segunda-feira, 21 de junho de 2010

Morte de Massao Ohno

Jorge da Cunha Lima - Em busca da ignorância perdida
13/06/2010 - 19:48
MORTE DE MASSAO OHNO

Não havia grito ou poesia solta no ar, que Massao Ohno não transformasse em livro.

Foi o editor bissexto mais regular nas décadas de sessenta, setenta, e oitenta e, mesmo, até o fim da vida.

Todo poeta é tímido diante da hipótese de editar suas poesias. As editoras, geralmente, não estão interessadas em poetas, cujos livros vendem pouco. Um poeta, pode ser excelente na escrita, mas geralmente é um neófito na produção de um livro.

Massao era um mestre. Tinha um gosto extraordinário. Todos os seus livros eram bonitos, bem ilustrados e bem paginados.

Todo o grupo de vanguarda da poesia paulista passou por ele: Hilda Hilst, Roberto Piva e Jorge Mautner. Todo o grupo da Feira de Poesia passou por ele: Eu, Claudio Willer, De Franceschi, Eduardo Giannetti e muitos outros.

Massao acolhia os mecenas da jovem poesia, como Rosita Kempf e Orides Fontela, lembra o crítico David Arrigucci Jr. Massao não perdia os comícios poéticos da Livraria Brasiliense, que reunia dezenas de poetas, e nos quais se liam poemas revolucionários de Neruda, Lorca e Drumond, nas barbas dos agentes do DOPS que afirmavam não ver perigo naquelas frescuras. Depois, inspirou a Feira de Poesia No Municipal, festim poético que reuniu milhares de pessoas, inclusive poetas de outros estados, principalmente os que despontavam no cenário político de Copacabana.

Lembro-me quando Massao coproduziu o Bandido da luz Vermelha do Sgarnzela. Ao fim das filmagens íamos todos, no Landau do bandido, tomar umas no Pari bar.

Massao era de uma violência apaixonada no amor, mas tranqüilo como uma ioga quando levantava seu copinho de cachaça, da mesa à boca. Foi fiel e esse gesto durante toda a vida.
Autor: Jorge da Cunha Lima -

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