quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Flashes

Os zumbidos nos ouvidos
de um caso mal resolvido
e lamentos frequentes
O ranger insistente de portas
de idas voltas e revoltas
o trinco conivente
de diferentes dedos e medos
a fechadura que devassa
móveis segredos
e faz trapaças
com as nossas apressadas visões
Um caramelo sincero de açúcar
-generosa dose de glicose -
em sua boca amarga
de overdose de cólera
amarga como uma bituca
velha de cigarro
espremida entre a guia
e o meio calvo pneu
de um carro obsoleto
o cheiro acre
do massacre dos ares condenados
por resmungos e vírus propagáveis
e incontroláveis
o Sol refletido e abatido
em seus óculos escuros e exaltados
que pulam e desvendam os meus muros
e rompem os meus lacres
um olhar que desnuda
os meus camuflados desejos
a pedra de gelo
que sufoca e apaga
o incêndio concentrado
o verso vândalo
que desmorona um poema todo
um esqueleto de guarda-chuva
retorcido numa tempestade absurda
desprezado n'um canto de uma rua escura
de pernas metálicas para cima
com a chuva encolhida
em sua negra anágua impermeável
a lanterna acesa e desorientada
que o guarda noturno esqueceu
depois de uma sorrateira escapada
o alarme intermitente
de um caixa eletrônico violado...


Carlos Gutierrez

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Salve