quarta-feira, 30 de março de 2011

FRIDA

FRIDA
QUERIDA
CÁLIDA NA DOR
GRITANTE NAS CORES
CONTRASTANTES
FRIDA
EXPÕE AS SUAS FERIDAS
NAS TELAS
E SE INFILTRA NOS MUROS DE RIVERA
FRIDA FRICCIONA
A REALIDADE
E IMPÕE A SUA FICÇÃO
E LIBERA A SUA FERA
MESMO AMORDAÇADA
OU ABRAÇADA
MASSACRADA
POR APARELHOS ORTOPÉDICOS
FRIDA MULHER
FRIDA MENINA
DESPEJANDO TINAS E BISNAGAS DE TINTAS
SOBRE SOMBREIROS DO QUE PODE SOBRAR
DE UM MÉXICO
FRIDA E SEU LEXICOR




Carlos Gutierrez



 

SEM NÃO - LÔ BORGES


(Lô Borges e Caetano Veloso)
Eu quero te dar mais do que o coração
Do que as notas e as palavras da canção
Quero delicadamente arrebentar
Toda a lei do mundo e sua lógica

Te dar de presente o que eu não tenho
O que eu não trouxe, de onde eu venho
Te dar um verão no meio de Abril
As águas do rio nas margens do não

Eu quero te dar mais do que mero amor
Quero mais do que quero e quero o que for
Pois se for será mais do que sei querer
Mais do que sabemos dar e receber

Quero te dar mais do que o que vemos
Mais do que o eterno e do que o tempo
A neve que está no topo
Na beira do mar

Quero te dar mais que o infinito azul
Mais do que é mais bonito e tem mais luz
Mais do que é mais do que é muito mais
Mais do que tudo que o Deus dos deuses faz

Quero te ofertar esse momento
Mais do que o meu canto e meu silêncio
Quero me dar e se quiseres me receber
Então o sol vai nascer no chão
O mar bater no céu da tua mão

Eu quero te dar mais do que o coração
Do que as notas e as palavras da canção
Quero delicadamente arrebentar
Toda a lei do mundo e sua lógica
Quero te dar mais que o infinito azul
Mais do que é mais bonito e tem mais luz
Mais do que é mais do que é muito mais
Mais do que tudo que o Deus dos deuses faz

Quero te ofertar esse momento
Mais do que o meu canto e meu silêncio
Quero me dar e se quiseres me receber
Então o sol vai nascer no chão
Querer me dar será querer que você se dê
Sem medo de ser e ter
Sem não.

terça-feira, 29 de março de 2011

Deixa Quieto

Deixa quieto
Um grito sobrevive
e ainda produz tantos ecos
e em algum momento
se abafa e desabafa
na estufa dos seus ouvidos

Deixa quieto
não precisamos falar nada
não precisamos escrever
revelar nossos registros
claros e sinistros
Afinal os outros...não querem saber sobre isso
Só algum de nós irá sobreviver

Deixa quieto
falamos-nos com os olhos
eles tem linguagem e brilho próprios
e fecham-se em muros de silencio
ou abrem-se em pulos de pupilas suicidas

Deixa quieto
deixa que o tempo incerto
determine os nossos ponteiros
e nos surpreenda
numa vida sem roteiros


Deixa quieto
nas areias de nossos desertos
ou nas estrelas de nossos céus repletos




Carlos Gutierrez

Caiu a ficha

Um dia...um belo dia...caí a ficha...
e o olhar se fixa desolado...
estava bem ao meu lado e eu não via
ou não queria ver a ficha...que lixa 
a pele de nossas vaidades
Um dia a ficha caí
a gente se distraí
mas não faz mal eu não fujo
deixa que eu faço o trabalho sujo
que eu limpo o chão do saloom e da latrina
e os aposentos das frenéticas bailarinas
Só não me peçam para limpar e lustrar
as botinas e a estrela do xerfe
e os coldres dos bandidos e trapaçeiros
Jogue um bourbon em minha ferida
encontre um ás de ouro na minha mão trêmula
e na minha carteira a foto linda da minha pequena
assim eu posso me levantar
quem sabe a ficha vá parar no fundo
de uma Junkbox
e que ela junte muitos Folkes
e promova um can-can
on the rocks
Caiu a ficha...a ducha de água fria...
a curvatura da espinha
mas eu não desisto enquanto insisto em viver
Quem sabe eu seja um dia o lutador de rua
e com toda a raiva acumulada 
eu subverta todas as expectativas
e encha o bolso de um bêbado jogador
com punhal punhado de dinheiro




Carlos Gutierrez

Rolling Stones...rolling dreams....rolling


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sexta-feira, 25 de março de 2011

