domingo, 30 de maio de 2010

Como se forma um crítico literário

OPOSTOS

OPOSTOS

UM COPO VAZIO
UM CORPO MACIO
UMA SEDE DE CAMELO
UM TRANSBORDAR DE DESEJO
A PELE PERFUMADA
E O BITTER AMARGO NOS LABIOS
DESESPERADOS E INCAUTOS
QUE POR MUITO TEMPO
ESTAVAM COSTURADOS DE SILENCIOS
OS OLHOS CANSADOS
FRENTE AO LAY OUT RELUZENTE DOS SEUS DENTES
SORRINDO A VIDA
A FERIDA...A FERIDA...
MAIS ABERTA AINDA
COMO ESTANCAR?

Carlos Gutierrez

JimI Hendrix EXPERIENCE

Pequenos Atos Rebeldes

Uma folha escapa do livro
frente e verso
agora se revezam no ar
uma personagem foge da trama
e abandona o seu interlocutor
uma orelha escapa da capa
e desliza na pagina de rosto
As relaçoes sao dificeis
as relaçoes sao complicadas
as relaçoes sao temporarias
mas quando eu lhe vejo acredito na eternidade
como se fosse um romance classico
que seduz qualquer estante
as declaraçoes sao esperadas
as declaraçoes sao inesperadas
exasperam-se em tudo ou nada...


Carlos Gutierrez

Autocensura

Me tentaram
Mensurar as desventuras da loucura que foi
Ou é ou será te amar

Esse eixo que me leva sempre ao desencontro
De retornos tortuosos ao passado
De desejos esquecidos
Ou esquecimentos desejados
De vida.
Que não existiu?
De inexistência vivida, revivida,
Talvez imortal,

Os olhares divididos entre o infortúnio e a glória
Um corpo que redargui sua falta de respostas
E que não sabe
Se fez querer um anseio olvidado

Eu, que me alimento de saudade
Sei. Que ignoro a amplitude desses dias
Que replico, multiplico a expressa verdade
Que aspiro o alvitre
Prosaicamente, o chamar da realidade.


Brunna Duarte


Leia mais: http://temporalatemporal.blogspot.com/search?updated-max=2009-11-18T13%3A14%3A00-02%3A00&max-results=3#ixzz0pR1Fvhkv

Dangerous muse_secret

sábado, 29 de maio de 2010

Bebel Gilberto. So Nice.




Dedicado a minha amiga Barbara Leite
poetiza de maos cheias de versos

PARECE COM VOCE

Ah! esse mar
essa praia clara
esse sol que ilumina
esse despojar que fascina
esse seu jeito poetico de viver
jeito de mulher e de menina
seduzindo palavras e rimas
esse seu levitar
pelas ruas e esquinas
com suas fugas e encontros...Parece...como parece
com voce
que vive a Poesia! em todos os cantos
e arredores


Carlos Gutierrez

Revista Cult » A bossa de Bebel

Revista Cult » A bossa de Bebel

Ruas

As ruas poderiam ser divertidas novamente
sem resquicios de violencia
poderiam ser apenas pervertidas
pela eloquencia de relampagos beijos
e pequenas transgressoes
como chutar latas de lixo
assustar gatos gazeteiros
As ruas poderiam...
congestionadas ou baldias
ficarem impunes a revelia
da noite ou do dia
e serem divertidas
escorregadias
para todas as nossas estrepolias...

Noite Instantanea

A Lua ferve dentro do meu copo de whisky
feito um sonrisal que borbulha triste
e nao consegue pular as paredes finas de cristal
O meu sangue tambem ferve de desejo
quando se lembra do seu doce e dilascerante beijo
que sugou toda a minha verdade
do seu inesquecivel beijo que nao houve...
mas com voce tudo parece acontecer...
posso sentir a sua lingerie violeta
desvendar os meus carinhos!


Carlos Gutierrez



Vivo Poeticamente

Eu vivo poeticamente
ar fresco
mel silvestre
aveia em flocos
leite semi-desnatado
Cereais crocantes
frutas úmidas e secas
flores na varanda
café forte e aromático
um carinho no pêlo de veludo negro na gata
um olhar complacente e alimento para um cão vira lata
um relance no pulo de um grilo
um sonho ainda não dissipado
a sua doce e terna lembrança
uma canção no ar
que invade os ouvidos
e aquece o coração
Uma caminhada
sem forçar os músculos
sem disputar nada
apenas a cumplicidade da calçada
um par de tênis de lona macio
um jeans confortável
uma camiseta folgada
estampada com um poema
que possa ser lido por outras pessoas não apressadas
Eu vivo poeticamente
vivo com o que tenho
e o que retenho do meu passado
quem sabe no futuro você possa estar ao meu lado
de mãos dadas e silencios profundos
que tocam a alma
quem sabe tudo acabe num happy end
daqueles que a gente jamais se arrepende
entende?
eu vivo poeticamente
as vezes fora de casa
dentro do recinto do trabalho
ou numa sala acanhada de um antigo cinema
ou ainda num jardim repleto de borboletas pássaros
insetos vários e bancos de madeira ou cimento frio
às vezes dentro de casa
na solidão de um quarto
na perversão de uma tela
na aventura dentro de um gibi velho
junto com heróis aposentados
e vilões que não causam mais temores
na cama no sono de pedra no sonho onde flutua
um amor verdadeiro...
eu vivo poeticamente
vinho seco para não oxidar os pensamentos
azeite para o deleite dos alimentos
peixe ômega 3 e um longo poema
resgatado de um solitário náufrago...

