sábado, 8 de agosto de 2009

Metrópole - Amo a ti em outras faces


Na metrópole,


contar passos e compassos


salto alto em equilibrio no beco escuro


esperar o enlace na cintura,


pisar no impisável.


A ausência tem efeito contrário


não dorme, olha da janela os ventos altos mastigando silêncios


costura rajadas de lembranças ao delírio de quem conta carneiros


Trânsito com contagem regressiva lastimando um alfabeto esquecido


contudo, organizado ao som de tamancos e badalos vorazes


estopim marcando a letra da construção


luzes de automóveis riscam a paisagem e buzinas em repouso


Na varanda um tilintar total que seduz,


um jazz que não é mudez


apresentada com açúcar e morangos a face descoberta


ao anoitecer


recua da trama passional tomando a cidade as duas mãos


contrafluxo.


Cortinas fechadas, o assobio cantarola:


amo a ti em tantas outras faces!


mais do que Will Eisner imaginasse




Desirée Gomes

http://figurasemlinguagem.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Salve