Silvio Caccia Bava: Depois do "Dia de Fúria". - Le Monde Diplomatique Brasil

Silvio Caccia Bava: Depois do "Dia de Fúria". - Le Monde Diplomatique Brasil

Midnight in Paris

O Le Monde não suja as mãos
O Le Monde não é apenas um agente de notícias
O Le Monde é a luz da reflexão
O Le Monde tenta lavar a alma suja do Mundo
O Le Monde é matutino vespertino
fluxo contínuo
qual o cérebro inquieto de Woody



Carlos Gutierrez

Gata em Teto de Zinco Quente

Ela foi Cleopátra
Gata em Teto de Zinco Quente
esposa de alcoolotra
ativista de tantas causas
Ela Elizabeth 
e os seus olhos violetas inigualáveis
o seu eterno glamour

FÉRIAS

FÉRIAS
QUEM DERA
FLANAR
FARREAR
FUGIR
DAS FARPAS
FLERTAR
FLUIR TODA A ALMA
FINGIR MESMO NO FRIGIR
DOS OVOS DOS MIOLOS
QUE TUDO RESPIRA CALMA
FÉRIAS
FRUTÍFERAS
MESMO ENTRE FERAS
SAFARIS
ESFERAS DESCONHECIDAS
MAS QUE FÉRIAS!
TÃO ABORRECIDAS
ENFURECIDAS POR TANTO TÉDIO
FÉRIAS AH QUE REMÉDIO
SER APE NAS O ASSÉDIO
DE VIAGENS CANCELADAS
FÉRIAS FRUSTRADAS
ONDE ESTÃO AS MINHAS MALAS?

LINDA GRAAL: onde não há asfalto

LINDA GRAAL: onde não há asfalto: "dor sempre passacasca que descasca máscara mas cara... pele mascando a vida. revidar com língua pra fora a goma insípida que adorna fundo..."

Uma Luz no fim do túnel

Uma luz no fim do túnel
Eu procuro um trabalho interessante
Eu procuro afinidades
gostos semelhantes
aprender novas habilidades
ser voluntário para derrubar os canhões de Navarone
Tudo está tão escuro
afixiante
dependo tanto de você baby
uma luz no fim do túnel
Eu procuro um poema perfeito
que pudesse radiografar em um texto
todas as oscilações da minha vida
sem eixos
mas eu não me queixo 
às vezes você aparece baby
uma luz no fim do tunel




Carloa Gutierrez

sábado, 19 de março de 2011

NOIR

Procuro
nos ambientes internos
entre as paredes e divisórias
soluções provisórias
para tentar manter a normalidade da vida
cometer apenas pequenos delitos
pular páginas de um livro esquisito
esquecer as legendas
e apenas olhar o rosto bonito da atriz
que acabou de dar um grito
após uma queda
não sei se foi um crime ou suícidio
pulei esse parte
dei um cochilo
pequenos irrisórios delitos
aqueles que nem causam remorsos
como furtar a geladeira
e unir um doce suspiro
com um salgado qualquer...

Procuro nos ambientes externos
nas ruas desertas
onde cintilam poças d'água discretas
da recente chuva
postes complacentes com a exaustão dos meus ombros
onde eu posso escorar osmeus pensamentos
e aliviar o meu cérebro
Gosto desse clima noir
e da ilusão de que todos os gatos são pardos
e todos os telhados acessíveis
Gosto dessae clima
do climax de luar
de testar os olhos dos meus sapatos
de caminhar cegamente em busca de um amor

Carlos Gutierrez

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sexta-feira, 18 de março de 2011

Mais e Melhores Blues

Poematização do filme " Mais e Melhores Blues" de Spike Lee


A vida é  mesmo um eterno garimpo
Buscar os dias dourados
Os momentos que valem ser lembrados:
A primeira audição do Empire Burlesque
os primeiros objetos de desejo
a camisa xadrez azul flanelada de Dylan
a essência do pinho silvestre italiana 
em minha inocente pele
a calça Lee de veludo cotelê grafite
a cigarreira de prata
o isqueiro Zippo brilhante
a lapiseira tcheca Toison Dor
com o seu delicado apontador embutido
a caneta tinteiro Pilot violeta
os papos de esquinas agitadas
o debruçar de sentimentos
sobre as mesas brancas e redondas
da lanchonete "La Gôndola"
o encanto de despojadas garotas
O Junkbox abrigando
baladas românticas
os olhares e esquivas
os focos e equívocos
as tábuas e pontes
a recompensa dos suores
das horas de sono e sonhos perdidos
interceptados por estudos
e leituras de chumbo