Carlos Gutierrez

Blood in My Eyes

Woke up this morning, feeling blue,
Seen a good-lookin' girl, can I make love with you?
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you,
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you.
I got blood in my eyes for you, babe,
I don't care what in the world you do.

I went back home, put on my tie,
Gonna get that girl that money that money will buy.
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you,
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you.
I got blood in my eyes for you, babe,
I don't care what in the world you do.

She looked at me, begin to smile,
Said, "Hey, hey, man, can't you wait a little while?"
No, no, babe, I got blood in my eyes for you,
No, no, babe, I got blood in my eyes for you.
Got blood in my eyes for you, babe,
I don't care what in the world you do.

No, no, ma'ma, I can't wait,
You got my money, now you're trying to break this date.
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you,
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you.
I got blood in my eyes for you, babe,
I don't care what in the world you do.

I tell you something, tell you the facts,
You don't want me, give my money back.
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you,
Hey, hey, babe, I got blood in my eyes for you.
I got blood in my eyes for you, babe,
I don't care what in the world you do.


Bob Dylan

Copyright © 1993 Special Rider Music

LIVRO DE CABECEIRA

Renove o meu quarto
Assuste as cortinas
põe Magrittes nas paredes
Surrealize as tintas e os vernizes
das mobílias
Faça calar o bojudo despertador
Decepe os ponteiros do tempo
para eu melhor sentir todos os seus encantos
Inverta a ampulheta
subverta a finíssima areia
Ruborize o abajur lilás
injete sangue em sua lâmpada
Dê voz ao criado mudo
Liberdades às gavetas
ávidas de mostrar os seus segredos
grávidas de pó e medos
Derrube os livros das estantes
Jogue o seu blog
perto do meu travesseiro
faça que ele
seja o meu livro de cabeceira
e renove todos os meus sonhos
e deles todos seja sempre princeza
mesmo nas mais megeras noites
permeadas de pesadelos


Carlos Gutierrez

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ruas sem fim

Então sentamos na poltrona,
olhamos a janela e avistamos as ruas...
as ruas sem fim
que poderiam ser tantas coisas, todas, talvez:
concretas e abstratas
asfalto e fumaça
concreto de predios
barulhos de buzinas e resmungos
A medida que olhamos, e desejamos as alusões do 'ser',
elas vão avassaladoras
crescendo, têm vida própria,
vão se tornando pervertidas,
congestionadas, divertidas, e vão, indo...
deslizando sobre o limbo do tempo
E a cidade já é pequena demais pra elas, elas vão
dilacerando, engolindo, parecem não caber,
o olhar até se perde - as alusões do 'ser'!
Levantamos e caminhamos,
vamos logo gastar os passos nestas
atrevidas ruas!
porque amanhã vou podar as roseiras do meu jardim,
estofar
a poltrona e escancarar ainda mais minha janela,
teremos mais ruas à caminhar.
Ruas sem fim!


Desiree Gomes

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Blush on the temples

Redness
blush at the temples
compensates all the time
which will include a look
you always intense
I see the sparkle in his eyes
and your smile
that alone would cause
but much more
perfume escaping air
the verse that touches
and explore other charm
Redness
blush at the temples
the blood that freezes
and shows the apple of your face
the bite of a desire
the kiss without disguise
Blush ... blush ...
agony in red
and highlights the look that stops
but flows on the heart


Carlos Gutierrez

It seems like yesterday

It seems like yesterday
or tell me
but already spent so many years ...
but the stones still rolling ...
roll ... not like before ...
are instilled with the limbs and blood
ARE opaque, they lost the shine
many States broke up ...
diamond lost its charm ...
but still rolling
Rolling stones
and move the earth
and frighten new steps ...
Rolling stones ...
move the plates
generate tremors
awakening volcanoes and wars
upheavals
tsunamis ....
rolling stones ...
If each stone there is a new hole in the glass
Weather silly that shatters hopes
or a new wall of intolerance
also arise false lights projected
the shadows of greed!
New Prophets
new gods
new pastors
new informers
new political chattering ...
It seems like yesterday
or tell me
the strings of the guitar was electrified
to sound louder protests
the cries of freedom
even if intercepted by an idiot
comparing Dylan
with Judas Iscariot
But Dylan is not just that rebellion
against hypocrisy
he never forgot the noble feelings ...
Tenderness glued the lips
with the harmonica
this metallic bird
where Dylan rescues
the power of love ...
Because love is not just the flavor
a wet kiss of desire
Love and find the flower
in the wilderness of our own solitude


Carlos Gutierrez

Parece que foi ontem...

