sexta-feira, 2 de maio de 2008

Copo de Vidro

Este poema é bem antigo, foi escrito num guardanapo de papel; tive raros porres em minha vida, bebidas alcóolicas não me atraem, gosto mesmo é de café.


desenho de Sara Mello
Sangria 2

Num copo de vidro


lançei um olhar


Olhar tão profundo


eu lançei sem imaginar


que em poucos instantes


o líquido tão excitante


fôsse me dominar


me embriagar.








Na mesa afastada


bebi o amargo do passado


a angústia do presente


e o temor do futuro.








No bar tão escuro


saudades e lágrimas


se misturam


no coquetel da desilusão.








E sem consciência,


sem direção


bebi sem parar


na sêde de encontrar


um motivo,um sonho,


um alguém para amar.








O bar vai fechar


sou o último a sair


na mesa um sonho, um pedaço, um resto de mim


e um copo de vidro vazio e tristonho


que assiste com frieza o meu quase fim.








Caí em mim mesmo


na sarjeta da vida,


no delírio de uma paixão tolhida.


No porre mais uma fuga,


mais uma adiada despedida.

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei muito do poema, vc tem algo publicado em livro?

Salve