A vida é mesmo um garimpo incessante
filtrar passar tantas vezes na peneira e na penúria
os nossos atos para que eles possam de fato
dar-nos sentidos ou mesmo sintomas
e concretizar nossas vontades
Rascunhar passar a limpo
e estar preparado
Sangue frio on the rocks
para que a folha de papel
esteja branca vazia apática
sem nada desolada
para ser rasgada e amassada
e depois jogada num canto ou lata de lixo qualquer
Ainda bem que existe a música
ela tonifica as palavras
e afasta tolos silêncios
tonifica as palavras
até as mais desanimadas
Um blues deve ser assim
um som azul que espalhe o céu:
repleto de estrelas
sobre nossos escuros caminhos
um blues deve ser assim
um som azul que esfria
a fogueira das vaidades
Ninguém foge da melancolia de saber
que um belo dia
seremos pó cinzas e mais nada
e dissolveremos em átomos saramagos
Spike Lee produziu e dirigiu"Os maiores e Melhores Blues"
Denzel Washington interpretou o trompetista Bleek Gillian
o Harlem também ferve em sons
que varam as madrugadas
nas boates sustentadas por brancos
e amarelos de olhos puxados
Os negros estão sobre o palco
é negro também o piano
são negras metade das teclas
e tão dourados os instrumentos de sopro
um amarelo ouro digno de Van Gogh


Bleek perdeu boa parte da sua infância
sofreu implacável e severa materna vigilância
em contraponto com a sua paterna instância
e desde cedo aprendeu que um blues é assim:
Olhar o céu muitas vezes
mesmo num temporal hostil
para encontrar o perfeito azul
Um blues deve ser assim:
sutil como lavar um estimado jeans
esfregando-o sobre pedras dos rios do velho Oeste
enquanto conversa aventuras com Tex
ou num tanque caseiro
ouvindo um velho rádio portátil
nem sempre com as ondas sintonizado
até atingir o perfeito índigo blue


Um negro dentro da noite parece tão azul
quando sobre ele incidem as luzes do palco
O trompetista Bleek
domina os três pistões do seu instrumento
com a arrogância merecida
bem oposto do que ocorre em sua vida sentimental
duas mulheres que dividem o seu coração:
Índigo e Clarke
uma que é conforto outro que é arrebatamento
uma que se faz porto seguro outra um barco inseguro
no meio do mar
com o tempo uma irá vingar
enquanto a outra será fisgada
pelo saxofonista Shadow Handerson
e os dois deixarão de ser sombras
Shadow será lider de uma banda
e Clarke realizará o sonho de ser cantora
Shadow assim como o seu instrumento
dispunha de mais chaves
para lograr os seus intentos




As mulheres...Ah! as mulheres
algumas são românticas
outras oportunistas
mas todas querem segurança
é prório do sexo feminino
Elas gostam mesmo de fortes abraços gorilas
de presentes cartões e laços
e palavras de impacto
pactos de sangue e
promessas na pele


Assim como é inerente ao ser humano
durante o seu tempo incerto de vida
travar brigas sem nexo
por motivos fúteis
e ganâncias insensatas
Brigas conjugais
brigas de banda
brigas de rua
todos esses conflitos demandam muito tato
e diplomacia
como o trato no instrumento
que após algum tempo de uso
e virtuose abuso requer
a limpeza meticulosa de cada peça
o encaixe perfeito de cada componente




As relações humanas enfim são complexas
mesmo aparentando simples remessas
de emoções baratas e promessas feitas às pressas
As relações dos amantes
dos artistas com as plateias
dos amigos que não conseguimos mudar
mesmo com todas as evidências
Bleek sabe muito bem disso
vivenciou e compartilhou as agressões
físicas e psicológicas sofridas pelo seu melhor amigo
o seu melhor amigo chamava-se Giant
era o empresário fracassado da banda
Talvez Giant fôsse um poeta enrustido
tímido para declarar os seus versos
Giant era um jogador compulsivo
daquelas pessoas que desejam a todo custo
satisfazer os apelos da alma e do corpo
daquelas pessoas que querem vivenciar
um amor verdadeiro




Mas a apresentação deve continuar
dentro do clube noturno
e se infiltrar até mesmo nos buracos das ruas
Alguns estão realmente ouvindo as suas músicas
sorvendo os mais e melhores blues
outros não estão nem ouvindo
tão imersos em seus próprios problemas
e comprometedores silencios




Universos paralelos
quem se exibe
dá as caras
dá as cartas
e quem assiste perplexo?
Tudo arde e crepita
nas fogueiras das vaidades
e o dono da boate não é imune
dentro de sua sala covarde
fumando o seu legítimo charuto cubano
desfrutando da sua lareira portátil
sem provocar fumaça
e manchas nas paredes surdas
cada vez mais engorda a sua conta bancária
e se envaidece com o que os seus paraísos fiscais lhe oferecem
enquanto que os músicos imploram algumas migalhas a mais
para as suas essenciais excentricidades




