar os nossos interesses
e dividirmos os nossos sonhos clarinetes
sem perdermos o encanto de nossas diferenças
e o sono tranquilo de nossas inconsciências


Podemos ser
sem antes sem passado sem pauta
sem depois sem futuro sem a mão imprudente
durante agora como uma envolvente flauta
podemos ser uma canção de amor


só isso mesmo é que faz fausta falta


Podemos mesmo
sendo desafinados
juntarmos os nossos lados
e afinidades
e predestinados
à eterna felicidade


Carlos  Roberto Gutierrez

Desafinado

https://www.facebook.com/Templo.Cultural.Delfos/videos/1257869634249449/

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Woody

http://www.revistabula.com/12289-woody-allen-filmografia-comentada/

Samba de verão

https://www.facebook.com/reticenciapoetica/videos/1935444483138884/

Sad-Eyed Lady Of The Lowlands

Sad-Eyed Lady Of The Lowlands
With your mercury mouth in the missionary times
And your eyes like smoke and your prayers like rhymes
And your silver cross, and your voice like chimes
Oh, who among them do they think could bury you?
With your pockets well protected at last
And your streetcar visions which you place on the grass
And your flesh like silk, and your face like glass
Who among them do they think could carry you?
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?
With your sheets like metal and your belt like lace
And your deck of cards missing the jack and the ace
And your basement clothes and your hollow face
Who among them can think he could outguess you?
With your silhouette when the sunlight dims
Into your eyes where the moonlight swims
And your match-book songs and your gypsy hymns
Who among them would try to impress you?
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?
The kings of Tyrus with their convict list
Are waiting in line for their geranium kiss
And you wouldn't know it would happen like this
But who among them really wants just to kiss you?
With your childhood flames on your midnight rug
And your Spanish manners and your mother's drugs
And your cowboy mouth and your curfew plugs
Who among them do you think could resist you?
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?
Oh, the farmers and the businessmen, they all did decide
To show you the dead angels that they used to hide
But why did they pick you to sympathize with their side?
Oh, how could they ever mistake you?
They wished you'd accepted the blame for the farm
But with the sea at your feet and the phony false alarm
And with the child of a hoodlum wrapped up in your arms
How could they ever, ever persuade you?
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?
With your sheet-metal memory of Cannery Row
And your magazine-husband who one day just had to go
And your gentleness now, which you just can't help but show
Who among them do you think would employ you?
Now you stand with your thief, you're on his parole
With your holy medallion which your fingertips fold
And your saint like face and your ghostlike soul
Oh, who among them do you think could destroy you
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?
Bob Dylan
poetic model : Chris
Tradução Livre :
Com os seus lábios de mercúrio em tempos missionários
E os seus olhos espavoridos feito fumaça,
e as suas orações em harmônicas rimas
E a sua cruz prateada como fiel escudo
e o timbre da sua voz imitando sinos
Oh, quem entre eles poderiam melhor lhe proteger ?
deixar seus bolsos bem protegidos finalmente
E as suas visões de bonde que você projeta sobre a grama
enquanto lê ou trafega enquanto retém ou se entrega
E a sua pele feito seda, e o seu rosto vítreo
Quem entre eles poderiam melhor lhe proteger?
Senhorita de olhos tristes das planícies
Onde o profeta de olhos melancólicos diz
que nenhum homem tem o poder de deter o tempo
mover as montanhas e impedir as circunstâncias
Meus olhos de armazém ora secos ora molhados ,
os meus tambores árabes ora em silêncio ora em exaltação
Devo deixa-los em seu portão? ao seu dispor ?
Ou, senhorita de olhos tristes, eu devo lhe esperar?
Com os seus lençóis cintilantes e o seu cinto entre rendas
e o seu baralho desfalcado de valete e ás
e as suas roupas esquecidas no porão
feito vincos em estranhos vínculos em seu rosto vazio.
Quem entre eles poderia ousar despistar você
com a sua silhueta marcante destacada
quando a luz do sol escurece .
Em seus olhos enquanto a luz agoniza e carboniza caustica
lembrando as suas canções vulneráveis
guardadas em caixas de fósforos
e o seus cânticos de cigana profana ou predestinada .
Quem dentro desse leque de possibilidades poderiam impressionar você ?
Senhorita de olhos tristes das planícies
Onde o profeta de olhos melancólicos diz
que nenhum homem tem o poder de deter o tempo
mover as montanhas e impedir as circunstâncias
Meus olhos de armazém ora secos ora molhados ,
os meus tambores árabes ora em silêncio ora em exaltação
Devo deixa-los em seu portão? ao seu dispor ?
Ou, senhorita de olhos tristes, eu devo lhe esperar?

Salve