quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Charleston

Posso entrar amigo Franz Kafka?
Vim lhe fazer um convite!
Largue um pouco os seus escritos, os seus livros lidos, relidos ou interrompidos
Vamos passear, você precisa espairecer um pouco e esquecer os seus conflitos internos e externos
Vamos ao clube noturno!
Está muito frio aqui em Praga
e dentro do clube noturno há o calor que necessitamos
para descongelar nossos frágeis corpos
e nossas vulneráveis almas.
Vamos! não hesite!
Você precisa conhecer a nova dança que está tornando-se uma febre
É o charleston, cujos movimentos rápidos e esfuziantes competem com a mais rápida das lebres
O seu ritmo contagia! é uma verdadeira magia que envolve e ludibria todos os presentes!
Convenci! vamos! não temos nada mais a perder
porisso somos perigosos aos olhos daqueles que só sabem vencer
e, hipócritas ao extremo,que consideram apenas os donos do poder.
Viu! não lhe falei como é fascinante!
E Franz respondeu: você tinha toda a razão!
Olha só aquela moça! de lábios vermelhos como frescas cerejas,
de cabelo negro cortado em perfeito chanel
Ela é linda! nem precisa falar!
seus olhos dizem tudo que um homem carente de amor quer ouvir
E eu lhe respondi: Essa moça que você aponta ela realmente nem precisaria falar,
Ela é para a dança como Teda Bara é para um película do cinema mudo
Sua presença por si só diz tudo
mas amigo ela fala e como fala bem fundo à alma de quem lhe pede guarida
Ela se chama Ana e também Cristina
às sextas e sábados empresta o seu charme e fulgor ao clube noturno
e aos domingos vai aos recitais de poesias e externa, em viva voz, o seu eu profundo!
Pena que a noite acabou, o clube noturno fechou
e nós, dois cães vadios, voltamos às velhas ruas.

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Salve