Bleek
quando beija o seu instrumento
revira os seus sentimentos
Bleek
divide as mulheres em notas musicais
e improvisa todo o tempo
aumenta e sofistica o seu repertório
em sua conturbada vida real
Ele sabe que deve ter poucos amigos
fugir dos chupins e bajuladores
e se envolver apenas com sólidos amores
Tem que evitar ou fugir das brigas
das intrigas favores e prováveis extorsões
preservar os seus lábios os seus dedos
a sua embocadura...
Saber que a vida sempre será dura
mas haverá sempre um blues para amortecer


"







 


sexta-feira, 11 de março de 2011

Ataduras

Por favor amor
retire com calma
as ataduras do meu rosto
sem pressa
as compressas nas arestas dos meus olhos
Quero lhe causar a melhor impressão
Você já reparou que eu tenho olhos novos
sem sombras de passado
que os meus cabelos ainda despertam desejos
de doces afagos pelos seus dedos magos
Retire com calma as ataduras
quero sentir os seus dedos
e a polidez das suas unhas
Todas as veladuras e desvelos
das suas mãos cirúrgicas e ciganas
que na verdade foram as reais responsáveis
pela plástica que tornou a minha pele elástica
para demonstrar o quanto a amo 
e posso desafiar todas as leis estáticas
Só você amor sabe
sobre a minha nova identidade 
Só você pode ser a minha verdade
o cigarro no canto da minha boca
o olhar cínico Bogart
que se faz arrogante contra a vida medíocre
e a paixão distante
Em você eu fujo e me encontro
meu subterfúgio
e meu exílio no paraíso
doce interlúdio
que se propaga em seus lados lúdicos
e se aquieta em beijos úmidos
sobre a garoa que escoa
da sua refrescante lembrança
Por favor amor
retire com ternura
as ataduras da minha face
e não disfarce o seu encanto
ou a sua repulsa
só não seja indiferente
espelho ausente
ao meu coração que por você tanto pulsa
e tenta se projetar em meu recente rosto
em meu doce...doce gosto 
de viver um intenso amor


Carlos Gutierrez

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dark Passage (1947) (THE END)

Gorilas Agonias

Dian Fossey era uma mulher de fibra e de coragem
Como um ser assim pode ter um fim tão trágico
perpretado da forma mais covarde
Dian Fossey morreu apunhalada enquanto dormia
e sonhava com melhores dias para os seus amados gorilas
Mas a incompetência e ganância dos poderosos
mais uma vez venceu
Até hoje não se sabe quem foi o assassino
esse vil indivíduo que nem merecia nascer
Dian Fossey era uma mulher de príncipios
ele renunciou tudo em sua vida em favor dos gorilas
esses seres dóceis que parecem com crianças gigantes
Ela abandonou até o seu imenso amor
um fotográfo da NATIONAL GEOGRAPHIC
que por algum tempo teve o privilégio
de conviver com ela e os seus gorilas
Ele os fotografou e percebeu nitidamente
como os gorilas são parecidos com os humanos
no aspecto facial
cada um tem traços particulares que os difere
Nada fere mais a gente e os animais
do que uma fria e cruel emboscada
que nos extirpa o que temos de mais precioso´´
Alguém inescrupuloso contratou amadores rastreadores
esses ratos que fazem qualquer coisa
para conseguirem o imediato
Desejava um gorila bebê e pra conseguit seu intento
tombaram lentos uns quatro gorilas...
e o filme . ..a cruel realidade
parece não ter fim


Carlos Gutierrez

terça-feira, 8 de março de 2011

Sem Sentido

A vida não tem sentido
a vida têm sintomas
Jimmy Janis e Jim
morreram aos 27 anos
Passaram a ingênua e encantadora infância
e a rebelde e fascinante adolescência
em pleno vigor com todos os arrebatamentos
Doces ...doces momentos
A vida não tem sentido
têm sintomas em redomas ou terrenos baldios
A vida não tem sentido
têm sintomas
que podem provocar
carinhos ou hematomas

Jimmy Janis e Jim
aproveitaram
o melhor tempo que nos é reservado
quando todos os nossos sentidos
estão aguçados
quando são agulhas que podem ser encontradas
quando são fagulhas que provocam incêndios

Os sentidos em alerta
para uma vida sem sentido
incerta
repleta de amores 
ou revoltantemente solitária

não olhe prá trás
e se não puder olhar prá frente
olhe apenas o seu presente
e contente-se 
se houver o lampejo
de uma luz
um sintoma incandescente


Carlos Gutierrez



Salve