quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Insôsso

A maionese não tem gosto de nada
o ketchup não tem gosto de nada
o pão é puro bromato
o queijo não se estica pelas bordas
o suco de laranja é apenas ácido
tudo lembra papel e plástico
e todo o tempo é descartável
nem um guardanapo com um poema apressado
pode ser guardado na lembrança
tudo se resseca antes de chegar aos lábio
antes de entrar na boca
e atiçar a garganta prá declarar
algo...salgo as batatas fritas...
mesmo assim parecem enjoativos suspiros
que raspam os lábios emotivos
o refrigerante não tem gosto de nada
sem gás não borbulha
e nem se orgulha de um arroto discreto
a lanchonete está vazia...
a mesa está fria
o mármore gelado
os olhos machucados
por imagens
fugas recentes
a camisa se encontra displicente
aberta como se quizesse mostrar
tudo que ainda é latente
e se esconde dentro do coração
o copo está vazio
a garçonete já encerrou o seu expediente
e o dono da lanchonete
quase se esqueceu
que eu ainda ouvia
a música da ultima ficha...


Carlos Gutierrez

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Salve