sábado, 26 de janeiro de 2008

Discoteca Packard

mais um escorregão em Santiago do Chile


Quando eu passo pelo cruzamento da Suécia e Providência
o meu coração rejuvenesce
e, quando eu olho para a réplica do Packard,
explodindo da marquise
o meu corpo todo se estremece
em gestos puros de emoção.

Trata-se de um pub dançante
dividido entre ambientes
rosas chocantes
que estabelecem os contrastes
ternamente conflitantes.

As mesas repletas
de copos, garrafas, cinzeiros,
guardanapos e delicados porta-fósforos
para incediar momentos lisonjeiros.

Mimosas garçonetes
se integram ao ritmo extasiante
e mantém o clima.

Acima da pista
sobre os anjos rebeldes
há outras mesas
outros planos
outras musas para traduzir.

A Discoteca Packard tem a magia
de restabelecer a juventude
e estimular a desenvoltura
de todos os membros e sentidos.

Hoje eu presto muita atenção
no som emitido pelos pratos da bateria
eles são os verdadeiros guias
do ritmo alucinante
que ora nos contagia.

Nas paredes rosas iluminadas
há um opaco retrato em branco e preto
de um sólido Packard
tão sólido como o passado
que se desmancha no instante presente.

Eu mesmo jamais me esqueço
que um, vários dias foram diferentes:
duros, ásperos e delinqüentes.

Agora eu posso e rejuvenesço
Pobre daquele que cedo envelhece
e não obedece os desígnios do coração
e o encanto dos sentimentos em profusão.

Sutis pigmentos rosas florescem do teto
da Discoteca Packard
Pequenas transgressões ocorrem dentro dos banheiros.
Tudo é válido
deixo girar
como os ouvidos giram quando ouvem Chet Backer
e o seu sentimental trompete.

Hoje eu sou o centro
e amanhã...quem sabe possa ser
o alvo de um doce tormento.
















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Salve