Parece que foi ontem
nem me contem
mas ja passaram tantos anos...
mas as pedras ainda rolam...
rolam...nao como antes...
estao impregnadas de limbos e sangue
estao opacas,,,perderam o brilho
muitas se esfacelaram...
perderam seu encanto diamante...
mas ainda rolam
Rolam as pedras
e movem a terra
e assustam novos passos...
Rolam as pedras...
movem as placas
geram tremores
despertam vulcoes e guerras
convulsoes sociais
tsunamis....
rolam as pedras...
Se em cada pedra surge um novo buraco na vidraça
do tempo que estilhaça tolas esperanças
ou uma nova muralha de intolerancia
surgem tambem as falsas luzes projetadas
pelas sombras da ganancia!
Novos profetas
novos deuses
novos pastores
novos delatores
novos politicos tagarelas...
Parece que foi ontem
nem me contem
que as cordas do violao se eletrificaram
para soar mais alto os protestos
os gritos de liberdade
mesmo interceptados por um imbecil
que comparou Dylan
com Judas Escariote
Mas Dylan nao e so rebeldia
contra a hipocrisia
ele jamais esqueceu os sentimentos nobres...
A ternura colada nos labios
com a gaita
ssse passaro metalico
onde Dylan resgata
o poder do amor...
Porque o amor nao e apenas o sabor
de um beijo molhado de desejo
Amor e encontrar a flor
no deserto de nossa propria solidao


Carlos Gutierrez

Bob Dylan - Like A Rolling Stone w/Lyrics




Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say, "Beware doll, you're bound to fall"
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring, you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?


Bob Dylan

domingo, 23 de maio de 2010

Passion

The passion is always blind
right!
better that way
covered with darkness
so she does not see
our differences
and does not see obstacles
and blindly follow intrepid
without fear of anything
without using a cane
or guide dog
so it does not deflect
and slips at all hazards
and gropes friends and foes
moans screams in agony
or shut up and silence recogiza
to peace after so much furor
with the light when he discovers
which can also absorb the love
The passion is always blind
tottering
Current Wandering
leaving flow
pedals hesitant
a bicycle delusional
where two wheels
never lean
one over the other
and bet
in rare stones and gravels
Passion is blind
For that reason they always fascinating


Carlos Gutierrez

Artie Shaw




sábado, 22 de maio de 2010

Bandida

Não leve a sério...poesia serve também para transgredir...sair da rotina...vestir a pele de uma personagem...quantas e quantas vezes teatralizamos momentos tétricos!


Bandida
por que você não me tomou
de assalto ainda?
será que eu não valho
a sua investida
Quero lhe entregar tudo:
carteira trocados moedas
documentoss crachás
chaves tolos escudos
até o bandaid da minha ferida
Bandida
de face limpa
cara de pau
encanto de menina
olhar sensual
e voz doce e enfática
face limpa
e olhos declarados
mira o meu coração culpado
mas sem remorsos
de lhe amar tanto
Quero entregar todo o meu ser
até os meus sonhos
que no mundo real ainda
eu não pude converter
Bandida
desejo ser mais um prá sua coleção
daqueles que não esboçaram
nenhuma reação
quando você solapa
rapa tudo!
deixa de calças na mão
sem pena alguma
Bandida
você têm projetos melhores
planos mais ousados
não vai se ocupar
de alguém sem vintém
sem rosto estampado
na coluna social
do influente jornal diário
Bandida
sei dos seus ardis e ciladas
das suas mentiras e intrigas
mas eu como um galo de briga
cego giro tonto
à sua volta
na arena serena da madrugada
Bandida
de olhos e face mascarados
você de certa forma já me furtou
todo o tempo que o meu coração
ficou disparado
atirando para todos os lados
na esperança de receber
a sua recompensa
a prensa nos muros
o susto sobre os meus olhos
o tremor em minhas pernas
o seu domínio que eu tanto quero
Bandida
Gaturna
que prefere as horas noturnas
para agir
só com a lua de testemunha
Larápia
de escapulidas rápidas
espero o seu assédio
o seu veneno o seu remédio
não ser o tédio de um refém


