segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

FORT APACHE

Wanted because I wanted a Fort Apache
entitled to all components
Indian military weapons animals
of all patents and feathered headdresses
guns guns guns
bows and arrows, blowguns and clubs
Nothing escapes the perfect toy
Wanted because I wanted
and was not a single day
in default of any time and threats
enter the department store
and wanton lust with the child
wooden structure
perfectly painted
along with the horses intrepid
White men and pale-faces
and wild red and beardless
Wanted because I wanted
and with each passing day
fought with himself
an internal battle
were in the cave of dreams
or at the bottom of the Wishing Well
Trying to understand and assimilate
victory and defeat
and this loneliness
the achievement and frustration
Wanted because I wanted the Fort Apache
the attractive packaging of cardboard
that combined fit enemies
and tamed animals
and joined the daring and dastardly beings
martyrs and deserters
Wanted because I wanted
transfer the Fort Apache
department store to your room
in its territory and to dominate both sides
at their leisure
nu or uniformed


One day wear the blue uniform
filled with gold buttons
another day almost naked
exalt the sky
with their screams
imitating lone wolves

Wanted because I wanted the Fort Apache
and it protected
attend without missing any scene
no dialogue
the films of Woody Allen



Carlos Gutierrez

A Perda

E o corpo padece no toque, pálido.
Coberto por rubro veludo por pena tecido.
Dura pena, caída sobre meus ombros durante a ausência.
Os perdidos, por nós, partidos.

Sugados somos,
No incessante abismo da garganta,
Onde trememos à ventania das dores.

Recordamos da indiferença de olhares,
E nos achamos estagnados,
Já constante.

Mente.
Assombrosa.
A mim deixo todos deixarem,
E pelos que partem,
Assombrada.

E velando o corpo das falecidas companhias
Não há consolo que me acalme,
Até que a hemorragia se estabilize,
Em minha erma alma.

Mariah Boratto;

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FORTE APACHE


Queria porque queria um Forte Apache
com direito a todos os componentes
armas animais índios militares
de todas as patentes penas e cocares
fuzis canhões pistolas
arcos e flechas zarabatanas e tacapes
Nada que se escape do brinquedo perfeito
Queria porque queria 
e não ficava um dia sequer
à revelia de qualquer tempo e ameaças 
entrar na loja de departamentos
e cobiçar com a infantil devassa
a estrutura de madeira 
perfeitamente pintada
junto com os cavalos intrépidos
e homens brancos caras-pálidas
e vermelhos selvagens  e imberbes
Queria porque queria 
e a cada dia que passava
travava consigo mesmo
uma batalha interna
fôsse na caverna dos sonhos
ou no fundo do poço dos desejos
Tentava entender e assimilar
a vitória e a derrota
o presente e a solidão
a conquista e a frustração
Queria porque queria o Forte Apache
a embalagem atraente de papelão resistente
que juntava encaixava inimigos
e domava animais
e juntava os seres audazes e covardes
mártires e desertores
Queria porque queria
transferir o Forte Apache
da loja de departamentos para o seu quarto
e em seu território poder dominar os dois lados
ao seu bel prazer
nu ou fardado
Um dia vestiria a farda azul 
cheia de botões dourados
outro dia quase desnudado
exaltaria o céu
com seus gritos
imitando lobos solitários
Queria porque queria o Forte Apache
e nele protegido
assistir sem perder nenhuma cena
nenhum diálogo
os filmes de Woody Allen




Carlos Gutierrez

Loucuras de Verão

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Arquivo Morto

Papéis alfarrábios documentos antigos
pretensos sábios
vestígios de ratos morcegos e vampiros
Gemidos fracos abafados suspiros
de personagens esquecidas
varridas escondidas
em cúmplices tapetes
adormecidas
em longos estados de coma
em velhas teias de aranhas
ou insólitas redomas
ovos de novas traças medonhas
selvagens imagens de papéis diversos
de várias texturas
de prosas e versos


Carlos Gutierrez

CONTRACULTURA

Bob
Deixo Minnesota
e entro nos bares de Greenwich Village
Atravesso a ponte da inocência
e experimento o meu lado selvagem
Sentindo as rajadas de ventos
de todos os lados
Resisto ao tempo da forma mais indignada
Masco balas e confeitos
e ricocheteio em meu peito
balas de aço de verdade
perfurantes
como dizia Dickens contemporâneo
Anos 60
idade da razão e da insensatez
vazão e invasão de sentimentos
Era luz era treva
mas o que diferenciava de outras décadas
era o desejo sempre flamejante
de desfrutar primaveras de esperanças
sem pragas e Praga
e invernos de desesperos....


Carlos Gutierrez

Calor

CALOR
CALOR INSUPORTÁVEL
CANSAÇO
ASSO
FERVO
A MINHA PELE
OS MEUS NERVOS
FRITO
OS MEUS OSSOS
DELIRO
NA EBULIÇÃO DOS SENTIDOS
SERIA MELHOR A NEVE
DA SUA INDIFERENÇA
OS CUBOS DE GELO
DE UM PORRE HOMÉRICO
O ICEBERG APUNHALANDO
A SANGUE FRIO
O TITANIC


Carlos Gutierrez

CIRCUS

lona de encantos
ensaios e improvisos
a vida por um fio


sustos da plateia
domadores e feras
prantos de palhaços 


voo de malabares
espadas na garganta
pipocas ao chão


magia da cartola
derradeiro coelho
pombo-correio 
 
 
Fascinio do circo
sutis equilibristas
doces ilusões


Carlos Gutierrez

sábado, 12 de fevereiro de 2011

One More Cup of Coffee

Tradução livre de uma canção de Bob Dylan


Uma xícara de porcelana
sobre um pires compreenssivo
aguarda o jorro
do precioso líquido
- ouro negro e tão aromático -
Um café expresso
espêsso encorpado sintomático
ca paz de despertar todos os sentidos


Hoje eu quero pass ar a noite inteira sem dormir
em claro sob a luz tranquila do chapéu da sua lembrança
de vígilia voluntária
O meu corpo está bem descansado
Quero inverter e subverter
o tempo e natureza
pela fuga do cotidiano...


Eu quero ser o sonho dos meus sonhos
que encontre as chaves dos encantos
e afronte o que antes era labirinto
ou um irritante cubo mágico

Hoje eu quero ser o espantalho dos pesadelos
furar com os meus olhos de fogo
os travesseiros e liberar
os flocos de espuma abafados
Quero lhe abraçar com os meus dedos
de unhas riscantes
supunhas arames farpados
e cercar todos os seus lados...


e rasgar a seda dos meus desejos concentrados
e lhe oferecer uma xícara de café
sem derranar uma gota sequer cafeína
rubiácea sobre o refil da sua pele
que se prepara para receber
tudo que eu posso ser
no moer e remoer
do meu ainda viver... 


Me destila e sinta prazer
como as papilas da minha língua
sentem ao lhe ver

Hoje eu quero ver o seu lindo rosto refletido
no fundo de uma xícara de porcelana
na borra do café que forma a figura de um destino

Carlos Gutierrez

Labaredas

..E as labaredas dançam na lareira
na inquietude da fornalha da minha alma
Enquanto o vento lá fora, assopra:
Acalma alma, que é só um sonho...acalma!...)


Keila Lorrainy

HAICAIS

Um haicai não saí
quando a gente deseja
caí fluí goteja


recortes de seda
linha megera de cerol
sonhos frustrados 


pombo no beiral
pipa estrangulada
ave assustada


paredes mudas
amortecendo gritos
marcas de silencio 


cortinas leves
ambientes pesados
bocejo das horas

Ópera

Ele sacrificou um grande amor
para compor
casnções e caminhos
poderia passar momentos maravilhosos
no colo da linda garota
sentir os seus dedos
as suas unhas perfeitas
o esmalte vermelho sedutor
passando sobre o emaranhado
dos seus cabelos
e rebeldes pensamentos
mas evitou
talvez temesse a dor de uma desilusão
e vivenciou tudo isto
dentro de uma canção...


Ele sacrificou uma fácil melodia
de poucos acordes
e previsíveis harmonias
ele quis porque queria
prevalecer toda a tirania da letra
intensa com tanto fôlego
que provoca a mais potente garganta
a voz mais eloquente
como se fôsse uma ópera...


Ele sacrificou um grand e amor
para compor canções e caminhos
quis conhecer a si mesmo primeiro
antes de se entregar
de alma e corpo inteiro
a quem talvez não merecesse a sua sensibilidade
Ele procurou uma taberna
uma caverna de pedra
uma jarra inesgotável de vinho e químeras
quando a inspiração se apodera
tudo é possível
passível de invejas
até uma cigarra se agarra ao som
de uma ópera....


Ele sacrificou um grande amor
pensou que a juventude fôsse eterna
que sempre haveria tempo
de realizar os seus sonhos
que jamais foram dormir
de tédio e espera
na plateia
de uma ópera....
 

Salve