Carlos Gutierrez

Só Você

Só Você
Você
muda o meu dia
só você produz essa alquimia
Só você
transforma em ouro noturno
a pele cinza do meu dia
Você
é o meu bálsamo
a minha aspirina
o sol branco de João Cabral



Você
é a minha vitamina
a minha adrenalina
o meu whisky cowboy
o meu cigarro sem remorsos
o meu café aromático
o doce empurrão dos meus versos
o tilintar da xícara
Você
só você
tem a dose certa
de Pagu e Patrícia
de Paloma Picasso
e Frida Kahlo
Você
até o seu nome e o seu sobrenome
são lindos!
Amo o vermelho
que você espalha em meu quarto
estampado em suas roupas lindas
seus jeans camisetas e acessórios
e aí me dissolvo e embaço em seu espelho!


Carlos Gutierrez



Paixão

A paixão é sempre cega
certo!
melhor assim
coberta de trevas
assim ela não enxerga
as nossas diferenças
e não percebe os obstáculos
e segue cega intrépida
sem medo de nada
sem usar bengala
ou cão guia
assim ela não desvia
e resvala em todos os perigos
e tateia amigos e inimigos
geme grita agoniza
ou se cala e no silencio recogiza
com a paz depois de tanto furor
com a luz quando descobre
que pode também absorver o amor
A paixão é sempre cega
titubeante
corrente errante
que deixa fluir
os pedais hesitantes
de uma bicicleta delirante
onde duas rodas
jamais se encostam
uma sobre a outra
e apostam
em cascalhos e pedras raras
A paixão é cega
e porisso sempre fascinante


Carlos Gutierrez

Dialética

Não faz sentido
brincar meu carrossel
em torno da sua ausência

Tampouco lambuzar de mel
o limão que me traz
com veemência

Não faz sentido
te inundar de pólvora
se não existe fogo

brincar de índio
entrar na roda
perder seu jogo

Não faz sentido
o suor intenso
em dias frios

estender a outra face
aguardando outro abril

a memória
apostólica romana

a dança cigana
entre boleros e ventres

Não faz sentido
chantili e merengue

os poemas amassados
rasgados com fúria

esperar que você seja brando
feito bebida da uva

Não faz sentido
todo este tamanho

as cores lá fora
e eu aqui em preto e branco


Barbara Leite

Shine a Light

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Perto de você

Last One Singing The Blues

I'm Sorry

POEMA

Só o pó
de um poema
sobre uma folha de papel
que escorrega sobre a mesa
e procura novos versos
até mesmo sobre os pés da cadeira
Só o pó
de um poema
que persegue o seu encanto
em cada canto
e se afoga no tinteiro
É só o pó
de um poema
que tenta por todas as letras
e borrões lhe interpretar por inteiro
tintas e manchas que se desmancham
em todos os seus temas
É só o pó
de um poema
que não cabe numa folha apenas
que atravessa a mesa
chacoalha a cadeira
e molha a toalha
e a deixa vermelha
de vinho e versos

Carlos Gutierrez

ESNOBE

Toco-lhe a mão suavemente,
Mostrando o quanto a adoro.
Abro um sorriso amoroso,
Prevendo um "te amo" sonoro.

Sinto um perfume em sua face,
Tomado pelo frescor da manhã.
Duvidosa, vai embora,
Dominada por tolice vã.

Eu a aqueço, ela se afasta,
Arrependida pela recusa louca.
Sonhando, ainda me procura
Com um gosto quente na boca.

Noutro dia, acorda suada.
Saudosa, sussurra meu nome.
Ás pressas, clama por mim,
E confessa o calor que a consome.

Ao ver-me, abraça com força,
Não perdendo tempo em me amar.
Satisfeita, segura meu corpo,
Prometendo jamais me deixar.

Zenilton Silva Junior

http://www.zeniltonsilvajunior.blogspot.com

Machuca

Machuca...machuca...
um pensamento machuca a minha cuca
e instigante cutuca muitas divagações
Machuca e não sara
se espalha na palha dos meus frágeis sentimentos
O meu coração é um celeiro propício
a todos os incêndios
O fogo me arde me queima
e teima em minha pele covarde
Machuca...machuca...
enquanto chamusca e busca
em meio às labaredas intensas
numa verdadeira fogueira de bruxas
soluções exdrúxulas para escapar
e espera uma chuva de cubos de gelo
o espatifar de um iceberg
então se ergue uma cortina de fumaça
que trapaça e ultrapassa a paisagem
branca e cega do nevoeiro
que é o seu corpo inteiro
ignorando os meus restos
Machuca...machuca...
quando se busca e se ofusca
o que parecia ser luz...luminosidade
Machuca...machuca...
qual uma longa tatuagem
que repele a pele e expele repúdio
Machuca...fatal como um tiro na nuca...
mão xucra



Carlos Gutierrez

Salve